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Os novos xeques

A lista de compras dos ricaços russos inclui iates, jatos, jóias, mansões e até o Corinthians

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Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2011 às 19h02.

No mercado de bens de luxo, os xeques árabes reinavam absolutos como protagonistas das maiores extravagâncias financeiras. Agora eles dividem a cena com outro grupo, que também é impulsionado pelo dinheiro do petróleo e demonstra o mesmo apetite para compras excêntricas. São os bilionários russos. Nos últimos meses, os russos passaram a comprar de tudo -- sem se importar com o preço da mercadoria. É uma lista extensa de aquisições que inclui iates de mais de 100 pés, diamantes, jatos, mansões e até um time de futebol cá do Brasil, o Corinthians.

O bilionário de maior visibilidade é Roman Abramovich, patrimônio de 12,5 bilhões de dólares. Além do time de futebol inglês Chelsea, Abramovich tem se revelado um consumidor insaciável. Nos céus, ele dispõe de uma frota particular de dois aviões Boeing 737-600. No mar, são três iates: o Pelorus, de 433 pés, o Le Grand Bleu, de 384 pés, e o Ecstasy, de 328 pés, cada um na casa dos 100 milhões de dólares. Em terra, são oito mansões (em países como Alemanha, Inglaterra, Rússia e França).

De acordo com o ranking de homens mais ricos do mundo, existem 25 bilionários na Rússia, o que torna o país o terceiro com mais representantes na lista. Abramovich é o mais desinibido entre seus pares, mas não é o único a abrir a carteira. Boris Berezovski, o pioneiro entre os magnatas russos, vai injetar 45 milhões de dólares no Corinthians. Viktor Vekselberg, fortuna de 3,3 bilhões, tem uma paixão incontrolável pelos ovos imperiais Faberge -- jóia dos tempos da Rússia czarista conhecida por seu alto valor. Vekselberg já tem 18 peças na coleção, no valor total de 120 milhões de dólares. Leonard Blavatnik comprou uma mansão, na verdade um palácio, de 75 milhões de dólares em Londres.

Outro, Senator Vavilov, acaba de presentear a mulher com três diamantes, num total de 100 milhões de dólares. Tratar bem mulheres e namoradas é um traço comum dos bilionários russos. Recentemente, a governadora de São Petersburgo promoveu uma festa na cidade, exatamente no mesmo palácio em que Catarina, a Grande, organizava os bailes da monarquia. Os bilionários chegaram em seus jatinhos particulares, cercados de segurança e pompa. Mas o que mais chamou a atenção foi a entrada das mulheres e namoradas na pista de dança do palácio. Ostentando jóias caras, vestidos de grife e um bronzeado da Riviera Francesa, elas roubaram a cena.


Mas, como nada é perfeito, a vida de bilionário russo não é feita só de compras espetaculares e festas de arromba. Há de se ter também uma ótima relação com o Estado (leia-se com o presidente Vladimir Putin). O ex-espião da KGB já bateu de frente com pelo menos três bilionários. O caso mais famoso é o de Mikhail Khodorkhovsky, preso há mais de um ano por fraude e evasão de divisas.

O bilionário é o acionista majoritário da Yukos, companhia de petróleo que foi condenada pelas cortes russas a quitar uma dívida de 3,4 bilhões de dólares referente a impostos não pagos no ano 2000. Ainda que não seja um santo, o maior pecado de Khodorkhovsky foi de outra natureza. Seus problemas começaram quando ele passou a financiar partidos de oposição a Putin e demonstrou interesse em abraçar uma carreira política. Há outros casos de perseguição. O corintiano Berezovsky teve de se mudar para Londres depois de uma discreta "pressão" do Kremlin, e Platon Lebedev, também da Yukos, ainda está atrás das grades.

A principal estratégia para evitar algum revés nos negócios é escolher entre duas opções. Manter uma postura visivelmente pró-Putin ou manter uma postura isenta, totalmente distante da política. Aliado a isso, a maioria já pôs em prática um plano B. Muitos vêm diversificando os negócios (de preferência, adquirindo companhias no exterior).

Além de Abramovich, outros magnatas começaram um movimento de compras em outros países. Vladimir Potanin, patrimônio de 5 bilhões, está em negociações para comprar outro time inglês, o Arsenal. Outro, Nikolai Smolenski, candidato a entrar no seleto clube, acaba de adquirir uma empresa britânica de carros. Na Rússia, ser bilionário não basta. Tem de ser amigo do czar.
 

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