Soren Toft, da Maersk: O livre-comércio traz prosperidade
Para o chefe global de operações da transportadora marítima dinamarquesa Maersk, o mundo e o Brasil precisam de mais tratados internacionais
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Toft, da Maersk: o Brasil se beneficia da disputa Estados Unidos-China (Maersk/Divulgação)
Publicado em 20 de dezembro de 2018, 05h24.
Última atualização em 20 de dezembro de 2018, 05h24.
Em tempos de ferrenha disputa comercial entre os Estados Unidos e a China, o executivo dinamarquês Soren Toft, diretor global de operações da Maersk, maior transportadora marítima do mundo, vê o Brasil se beneficiando da briga e defende que o país se concentre em fechar novos tratados de livre-comércio em vez de ficar rediscutindo o Mercosul, um acordo que vem “funcionando bem”. Em novembro de 2017, a Maersk comprou a alemã Hamburg Süd, que é a maior do setor no Brasil. Em visita ao país, Toft concedeu a seguinte entrevista a EXAME.
Faz um ano que a Maersk comprou a alemã Hamburg Süd. Como vai a integração das duas empresas?
Extremamente bem. Em 2018, o único contratempo foi o preço do combustível, que subiu por causa do petróleo. Mas criamos uma empresa lucrativa, de clientes fiéis, que dizem que as duas companhias têm conseguido manter sua identidade, o que era um grande objetivo desde o início.
De que maneira uma empresa global de transportes vê a atual disputa comercial entre Estados Unidos e China?
Somos apoiadores do comércio livre e justo, que leva à prosperidade, tira os países da pobreza e dá às empresas acesso a consumidores em outras partes do mundo. Estamos acompanhando as negociações de perto e esperamos que haja entendimento.
O Brasil ganha ou perde com essa briga?
Como operadores globais, observamos claramente que o que é ruim comercialmente em uma parte do mundo é bom em outra. As exportações de commodities do Brasil estão disparando nos últimos meses. As vendas de algodão, café, soja, papel e madeira têm crescido bastante. Não à toa, o maior fornecedor de vários desses produtos para a China eram os Estados Unidos.
O Brasil tem de torcer, então, para a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China continuar?
O que o Brasil tem de fazer é investir em infraestrutura para facilitar o escoamento de sua produção. Durante a greve dos caminhoneiros, as exportações chegaram a cair 6% na comparação anual, e a China passou a procurar fornecedores em outros países. Mas os chineses acabaram voltando, porque a qualidade dos produtos brasileiros é muito boa.
E como as importações brasileiras têm se comportado?
As importações cresceram 19% no primeiro trimestre e 10% no segundo. Mas, no terceiro trimestre, por causa da tensão política, o comércio parou. Os clientes diziam que esperariam para ver quem mandaria no país no ano que vem. Acreditamos que o fluxo deverá melhorar no primeiro trimestre de 2019.
Quais são as formas de impulsionar o comércio livre e justo no mundo neste momento?
Por meio de mais acordos bilaterais. Nos países que fazem tratados de livre-comércio, o crescimento e a prosperidade acabam sendo alcançados. Esses tratados seriam especialmente importantes para o Brasil.
Existe a expectativa de que o Brasil avance nesse campo nos próximos anos?
O novo ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Mercosul não é prioridade, mas não que não seja importante. E acredito que essa é a maneira correta de encarar o tema. Em vez de focar algo que está funcionando bem há tanto tempo, o Brasil deveria tentar fechar mais acordos. O Brasil está negociando tratados com a Europa há 20 anos, e com os Estados Unidos há dez anos. Passou da hora de fechar os acordos.
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