Fazenda no Brasil: setor do agronegócio precisará de 170 bilhões de reais ao ano (iStock/Getty Images)
Lucas Amorim
Publicado em 14 de abril de 2022 às 05h06.
O agronegócio é um dínamo da economia brasileira há 522 anos. É, também, destaque na cobertura da EXAME há 55 anos, desde a criação da principal publicação de economia e negócios do país. Num momento em que o mundo convive com guerra, quebras logísticas, inflação em alta e reiteradas mostras dos efeitos do aquecimento global, a redação da EXAME foi atrás das mais recentes soluções do agro brasileiro. E encontrou uma miríade de novas empresas que nascem para resolver renitentes gargalos do passado, mas também para apontar caminhos para o futuro.
A Adroit Robotics, uma das empresas que ilustram nossa capa, encontrou na tecnologia uma solução para um problema frugal: contar milhões e milhões de laranjas de algumas das maiores fazendas do planeta. A inovação serviu de base para oferecer serviços de dados para um número crescente de clientes. Inteligência de dados e conectividade são carências históricas do agronegócio brasileiro, e novidades como essa da Adroit podem fazer o país dar um novo salto apenas por conhecer melhor o que já tem de capacidade instalada.
A Krilltech, por sua vez, tem inovações com potencial de pôr o país dentro de uma próxima revolução no agronegócio. A companhia usa nanopartículas que impulsionam a oxigenação do solo e reduzem a necessidade de fertilizantes. É uma resposta para a maior inquietação deste início de 2022, escancarada com a quebra no mercado global de fertilizantes após a invasão da Ucrânia pela Rússia, o maior exportador global.
A Krilltech não previu a guerra, evidentemente, mas encontrou uma oportunidade num mercado em constante transformação. Períodos de incerteza, como o atual, historicamente impulsionam a adoção de novas tecnologias, e um punhado de startups brasileiras estão bem posicionadas para antecipar o futuro.
A reportagem especial de inovação no agro é acompanhada, nesta edição, por outra sobre as crescentes oportunidades de investimento no campo, com a sofisticação sem volta do mercado de capitais no país. As pautas foram ainda precedidas pelo SuperAgro 2022, evento da EXAME que trouxe especialistas para debaterem as oportunidades e os desafios do campo.
Em um dos painéis, a fabricante de fertilizantes Yara, por exemplo, reforçou o compromisso de fazer o Brasil produzir, até 2050, 50% dos fertilizantes que utiliza, ante os 15% atuais. Em outro painel, Pedro Palma, vice-presidente comercial da Rumo, e Claudio Frischtak, presidente da consultoria Inter.B, ressaltaram a importância do capital privado na infraestrutura, que demandará investimentos de 170 bilhões de reais ao ano em uma década. Com mais inovação, o potencial do agronegócio brasileiro crescerá ainda mais.