Kelly Palmer, da empresa de tecnologia americana Degreed: educação corporativa à distância pode ser poderosa como a tradicional (Divulgação/Divulgação)
O mercado de educação corporativa à distância deve passar longe de crise nos próximos anos. A expectativa é que haja uma expansão anual das receitas em pelo menos 9% no setor até 2025, quando deverá ultrapassar 100 bilhões de dólares no mundo, de acordo com dados da consultoria Valuates.
A pandemia está por trás do crescimento acelerado. Segundo o Google Trends, as buscas globais pelo termo “e-learning” aumentaram 400% no primeiro trimestre de 2020, quando a crise sanitária estava se disseminando nos países ocidentais.
De lá para cá, as buscas caíram de leve até agosto, época de interesse renovado no tema — talvez pelo entendimento de o ensino à distância ser, de fato, um caminho sem volta. “O ensino superior definitivamente não forma profissionais aptos ao mercado”, diz André Portilho, head da EXAME Academy, plataforma de educação da EXAME. “A pandemia só deixou isso claro.”
As empresas, por sua vez, estão aumentando os investimentos em educação corporativa para fazer frente à demanda. A varejista Amazon, por exemplo, anunciou 700 milhões de dólares para treinamentos online de funcionários durante a pandemia.
A consultoria PwC planeja gastar 3 bilhões de dólares. “Antes, o pensamento era: ‘Preciso me preparar para o futuro’. Agora é: ‘É melhor começar a me preparar o mais rápido possível’”, diz a americana Kelly Palmer, chefe de aprendizado na Degreed, empresa de tecnologia do Vale do Silício, nos Estados Unidos.
Engenheira de produto com quatro anos à frente da educação corporativa na rede social LinkedIn, Palmer é uma das autoras do livro Expertise Competitiva: Como as Empresas Mais Inteligentes Usam o Aprendizado para Engajar, Competir e Ter Sucesso, lançado no Brasil no ano passado.
Na obra, ela aborda a “economia da expertise”, conjunto de saberes repassados entre colegas de trabalho e que não raro viram tema em universidades corporativas online. “A aprendizagem virtual pode ser poderosa como a tradicional”, diz.
No LinkedIn, a executiva foi uma das responsáveis pelo programa virtual Conscious Business (“negócio consciente”, numa tradução livre) para ensinar habilidades de trabalho aos funcionários. Entre os temas estavam assuntos espinhosos, como dar feedback negativo. Deu para ensinar isso online?
“Fizemos um esquema com 20 alunos por vez, com acesso a livros, artigos, vídeos e falas de especialistas sobre o tema e, depois disso, todos tinham a tarefa de usar o conhecimento em situações reais”, diz Kelly, que participa de um evento virtual da escola de negócios Startse, com palestras programadas para outubro. “Após a tarefa, eles voltaram para o ambiente virtual para discutir a experiência com os colegas, num ciclo de aprendizado, com exposição, prática e feedback.”