Revista Exame

Contra a "epidemia de cesáreas" desnecessárias

O programa Parto Adequado, criado pelo Hospital Albert Einstein, aumentou em 16 pontos percentuais a taxa de partos normais nos hospitais participantes

Gravidez: Entre os profissionais de saúde, há o consenso de que existe uma “epidemia de cesáreas” no Brasil (kjekol/Thinkstock)

Gravidez: Entre os profissionais de saúde, há o consenso de que existe uma “epidemia de cesáreas” no Brasil (kjekol/Thinkstock)

Ligia Tuon

Ligia Tuon

Publicado em 16 de novembro de 2017 às 05h02.

Última atualização em 5 de novembro de 2019 às 15h35.

No Brasil, 84% dos partos realizados são cesáreas, de acordo com números da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Entre os profissionais de saúde, há o consenso de que existe uma “epidemia de cesáreas”. Para reverter esse quadro, o Hospital Albert Einstein, um dos centros de medicina mais avançados do país, criou o programa Parto Adequado em parceria com a ANS, com o Ministério da Saúde e com o Institute for Healthcare Improvement, dos Estados Unidos. O objetivo é reduzir o número expressivo de cesáreas desnecessárias no Brasil. O programa começou em abril de 2015 e, no fim do ano passado, mostrou que está no caminho certo — a taxa de partos normais no Einstein subiu de 21% para 29% no período.

Além do próprio Einstein, participam do programa outros 35 hospitais, quatro deles públicos, bem como 34 operadoras de saúde. “Nos 26 hospitais que estiveram em todas as etapas do programa, a taxa de partos normais chegou a 37%, um crescimento de 16 pontos percentuais”, diz Sidney Klajner, presidente do Hospital Albert Einstein. As instituições participantes se comprometem a revisar sua política de atenção a gestantes e bebês. Seus profissionais participaram de uma série de atividades de capacitação com o objetivo de mostrar que a cesárea deve ser feita apenas em casos específicos, como naqueles que envolvem riscos para a vida da mãe.

Outra iniciativa que vem beneficiando os pacientes do Einstein é a intensificação do serviço de home care, ou atendimento domiciliar. Em situações comuns, as pessoas submetidas a uma cirurgia permanecem no hospital o tempo necessário para sua completa recuperação. Para os pacientes, muitas vezes, é um desconforto ficar um período longe de casa. Para o hospital, representa a impossibilidade de atender mais gente porque o leito está ocupado. Hoje, cada paciente internado permanece no hospital pouco mais de três dias — praticamente um dia a menos do que no início da década, quando o Einstein começou a ampliar a oferta de home care.

Com esse serviço, o hospital se muda para a casa do paciente, oferecendo toda a estrutura necessária para o pós-operatório, o que inclui cama especial e aparelhos de oxigênio e de ventilação mecânica. Os profissionais se mantêm próximos do paciente por meio de visitas frequentes, de acordo com as necessidades de cada caso. Ao sair do hospital em menos tempo, o paciente reduz também os riscos de contrair infecções próprias desse ambiente. “A recuperação do paciente é mais rápida com os familiares por perto”, diz Klajner.

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