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Celso Athayde comanda revolução econômica a partir da periferia –e quer incluir o asfalto

O objetivo é dar escala a empresas de impacto social e movimentar economias locais, para que a riqueza produzida nas favelas fique nas favelas, e não retorne ao asfalto como consumo

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Celso Athayde: favela não é carência, é potência (Leandro Fonseca/Exame)

Celso Athayde: favela não é carência, é potência (Leandro Fonseca/Exame)

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Rodrigo Caetano

Publicado em 13 de setembro de 2022, 06h00.

Última atualização em 13 de setembro de 2022, 16h18.

O empresário Celso Athayde esteve neste ano em Davos, na Suíça, para o Fórum Econômico Mundial. Fundador da Central Única das Favelas (Cufa), a maior organização de favelas do mundo, e CEO da Favela Holding, um conglomerado de mais de uma dezena de empresas com atuação em periferias, Athayde foi homenageado por seu trabalho nas áreas de inovação e empreen­de­dorismo. Estava lá como empresário, para se reunir com a elite da elite econômica global e tratar de negócios. Voltou com um plano para internacionalizar a cultura das favelas brasileiras, que, em sua visão, oferece respostas a uma série de desafios globais, entre eles as crises ambiental e energética.

“Ou a elite divide com a favela a riqueza que ela sempre produziu, ou seguirá sofrendo as consequências da miséria que ela mesma criou”, afirmou Athayde em seu discurso como homenageado. As favelas brasileiras, lar de quase 15 milhões de pessoas, consomem por ano mais de 150 bilhões de reais. Se fossem um estado, ficariam entre as cinco maiores rendas do país.

Apesar dessa contribuição econômica para o desenvolvimento do Brasil, são consideradas pelo governo “aglomerados subnormais”, segundo a classificação do IBGE, sem direito a receber infraestrutura e segurança, ou seja, sem acesso à sua parte dos impostos que seus moradores pagam.

Essa realidade Athayde conhece muito bem. Nascido no Rio de Janeiro, cresceu morando nas ruas, embaixo de um viaduto no bairro de Madureira, na zona norte. Na adolescência, sua família se mudou para a Favela do Sapo, em Senador Camará, na zona oeste.

Foi lá que deu os primeiros passos no empreen­dedorismo, vendendo cocadas produzidas pela mãe. Tornou-se camelô e ajudou a criar o Baile Charme de Madureira, hoje um patrimônio cultural do Rio de Janeiro. Foi pioneiro do movimento hip-hop, que o levou ao ativismo social.

“Eu sempre fui empreendedor, só não conhecia essa palavra”, afirma Athayde. “Na favela, todos são em­preen­dedores, mas por necessidade. O menino que carrega sacola na feira, as mães ‘praieiras’ que se revezam para levar as crianças à praia, são todos empreendedores. O que a favela precisa é de um olhar capitalista, de empresas e empresários que queiram unir o conhecimento formal do mundo dos negócios com a inteligência desenvolvida nas comunidades.”

Em Davos, Athayde difundiu a ideia de um novo setor econômico, formado pelos negócios de impacto social criados e tocados das periferias do mundo. O Quarto Setor, como ele pensou, reúne a força empreendedora e comunitária das favelas, o impacto social do Terceiro Setor, a capacidade de investimentos do setor produtivo e a influência econômica do governo, para formar um ecossistema de geração de negócios socioambientais e lucrativos. O objetivo é dar escala a empresas de impacto social e movimentar economias locais, para que a riqueza produzida nas favelas fique nas favelas, e não retorne ao asfalto como consumo.

Para isso, ele vem conclamando as empresas a conhecerem a favela, mas a partir da visão e da narrativa do próprio morador, e não do viés inconsciente do asfalto. “Favela não é carência, é potência”, define Athayde.


(Publicidade/Exame)

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