Revista Exame

Conceito do que é "promissor" mudou: para as startups, o lucro será fundamental

Num mundo com dinheiro mais caro, startups capazes de gerar lucro desde o início conseguirão vencer o “inverno das startups”

Mariana Dias, da Gupy, que captou 500 milhões de reais no início de 2022: os aportes seguirão em 2023, mas a lógica dos investidores mudou (Leandro Fonseca/Exame)

Mariana Dias, da Gupy, que captou 500 milhões de reais no início de 2022: os aportes seguirão em 2023, mas a lógica dos investidores mudou (Leandro Fonseca/Exame)

O ano de 2022 começou bastante promissor para o investimento em startups brasileiras. Em janeiro, um cheque de 500 milhões de reais colocou a Gupy no posto de maior destinatária de recursos entre os negócios de tecnologia para recursos humanos do Brasil. O recorde foi quebrado no mês seguinte pela Sólides, desenvolvedora de softwares de gestão para o RH que levantou 530 milhões de reais. Entre uma coisa e outra, o banco digital Neon captou 1,6 bilhão de reais e virou mais um unicórnio brasileiro. 

De lá para cá, a maré virou. A escalada de juros pelo mundo, numa tentativa dos bancos centrais de conter a inflação, encareceu o dinheiro e afugentou investidores de venture capital. Os aportes e o valor de mercado das empresas de tecnologia ficaram menores; as exigências dos fundos, maiores. O mau humor ganhou até nome: “inverno das startups”. Em 2023, as coisas devem seguir andando de lado. A inflação persistente nos Estados Unidos deve forçar o Fed a manter o maior aperto monetário em 30 anos, com juros ao redor de 4%. 

Dito isso, startups promissoras seguirão no radar dos investidores em 2023. O racional por trás do que é considerado “promissor”, contudo, mudou. A estratégia de conquistar o máximo de clientes possível e sair na frente de concorrentes — o chamado blitzscaling — ficou para trás. Agora os olhos estão sobre as startups capazes de fazer caixa. O bottom line, jargão dos investidores para lucro, nunca foi tão importante.


(Publicidade/Exame)

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