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Sete Perguntas | O caixa eletrônico reinventado

Para o presidente de uma das maiores redes de máquinas de saque de dinheiro, haverá uma integração maior entre os meios de pagamento físico e digital

Jaques Rosenzvaig: “O papel-moeda não vai deixar de circular tão cedo” (Rogerio Albuquerque/Exame)

Jaques Rosenzvaig: “O papel-moeda não vai deixar de circular tão cedo” (Rogerio Albuquerque/Exame)

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Filipe Serrano

Publicado em 15 de agosto de 2019 às 05h00.

Última atualização em 15 de agosto de 2019 às 14h48.

Em seus 37 anos de história, a dona da rede Banco24Horas, a empresa brasileira TecBan, consolidou-se como uma das maiores operadoras de caixas eletrônicos independentes do mundo, com 23.000 terminais. À frente da companhia desde 2006 está o executivo Jaques Rosenzvaig. Ele hoje enfrenta o desafio de adaptar a operação a um contexto em que as pessoas usam meios de pagamentos eletrônicos.

Numa rara entrevista, Rosenzvaig falou a EXAME sobre investimentos e o futuro dos caixas automáticos. Mas avisa: quem aposta no fim do papel-moeda pode se dar mal. “O cliente é quem escolherá como quer utilizar seu dinheiro”, diz ele, que se tornou o primeiro latino-americano nomeado para o conselho da ATMIA, a associação mundial do setor.

Há uma crescente digitalização dos meios de pagamento no Brasil e no mundo. Qual tem sido o impacto para a TecBan?

A rede Banco24Horas tem mais de 23.000 caixas eletrônicos no Brasil e atende mais de 135 milhões de pessoas. Essa capilaridade nos permite operar como integradora dos ambientes físico e digital para as instituições financeiras. Nós acreditamos numa interação cada vez maior entre esses dois ambientes.

De que maneira essa integração tem sido realizada?

Neste ano lançamos um sistema interbancário construído em blockchain. O serviço possibilita às instituições financeiras informar a disponibilidade e a necessidade diárias de dinheiro. A solução garante segurança e gera economia de 10% a 15% ao sistema bancário. A TecBan também desenvolveu um caixa eletrônico reciclador de cédulas, que permite utilizar as notas depositadas para realizar saques, otimizando a logística do dinheiro. E lançamos o saque digital com QR Code, que oferece a possibilidade de fazer saque pelo celular e retirar no caixa. A pessoa que vai sacar não precisa ter conta em banco.

Os investimentos da empresa têm aumentado?

Investimos 2,2 bilhões de reais nos últimos cinco anos para expandir os atuais negócios e criar novos produtos e serviços. Em 2019, serão investidos mais de 350 milhões de reais. Nos últimos dez anos mantivemos o investimento médio de 17% da receita, demonstrando o foco em oportunidades e a crença no país.

O senhor espera crescimento para 2019?

Prevemos um crescimento de cerca de 20% na receita bruta, como resultado da busca de eficiência e do aumento de transações.

Há interesse em entrar no setor de meios de pagamento?

Nosso objetivo é ser a plataforma de conexão entre os bancos e as empresas de meios de pagamento.

O fechamento de agências bancárias prejudica a TecBan?

No mundo todo, as agências bancárias estão se remodelando. O mais importante é reforçar que os canais se complementam. Não faz sentido discutir se o mundo será cardless [sem cartão] ou cashless [sem dinheiro físico], no-digital ou all-digital. O cliente é quem escolherá como quer utilizar seu dinheiro. Cabe a nós oferecer diversos canais. Haverá convivência entre os meios.

Qual vai ser o papel dos caixas automáticos, os ATMs?

O ATM sempre evoluiu e passou a ter novos papéis. Mas o ATM vai continuar sustentando o dinheiro físico. Mesmo em países ricos, o papel-moeda não deixará de circular tão cedo. No Brasil, o IBGE calcula que 60 milhões de pessoas não têm conta em banco. E elas dependem do dinheiro em espécie para consumir. O acesso ao dinheiro não pode ser negligenciado, pela importância para as parcelas mais vulneráveis da população. Não vemos uma exclusão de meios de pagamento, mas a ampliação das opções. 

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