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Feliz 2016! É esse o estado de ânimo atual com a economia

Previsões são apenas previsões. Mas, com a herança de 2013, a expectativa para o ano que se inicia na economia é de uma batalha perdida. E o que se diz em seguida é: “Não gostaram de 2014? Pois esperem por 2015”

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	A ameaça continua: o governo Dilma não conseguiu, em nenhum ano de seu mandato, acertar a meta de inflação 
 (Paulo Whitaker/Reuters)

A ameaça continua: o governo Dilma não conseguiu, em nenhum ano de seu mandato, acertar a meta de inflação  (Paulo Whitaker/Reuters)

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J.R. Guzzo

Publicado em 27 de março de 2014 às, 20h07.

São Paulo - Um comentário corrente na praça, entre os interessados em fazer previsões sobre o comportamento da economia brasileira em 2014, já dá o ano por terminado antes de começar.

Com a herança deixada por uma performance abaixo do medíocre em 2013, e a perspectiva de decisões aventureiras em função do ano eleitoral, é natural que a expectativa para o ano que se inicia seja mesmo de uma batalha perdida.

O interessante, no caso, é o que se diz logo em seguida: “Não gostaram de 2014? Pois então esperem por 2015”. A malvadeza de verdade, supõe-se, ainda não é para agora — a coisa só vai ficar feia para valer lá adiante, e quem terá de cuidar dela é o governo que sair das urnas nas eleições presidenciais.

Previsões, naturalmente, são apenas isso — previsões, que valem tanto quanto os palpites dados sobre o desempenho da bolsa de valores ou sobre os finalistas da Copa do Mundo que vem aí. Mas, no caso, não se trata propriamente de uma previsão.

É mais um estado de ânimo construído em cima de realidades indiscutíveis do presente — e essas realidades não vão desaparecer no ar por um lance de ilusionismo, ou porque o governo quer que desapareçam.

O problema, quando se tenta ver alguma coisa no nevoeiro que está aí na frente, é que seriam indispensáveis, já agora, mudanças realmente sérias, coerentes e bem executadas na conduta econômica do governo — e não há nenhum sinal, pelo menos até hoje, de que qualquer coisa parecida com isso esteja para ocorrer.

Nem é preciso entrar nos intratáveis abismos estruturais, como a inépcia do Estado brasileiro para funcionar numa economia moderna, que impedem o país de crescer além dessas infames taxas a que tem crescido nos últimos anos.

Basta, para ver a encrenca armada a curto prazo, pensar um pouco nas dificuldades concretas, elementares e evidentes que a economia brasileira vive neste exato momento. A inflação é a primeira e provavelmente a maior delas. O governo Dilma Rousseff não conseguiu, nem sequer uma vez, ficar no centro da meta inflacionária que se propôs a cumprir para o ano.


Ao contrário: desprezou a importância desses fracassos, e o resultado inevitável é que a inflação reapareceu como uma ameaça real e a curto prazo.

O governo, como se vê diariamente, não sabe o que fazer para enfrentá-la. Fica segurando os preços dos combustíveis, das contas de luz etc., mas tudo o que conseguiu até agora com isso foi arruinar os balanços da Petrobras e da Eletrobras, sem segurar realmente o avanço da inflação.

Em outras palavras: quer vencer a inflação intervindo diretamente sobre os preços, uma clássica garantia de derrota anunciada. “Pensando bem, é difícil imaginar uma política de preços mais errada do que a atualmente em vigor”, escreveu há pouco, num artigo para a Folha de S. Paulo, o economista Alexandre Schwartsman.

Outra assombração que historicamente tem tirado o sono do Brasil é a desvalorização rápida do real — que, naturalmente, também pressiona a inflação. O Banco Central já gastou, só no ano de 2013, cerca de 100 bilhões de dólares das reservas nacionais de divisas para comprar dólares no mercado e segurar sua cotação.

O único resultado que tem a apresentar é uma hipótese: o dólar, segundo se imagina, estaria ainda mais alto sem essas compras em massa. A corrosão do real é fruto direto da falta de confiança na capacidade do governo em executar uma política econômica sadia, ou pelo menos compreensível.

As contas públicas estão em desordem, nossos números começam a perder credibilidade e o governo só dá sinais de que vai continuar gastando mais do que pode.

Num momento de extrema liquidez na economia mundial, com dinheiro sobrando no bolso de meio mundo, o Brasil não é um favorito dos investidores internacionais; anda ameaçado de sofrer rebaixamento nas listas de avaliação de risco e vai pagar mais caro pelo dinheiro que levantar lá fora. O governo, perdido, fica à espera de alguma ordem de Dilma para agir; é tudo o que consegue fazer atualmente.

Feliz 2016.

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