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Como é bom trabalhar aqui: conheça 12 empresas brasileiras referência em práticas de RH

Uma pesquisa inédita da EXAME e da consultoria Mercer mapeou as 12 empresas do Brasil com as práticas de RH mais bem avaliadas pelos seus funcionários

 (Victor Vilela/Exame)

(Victor Vilela/Exame)

Publicado em 18 de outubro de 2024 às 06h00.

Última atualização em 18 de outubro de 2024 às 09h23.

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Os departamentos de recursos humanos estão ganhando importância nas empresas do mundo todo. Uma prova bastante palpável é ver a profusão de eventos para esses profissionais. No Brasil, um dos principais é o Conarh. Na edição de 50 anos, em agosto, o ar por ali tinha um quê de Woodstock. Em três dias, mais de 50.000 pessoas passaram pelos corredores do SP Expo, um dos maiores centros de exposições da América Latina, 40% acima do ano passado.

O alvoroço digno de um show de rock girou ao redor de 220 estandes de empresas de olho no poder de compra do RH. Por ali, estavam empresas de benefícios corporativos, startups com automação para processos manuais do departamento pessoal, e por aí vai. A fórmula repete uma tendência vista lá fora. Nos últimos anos, cidades turísticas ao redor do mundo, de Lisboa a Las Vegas, ganharam encontros com pelo menos 10.000 gestores de recursos humanos.

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Além de encontros mais frequentes, as lideranças de RH estão com mais liberdade para gastar. O mercado global de tecnologias para o RH, por exemplo, tem tudo para dobrar de tamanho até 2031, quando deverá movimentar 76,5 bilhões de dólares, de acordo com a consultoria Research and Markets.

Os departamentos de recursos humanos estão virando o coração das empresas. A verdade é que lidar com pessoas no ambiente de trabalho está cada vez mais difícil. Por um lado, as novas gerações dão de ombros para muitos protocolos corporativos ditos como “ok” pelos mais velhos.

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Cabo de guerra no escritório

A presença no escritório após a pandemia, por exemplo, virou um cabo de guerra. Chefias querem ver os times de novo juntos como se o ano de 2019 nunca tivesse acabado. Para boa parte dos subordinados, sobretudo quem começou a trabalhar na pandemia, ficar ao lado dos colegas por tanto tempo é um sacrilégio. Correndo em paralelo a essas angústias está a pressão por uma cultura organizacional apta a aceitar os modos de vida diversos dos funcionários. Acima de tudo, a mão de obra quer sentir bem-estar ao trabalhar.

Sem levar em consideração que as expectativas de muitos funcionários estão muito desalinhadas com o que de fato qualquer empresa no mundo pode oferecer, o fato é que o trabalho em si virou uma experiência, assim como ir a um show de rock. Não à toa, diversos perfis no TikTok e no LinkedIn estão sendo dedicados aos chamados “influenciadores corporativos”.

Esses profissionais dedicam várias horas do dia a registrar momentos do trabalho tidos como monótonos até recentemente, como o caminho até o escritório ou a rotina na cafeteria da firma. Daí a importância do RH para tentar alinhar essas expectativas ao objetivo principal de uma empresa: gerar valor, financeiro ou não, a quem está ao redor dela. “A employee experience, ou experiência do funcionário, será uma grande preocupação do RH daqui para a frente”, diz Rafael Ricarte, diretor de negócios de carreira da Mercer Brasil, operação no país de uma das maiores consultorias ligadas ao RH do mundo.

Como, então, entender se as práticas de recursos humanos das empresas estão alinhadas com as expectativas de seus funcionários — e, assim, garantir uma boa experiência para quem quer construir ali uma carreira? Para responder a essa ­dúvida, a EXAME lança a primeira edição do Prêmio em Gestão de Pessoas. O projeto teve apoio técnico da Mercer na elaboração da metodologia de avaliação.

Para participar do prêmio, as empresas tinham que obedecer a alguns critérios. Um deles é manter uma operação no Brasil há pelo menos dois anos e ter pelo menos 100 funcionários. No total, 450 empresas participaram da premiação, cuja etapa de inscrições foi de abril a junho deste ano. Na sequência, os times da EXAME e da Mercer analisaram as informações enviadas pelos participantes para chegar a um total de 12 empresas premiadas.

Loja da TIM: benefícios flexíveis de acordo com o desejo do funcionário (TIM Brasil/Divulgação)

Engajamento e prosperidade

A metodologia considerou três pilares de uma companhia. O primeiro deles foi o clima no ambiente de trabalho. Nessa conta entram a qualidade das interações entre colegas e diretores, os benefícios oferecidos pelas empresas, e por aí vai.

O segundo pilar procurou avaliar o impacto de eventos da empresa e da vida pessoal dos funcionários sobre o humor na organização. Aí foram avaliados os reflexos de um processo de fusão e aquisição ou do afastamento de uma funcionária por gravidez sobre a carreira de quem faz parte da organização. Aqui, as empresas capazes de desenvolver funcionários mesmo diante das intempéries do destino ganharam pontos.

Por fim, a própria expectativa dos funcionários com o futuro dentro da organização foi avaliada. O objetivo, aqui, foi entender quais empresas tinham políticas de desenvolvimento de pessoas, como cursos de capacitação ou programas para o desenvolvimento de lideranças capazes de garantir a prosperidade sonhada pelos seus funcionários.

As informações que levaram ao Prêmio EXAME em Gestão de Pessoas 2024 vieram de duas formas. A primeira foi uma pesquisa online com os funcionários das empresas participantes composta de 43 questões afirmativas. Elas utilizaram a escala de Likert, um método tradicional de pesquisas de clima organizacional.

Por meio dela, os entrevistados precisavam escolher entre cinco opções para cada pergunta, numa escala que ia de “discordo totalmente” a “concordo totalmente”. As perguntas avaliaram sobretudo duas coisas: o engajamento do funcionário às políticas de RH e a sensação de prosperidade do entrevistado com o seu trabalho. Tanto o engajamento quanto a prosperidade viraram índices de 0% (empregado nada engajado ou próspero) a 100% (totalmente engajado e próspero).

Entre os temas abordados nas perguntas estavam os seguintes: qualidade do processo seletivo, integração do recém-contratado, iniciativas de diversidade e inclusão também na liderança, política de remuneração, benefícios de bem-estar (academias, refeitórios corporativos, entre outros), e programas para formação de lideranças e sucessão. O uso de ferramentas de análise de dados para tomada de decisão no RH, chamado de people analytics, contou pontos a favor na pesquisa.

Em paralelo ao questionário dos funcionários, o prêmio teve uma segunda pesquisa, direcionada ao RH das empresas inscritas. Ela tinha um formulário com mais de 60 perguntas discursivas. O foco delas foi entender as práticas das empresas em temas como políticas de remuneração, pacote de benefícios corporativos, desenvolvimento de lideranças e aspectos da agenda ESG, como a promoção da diversidade.

As equipes da Mercer e da EXAME cruzaram as informações das duas pesquisas. O objetivo foi entender quanto as políticas de RH repercutem positivamente nas expectativas dos funcionários. “Ou seja, se o discurso da empresa está, de fato, alinhado à prática cotidiana no ambiente de trabalho”, diz Daniela Junqueira Segre, líder de experiência e engajamento de funcionários para a América Latina dentro da Mercer e responsável pela metodologia.

Empresas com formulários de RH recheados de iniciativas pouco ou nada percebidas pelos funcionários, portanto, perderam pontos. No fundo, a metodologia que levou ao prêmio buscou levantar muitas evidências de empresas capazes de colocar em prática aquilo que pregam. É, como diz o jargão corporativo, o walk the talk (“fazer o que diz”).

Voucher para mães e terapia

O prêmio está dividido em quatro categorias, de acordo com o número de funcionários das empresas de destaque. A primeira categoria considerava de 100 a 500 funcionários; a segunda, de 501 a 1.500 funcionários; a terceira, de 1.501 a 7.000 funcionários; e a quarta categoria considerou empresas que possuem mais de 7.000 funcionários.

As três empresas com as melhores notas em cada categoria viraram destaque no prêmio. No grupo de 12 vencedoras, o engajamento nas empresas variou de 83% a 93%. O índice de prosperidade ficou entre 81% e 93%. De modo geral, as empresas vencedoras conseguiram melhores resultados, na ótica de seus funcionários, em práticas de diversidade e inclusão. Por outro lado, há oportunidades de melhoria em iniciativas para reconhecimento de méritos, a exemplo de programas de remuneração variável.

Nas páginas a seguir, conheça algumas das práticas de recursos humanos das 12 empresas selecionadas no 1o Prêmio EXAME em Gestão de Pessoas. Entre elas estão as conversas extensas feitas pela varejista Renner com os interessados em trabalhar numa das lojas.

O alinhamento de expectativas logo de cara tem conseguido manter num nível razoável os pedidos de demissão de funcionários frustrados com o esquema de trabalho. Ou então a liberdade de escolha entre os benefícios corporativos que a operadora de telefonia TIM dá aos seus funcionários — mães têm até um voucher de 225 ­reais para comprar produtos infantis.

Ou, ainda, as sessões de terapia bancadas pela operação brasileira da fabricante de produtos lácteos Danone para seus funcionários segurarem a onda em meio à pressão do dia a dia. Em comum a todas as histórias está um departamento de RH capaz de mudar para melhor a vida de alguém — e cada vez mais central na prosperidade dos negócios.



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