Revista Exame

Na Siemens, a ética e a inovação caminham lado a lado

Atingida por escândalos de corrupção, a alemã Siemens muda sua cultura e reestrutura as operações para voltar a ser uma empresa competitiva

André Clark, presidente da Siemens: 5 milhões de dólares investidos desde 2011 em ações coletivas de combate à corrupção (Germano Lüders/Exame)

André Clark, presidente da Siemens: 5 milhões de dólares investidos desde 2011 em ações coletivas de combate à corrupção (Germano Lüders/Exame)

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Da Redação

Publicado em 22 de novembro de 2018 às 05h12.

Última atualização em 22 de novembro de 2018 às 13h06.

Existe uma relação entre inovação e ética empresarial. A gigante industrial alemã Siemens aprendeu essa lição a duras penas. Em meados da década passada, a empresa esteve no centro de um dos maiores escândalos de corrupção, que envolveu o pagamento de 1,4 bilhão de dólares em propinas a autoridades de mais de 20 países. O caso não só revelou a atuação condenável de sua liderança na época como também escancarou um cenário gravíssimo para os negócios da companhia: depois de anos se apoiando em práticas duvidosas, a Siemens havia perdido a competitividade. Seus produtos estavam tecnologicamente defasados e, provavelmente, teriam dificuldade em um ambiente de concorrência justa. A empresa, notória por seu time de engenharia, havia negligenciado a inovação.

O que se viu após esse episódio foi um grande esforço de reestruturação. A Siemens iniciou uma mudança em sua cultura. Entre as medidas adotadas estava a criação de um programa de whistleblowers, ou “denunciantes”, que incentiva os funcionários a comunicar atividades ilegais. Essa medida foi responsável pela revelação de outro escândalo que manchou a imagem da companhia no Brasil. Em 2011, o então presidente da subsidiária brasileira, Adílson Primo, foi demitido sob suspeita de ter desviado 7 milhões de euros para contas pessoais. Mais tarde, foi revelada a participação da empresa em um cartel para fraudar licitações para a compra de trens em São Paulo.

Assim como na Alemanha, o escândalo provocou uma série de mudanças. “É nosso papel trabalhar na ação coletiva de combate à corrupção”, diz André Clark, presidente da Siemens no Brasil. “Desde 2011, investimos mais de 5 milhões de dólares em ações com diversas entidades, trabalhando com ética na educação, com o uso de voluntários para discutir o tema nas comunidades e disseminando esses conceitos em escolas.” Hoje, a Siemens é signatária do Pacto Global da ONU e recebeu o selo de Empresa Pró-Ética, da Controladoria-Geral da União.

O compromisso com a ética, porém, precisa ser renovado diariamente. “É um ato que muda, definitivamente, sua estratégia de negócios, sua cultura e suas operações do dia a dia”, afirma Clark. A partir do momento em que se toma a decisão de competir de maneira correta, todo o esforço da companhia é direcionado para gerar valor aos clientes. O resultado é uma cultura empreendedora e inovadora, que aumenta a competitividade. “Trata-se de uma jornada, e não de um projeto”, afirma Clark. “Os valores da sociedade estão sempre evoluindo e temos de acompanhar as regras do comportamento ético.”


UM PASSO ADIANTE PARA ZERAR O LIXO ENVIADO A ATERROS

A unidade da fabricante de eletrodomésticos Electrolux em São Carlos, no interior paulista, vira referência para o grupo sueco ao reduzir drasticamente o volume de resíduos destinados a aterros sanitários | Lucas Vasconcellos

Uma iniciativa global da Electrolux, fabricante sueca de eletrodomésticos, pretende reduzir a menos de 1% a destinação de resíduos para aterros industriais. Outra meta do Projeto Zero Aterro é diminuir para menos de 3% o envio de resíduos para incineração. Lançado no ano passado, o programa tem o objetivo de alcançar esses números globalmente até 2020. Para a ação, foram escolhidas quatro fábricas em diferentes partes do mundo. Na América Latina, a eleita foi a unidade de São Carlos, no interior paulista. O Zero Aterro envolve nove passos, que vão desde o compartilhamento de boas práticas entre os funcionários até a mensuração de materiais. E os resultados obtidos no primeiro ano na América Latina foram animadores: a destinação mensal de resíduos para aterros industriais caiu quase 50%, enquanto o envio de resíduos para incineração diminuiu 22%.

A fábrica de São Carlos já atingiu a meta de redução de resíduos orgânicos, tornando-se uma referência dentro da Electrolux. Na fábrica, que produz eletrodomésticos como refrigeradores e máquinas de lavar, foi instalado um equipamento que realiza a compostagem de resíduos orgânicos. Com o aparelho, o processo, que antes demorava 40 dias, leva agora apenas 45 minutos. Desse modo, a unidade de São Carlos praticamente eliminou o descarte de resíduos orgânicos em aterros licenciados — e, de quebra, produz 6 toneladas mensais de adubo orgânico, que é usado em áreas internas da fábrica e em outro projeto, a Horta Solidária, coordenada pelos próprios funcionários. Dentro da de São Carlos, há um espaço com capacidade para o plantio de 800 unidades por mês de diferentes hortaliças. Assim que colhidos, os alimentos são destinados a instituições de caridade e ONGs da cidade.

Para consolidar a unidade de São Carlos como um exemplo global, outra iniciativa se uniu ao Aterro Zero e à Horta Solidária: o Green Spirit, um projeto de uso eficiente de água. A água empregada nas etapas de produção é tratada e reutilizada. No ano passado, a economia mensal na fábrica paulista foi de 243.000 litros por meio do controle dos processos e de 311.000 litros com o reaproveitamento de água da pintura — que é reutilizada na lavagem de peças e equipamentos, por exemplo. De acordo com Ramez Chamma, vice-presidente de operações da Electrolux para a América Latina, todas essas iniciativas se inserem na estratégia de negócios do grupo sueco. “Essas ações nos permitem crescer de forma rentável e, ao mesmo tempo, contribuem para a sociedade e para o planeta”, afirma.


DIVIDIR RESPONSABILIDADES PARA POUPAR RECURSOS

Com o engajamento dos funcionários, em apenas seis meses a Embraco diminuiu em 15,5% o gasto de água para produzir cada compressor em sua fábrica em Santa Catarina | Lucas Vasconcellos

Desde 2014, a Embraco, fabricante de compressores para aparelhos de refrigeração, tem a meta de reduzir anualmente o consumo de água. Para alcançar números mais expressivos, criou no início deste ano, na unidade de Joinville, em Santa Catarina, o programa Engajamento para Gestão da Água, que está alinhado à metodologia da World Class Manufacturing (WCM), um sistema de gestão que visa ao aumento da produtividade e à redução de custos, adotado pela empresa em 2013.

Uma das medidas foi transferir a responsabilidade das ações de um pequeno time de especialistas para todo o quadro de funcionários. A partir da instalação e do monitoramento de medidores de vazão, foram estabelecidas metas para cada bloco produtivo. Os dados são reportados diariamente em formulários online e discutidos por gerentes, supervisores e especialistas de processo. E, para cada anormalidade identificada nos números, é traçado um plano de ação. Os cerca de 5 000 funcionários da unidade brasileira da Embraco também são incentivados a participar ativamente, observando e apontando vazamentos e possíveis desvios no consumo, bem como a dar sugestões de melhorias.

A iniciativa não demorou a dar resultado. Entre março e setembro deste ano, a empresa diminuiu em 15,5% o gasto de água para fabricar cada compressor. Isso resultou em uma economia de quase 17 milhões de litros de água no período — volume suficiente para atender às necessidades de 400 pessoas durante um ano, de acordo com a média de consumo para necessidades básicas estimada pela ONU.

Entre 2016 e 2017, antes de o programa Engajamento para Gestão da Água ser colocado em prática, apenas com a gestão tradicional, a empresa havia obtido uma redução de 7,3% nos gastos de água para fabricação de cada compressor. Para evitar o desperdício, a empresa está tratando e reutilizando a água na fábrica de Joinville — do total consumido entre janeiro e setembro deste ano, 46% foram de reúso. Para alcançar esses resultados, foi importante engajar os empregados no programa. “O ganho mais significativo para a Embraco é o envolvimento direto de todos os funcionários como agentes de transformação da cultura de meio ambiente”, diz Claudemir Santos, diretor de operações no Brasil.

Os resultados estão sendo compartilhados com as demais unidades pelo mundo — a Embraco tem fábricas também na China, na Itália, no México, na Eslováquia, nos Estados Unidos e na Rússia — e com outras empresas de Santa Catarina. “A ideia é que o programa se torne uma referência em preservação de recursos hídricos”, diz Santos. 


QUANDO A RECICLAGEM VIRA UM MODELO DE NEGÓCIOS

A fabricante de impressoras HP adota a economia circular como estratégia de negócios e cria iniciativas locais — como a capacitação de catadores de lixo — para atender a um desafio global | Rodrigo Caetano

No primeiro semestre deste ano, a HP Brasil lançou um programa para incentivar a reciclagem de impressoras. Os consumidores que levassem seu equipamento antigo — de qualquer marca — a um dos 300 pontos de venda cadastrados ganhariam um desconto de até 200 reais na compra de uma impressora nova. Cerca de 16.000 produtos foram recebidos. “Foi um sucesso”, afirma Claudio Raupp, presidente da empresa. “Levamos a mensagem da economia circular para os clientes e ganhamos a oportunidade de fazer novos negócios.”

O conceito de economia circular, que preconiza a reutilização dos materiais, está conquistando espaço na estratégia da HP, e não apenas como uma maneira de reduzir o impacto ambiental. A ideia da empresa de tecnologia é fazer dele um modelo de negócios. “As novas gerações têm uma visão muito mais ligada ao ato de usufruir um serviço do que de possuir um equipamento”, afirma Kami Saidi, diretor de supply chain da HP na América Latina. Para ele, esse padrão de consumo ganhará força nas próximas décadas, obrigando a indústria a rever seu modo de produção. Nessa nova configuração, o importante é desenvolver um sistema logístico e de produção de ciclo fechado, ou seja, em que todos os componentes circulem dentro da cadeia.

É o que a HP vem fazendo. Desde 2000, cerca de 3,5 bilhões de cartuchos de tinta foram produzidos com material reciclado. Hoje, 80% dos cartuchos da empresa são fabricados dessa maneira. Os números são globais (a empresa não divulga dados por região), mas as iniciativas são, em sua maioria, locais. Neste ano, por exemplo, a HP lançou uma iniciativa junto a cooperativas de catadores de lixo para capacitar e incluir essas pessoas em sua cadeia de suprimentos. “A ideia é desenvolver um modelo socioeconômico de integração dessas cooperativas em nossa cadeia”, diz Raupp. Se for bem-sucedida, a iniciativa deverá ser exportada para outros países emergentes, como a Índia.

Por trás desse projeto está a ideia de criar “gatilhos” para a reciclagem. O primeiro deles seriam os próprios consumidores. A iniciativa de devolver o produto para a cadeia circular deve partir de quem o comprou — por isso, programas como o de descontos na troca da impressora são importantes. Já os catadores conseguem recuperar os produtos que foram descartados de maneira errada. Atualmente, a média de conteúdo reciclado nos produtos da HP é de 12%. A meta é elevar essa taxa para 20% até o final deste ano. “É uma meta ambiciosa, e só vamos batê-la se conectarmos as pontas, ou seja, o cliente e a comunidade”, diz Raupp.


A META É ZERAR AS EMISSÕES DE CARBONO

Para neutralizar os gases poluentes lançados por sua fábrica no interior paulista, o grupo alemão Schmersal investe no plantio de árvores e adota o uso exclusivo de etanol nos veículos de sua frota | Lucas Vasconcellos

Desde 2014, a Schmersal, empresa alemã que atua nas áreas de sistemas de segurança, automação industrial e tecnologia para elevadores, monitora as emissões de gases de efeito estufa com o objetivo de zerar a quantidade produzida por ano. Com base nos dados coletados, lançou o projeto Oxigênio, que tem duas vertentes: diminuir e compensar. A diminuição das emissões de gases poluentes ocorre por meio de práticas no dia a dia, como estímulo à coleta seletiva, troca da iluminação por sistemas inteligentes mais eficientes e uso exclusivo de etanol nos veículos da frota — além de incentivar os funcionários a usar esse combustível nos carros particulares e a praticar a carona solidária. Para compensar as emissões, foram cogitados dois caminhos: comprar créditos de carbono ou plantar árvores. “Optamos pelo plantio porque é possível efetuar um controle maior do que realmente está sendo realizado”, diz Rogério Baldauf, diretor-superintendente da Schmersal.

Para compensar as mais de 200 toneladas de CO2 emitidas em 2016 na sede de Boituva, no interior de São Paulo, foram plantadas 368 árvores, de quatro espécies, numa área antes usada para agricultura e pecuária em Nova Mutum, em Mato Grosso. A iniciativa conta com a parceria da Curupira, empresa da área ambiental que mapeia as regiões carentes de reflorestamento e é responsável por manter, irrigar, adubar e preservar a superfície plantada. As mais de três centenas de árvores compensam, por ano, pouco mais de 9  toneladas de CO2.

Na conta do inventário de gases da Schmersal entram também a quilometragem dos veículos alugados. Essa prática é compensada duas vezes: a locadora de veículos faz um levantamento dos quilômetros rodados pela Schmersal e, de acordo com o número, a empresa paga uma quantidade superior pelo aluguel. O dinheiro é investido no plantio de mais árvores. Para equilibrar a quantidade emitida de CO2 por meio desse serviço em 2016, foram plantadas outras 89 árvores. Embora a Schmersal não controle in loco as plantações, a locadora deixa disponível no site os relatórios do acompanhamento das vegetações acrescentadas à natureza.

E é por meio do plantio que a Schmersal pretende continuar atuando para neutralizar as emissões de carbono. Para compensar as mais de 221 toneladas de gases poluentes emitidas em 2017, estão sendo plantadas 423 novas árvores. Nesse ritmo, a previsão da Schmersal é zerar suas emissões até 2036. “Esse é um projeto alinhado com os valores da Schmersal”, afirma Baldauf. “Queremos deixar um legado para as futuras gerações.”


ENERGIA SOLAR EM ÁREAS REMOTAS

A francesa Schneider Electric dá sua contribuição para garantir o acesso regular a eletricidade de comunidades em regiões com infraestrutura precária | Lucas Vasconcellos

Especializada na fabricação de material elétrico e de automação, a francesa Schneider Electric tem ajudado a mudar a vida de um grande número de pessoas ao criar produtos para que comunidades com pouca infraestrutura tenham acesso constante a energia elétrica. A busca por soluções inteligentes nessa área deu origem ao programa global Acesso à Energia, que já transformou a vida de 23 milhões de pessoas no mundo que moram em regiões com baixa oferta de energia elétrica.  Uma das contribuições da Schneider Electric foi a criação de microrredes, equipamentos formados por painéis solares, inversores e baterias. A energia gerada e armazenada nesses aparelhos é distribuída aos consumidores por meio da rede de fiação, o que possibilitou às comunidades ter acesso a energia elétrica o dia todo. No Brasil, até o momento, mais de 5 000 pessoas foram beneficiadas pelo Acesso à Energia.

Outra iniciativa é uma parceria da -Schneider Electric com a Fundação Amazônia Sustentável, que resultou na instalação de painéis solares para populações ribeirinhas, como a comunidade Tumbira, no Amazonas. A população da área, que antes tinha acesso apenas a 4 horas de eletricidade por dia, fornecida por geradores a diesel, passou a contar com luz durante 24 horas. Já no território indígena do Xingu, também na região amazônica, a parceria com o Instituto Socioambiental e com o Instituto Consulado da Mulher, da fabricante de eletrônicos Whirlpool, possibilitou a instalação de 30 sistemas de energia solar em espaços de uso comum, como escolas e postos de saúde. Em todos os locais de instalação da tecnologia, é oferecido treinamento para a comunidade sobre eletricidade básica e energia fotovoltaica.

O impacto social da energia elétrica na vida dessas pessoas é grande. “Energia é um direito universal, e nos empenhamos para que todos tenham acesso a ela”, diz Regina Magalhães, diretora de sustentabilidade e inovação da Schneider Electric para a América do Sul. “As escolas podem ter aulas o dia todo, as pessoas podem ter acesso aos meios de comunicação e os postos de saúde podem manter medicamentos em temperaturas adequadas.”

O próximo passo do Acesso à Energia é criar um modelo de negócios no qual os residentes locais possam pagar um valor acessível por esse insumo. O projeto envolve parcerias com outras empresas, e a ideia é oferecer energia renovável e segura por um valor inferior aos mais de 60 reais que as famílias das comunidades ribeirinhas do Amazonas gastam mensalmente para ter energia fornecida por fontes poluentes e precárias.


BOM PARA O MEIO AMBIENTE, MELHOR PARA O CONSUMIDOR

Um dos maiores desafios da americana Whirlpool é desenvolver produtos que consumam cada vez menos energia, pois o maior impacto em emissões de gases ocorre na casa dos clientes | Rodrigo Caetano

A fabricante de eletroeletrônicos Whirlpool tem um compromisso assumido, e renovado neste ano, de diminuir em 30% suas emissões até 2025, em comparação com os níveis de 2005. A tarefa não é simples e exige mudanças contínuas em seus processos industriais. Uma característica de seus produtos, como geladeiras e liquidificadores, torna esse trabalho mais complicado: a maior parte das emissões ocorre na fase de uso, ou seja, após eles deixarem as fábricas. Isso acontece porque a eletricidade consumida pelos equipamentos em seu ciclo de vida — em média, 15 anos — corresponde a 90% do impacto. “Mais importante do que reduzir as emissões no processo de fabricação é fazer o mesmo na casa do cliente”, diz Vanderlei Niehues, diretor de sustentabilidade e assuntos regulatórios da Whirlpool.

A solução é investir em inovação e criar produtos que consumam cada vez menos energia. Para isso, a Whirlpool adotou o conceito de “design para o ambiente”, que leva em conta a eficiência energética desde o primeiro esboço dos aparelhos. A empresa possui 70 centros de pesquisa em todo o mundo e, só no ano passado, lançou mais de uma centena de produtos no Brasil — a Whirlpool é dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid. “Essa é uma ideia concebida dentro da operação brasileira e que, posteriormente, foi expandida para toda a corporação”, diz Armando Ennes do Valle Jr., vice-presidente da companhia na América Latina.

Esse modelo de desenvolvimento implica diretamente os fornecedores. Desde o ano passado, está em curso um projeto que visa dar transparência aos materiais usados na fabricação dos produtos. A meta é disponibilizar ao consumidor, até 2020, informações sobre a composição de 90% das peças utilizadas. Para isso, os parceiros terão de declarar qual tipo de matéria-prima usaram em cada item fornecido. “É preciso ter uma visão mais abrangente de toda a cadeia”, diz Niehues. “Para reduzir o consumo de um refrigerador, por exemplo, é preciso desenvolver um novo compressor, que é fabricado por um terceiro.”

O descarte é outro ponto em que a Whirlpool tem avançado. O Brasil, em 2014, foi o primeiro país a atingir a meta de eliminar o envio de resíduos industriais a aterros. A logística reversa, ou seja, o recolhimento de produtos para reciclagem, por sinal, é um dos grandes desafios da companhia para o futuro. “Temos de envolver toda a cadeia. O varejo tem de entregar um produto novo e retirar o velho, da maneira mais barata possível”, diz Valle Jr. “Ser sustentável pode sair mais caro, mas beneficia toda a sociedade.”

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