Revista Exame

A Dior da China se chama Guo Pei

A chinesa Guo Pei é a estilista das mulheres de ricaços e chefões do Partido Comunista — até a cantora Lady Gaga já encomendou suas roupas

Guo Pei, estilista: fundadora da grife Rose Studio, de Pequim, uma das mais desejadas pelas chinesas (Getty Images)

Guo Pei, estilista: fundadora da grife Rose Studio, de Pequim, uma das mais desejadas pelas chinesas (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2011 às 09h04.

Há dez anos, o número de bilionários na China não passava de 24 pessoas. Agora são mais de 110 felizardos. A turma dos que têm contas bancárias de oito dígitos cresceu numa proporção ainda maior. Estima-se que hoje existam 60 000 chineses com fortunas de mais de 15 milhões de dólares.

É nesse ambiente quase fabril de produzir riqueza que a alta-costura chinesa despontou na última década. Foi nesse período que Guo Pei, dona da Rose Studio, consolidou seu nome entre as maiores estilistas do país­, muitas vezes comparada às mais célebres casas europeias — como Dior e Valentino — pela qualidade e pelo acabamento de seus trabalhos.

Conhecida por suas criações extravagantes, Guo Pei, em entrevista a EXAME, mostrou também que tem um ego comparável ao de muitos de seus pares europeus. “Acredito que um vestido tem o poder de enfatizar a beleza e o que há de melhor em cada cliente. Cada peça que concebo é única e muitas são consideradas obras de arte.”

As roupas assinadas por ela seguem a tradição oriental, com algumas influências da alta-costura ocidental. A estilista, que começou a trabalhar em grifes populares, agora importa tecidos usados na Europa e nos Estados Unidos e, algumas vezes, faz cortes consagrados nas passarelas de Paris e Nova York.

Recentemente, Pei foi listada entre os dez estilistas mais influentes da China pelo portal inglês WGSN, um dos maiores sites de pesquisa de tendências da moda. De fato, ela é uma das preferidas das mulheres de grandes empresários e de membros da alta cúpula do Partido Comunista.

Um vestido produzido para desfiles pode consumir até um ano de trabalho intensivo de costureiras e bordadeiras. A soprano Song Zuying, uma das cantoras líricas mais famosas da China, se apresentou no encerramento da Olimpíada de Pequim ao lado do tenor espanhol Plácido Domingo usando um vestido de Pei inspirado em trajes tradicionais chineses com 200 000 cristais Swarovski bordados.

Para conseguir finalizar o vestido em tempo, a estilista contratou uma dúzia de bordadeiras, que se revezaram em turnos ininterruptos durante duas semanas para pregar cristal por cristal.

Fora do continente asiático, os horizontes do Rose Studio estão se ampliando rapidamente. No ano passado, Nicola Formichetti, um dos personal stylists da cantora Lady Gaga, famosa por seu figurino sempre ousado e chocante, encomendou peças a Pei.

A cantora recebeu algumas opções, mas, de acordo com Formichetti, recusou-as por serem pesadas e elaboradas, comprometendo seus movimentos no palco. Pei, contudo, continua no radar de Formichetti — o que não é pouca coisa no mundinho fashion.

Pei não fala inglês, apesar do rápido aumento de sua clientela estrangeira. Para se comunicar, ela conta com o marido, o taiwanês Cao Bao “Jack” Jie, principal executivo do Rose Studio. Na loja de Guo Pei, em Pequim, as peças são, em sua maioria, feitas por encomenda. As mais acessíveis são encontra­das por cerca de 5 000 dólares. As mais caras podem sair por quase 700 000 dólares. Alguém se candidata?

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaEdição 0991EstilistasModaRoupas

Mais de Revista Exame

Linho, leve e solto: confira itens essenciais para preparar a mala para o verão

Trump de volta: o que o mundo e o Brasil podem esperar do 2º mandato dele?

Ano novo, ciclo novo. Mesmo

Uma meta para 2025