Revista Exame

Negócios em Expansão 2023: os maiores crescimentos na categoria 30 a 150 milhões de reais

O interesse de empresas e pessoas físicas de se alinhar à agenda ESG contribuiu para os negócios bem posicionados nessa categoria em 2022

Mauricio Crivelin, CEO da Kinsol

 (Leandro Fonseca/Exame)

Mauricio Crivelin, CEO da Kinsol (Leandro Fonseca/Exame)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 28 de julho de 2023 às 06h00.

Última atualização em 28 de julho de 2023 às 13h04.


A empresa que mais cresceu

Kinsol - Uberaba (MG)

Mauricio Crivelin, CEO

O QUE FAZ: Revende equipamentos para energia solar por meio de franquias

RECEITA EM 2022: 38,6 milhões de reais

RITMO DA EXPANSÃO: 1.298%

MOTIVO DO CRESCIMENTO: Criou uma rede de franquias para atender empresas interessadas em reduzir gastos com eletricidade


O interesse de empresas e pessoas físicas por energias renováveis, em linha com a agenda ESG, contribuiu para negócios bem posicionados nesse tema terem uma expansão acelerada em 2022. É o caso da mineira Kinsol, de Uberaba. No ano passado, a receita dela cresceu 1.298%, para 38 milhões de ­re­ais. O negócio da Kinsol envolve a compra de equipamentos para geração de energia solar, como placas, inversores e baterias, e a revenda numa rede de lojas franqueadas. Aberta em 2013, a Kinsol foi comprada em 2018 por Mauricio Crivelin, executivo com experiência no mercado de franquias. Antes da Kinsol, Crivelin fundou uma empresa de locação de contêineres cujo canal de vendas também eram franquias.

Crivelin elaborou um plano de expansão da Kinsol por meio desse canal há dois anos. Atualmente, são mais de 250 unidades. Em 90% delas, o franqueado trabalha da própria casa, um apelo e tanto na hora de convencer alguém a ingressar no negócio. O franqueado cuida da prospecção de clientes, da venda em si e da instalação do aparato para a usina solar, jargão para a junção de tecnologias para a geração de energia. A Kinsol fica com a burocracia para importação dos equipamentos e com a análise técnica dos projetos.

Uma regra recente do governo federal provocou uma corrida de interessados pela energia solar no ano passado. Até então, ao instalar uma usina, os gastos com energia caíam a praticamente zero. Pela lei brasileira, a produção acima do consumo de eletricidade de uma residência ou comércio pode ser jogada na rede de distribuição das concessionárias de energia. O saldo serve para abater o valor da conta em meses de produção aquém do consumo. Nas instalações com boa insolação, isso garante um alívio quase permanente na conta de luz.

Tudo isso mudou com o marco regulatório do setor editado no início do ano passado. O texto incluiu a cobrança de uma taxa pelo uso das redes de distribuição das concessionárias a todas as usinas solares instaladas a partir de janeiro de 2023. As instalações de energia solar abertas até essa data ganharam isenção na taxa até 2045. “Tudo isso provocou uma ‘corrida do ouro’ no setor”, diz Crivelin. “Vários clientes, sobretudo pequenos negócios, nos procuraram para instalar placas solares ainda em 2022 para garantir a isenção na taxa.” Em razão da alta nas vendas, a Kinsol ficou  em primeiro lugar entre as empresas na categoria de 30 milhões a 150 milhões de reais do ranking Negócios em Expansão 2023.

O alvoroço causado pelas novas regras de energia solar colaborou para o resultado da paulistana 77Sol, aberta em maio de 2020. O negócio dela é manter uma plataforma online para a revenda de equipamentos para energia solar a uma rede de 12.000 integradores, nome dado aos responsáveis pela instalação das usinas solares. A base grande de clientes dá ganhos de escala às compras da 77Sol com fornecedores. E, na ponta, garante descontos de até 10% no custo dos integradores com a parafernália embarcada em usinas solares. “O efeito barganha ganhou força. O bolo cresceu”, diz o sócio Luca Milani. Em 2022, a 77Sol multiplicou a receita por sete: foram 78 milhões de reais.

Entre os destaques de crescimento nesta edição do Negócios em Expansão estão empresas que já haviam tido um resultado excelente na primeira edição do ranking, no ano passado. Um dos exemplos de expansão contínua é o Grupo Ietaam, de Belém, cuja receita saltou 949% em 2022, para 35 milhões de reais, conferindo à empresa a segunda posição na categoria de 30 milhões a 150 milhões de reais. Na edição passada, o Grupo Ietaam ficou em 36o lugar entre os negócios com faturamento de 5 milhões a 30 milhões de reais. “Falei para meu filho: ‘No ano que vem, vou estar com um resultado bem melhor’. Fiz disso um desafio”, diz o fundador Valdo Oliveira.

A empresa foi fundada em 1986 com um rol de cursos técnicos e profissionalizantes. O negócio deslanchou em 2015 com a introdução da certificação por competência, um diploma dado a quem já trabalha num ofício, mesmo sem uma formação na área e mediante o cumprimento de critérios como aprovação numa prova de conhecimentos técnicos aplicada pelo Ietaam. Hoje, 80% do faturamento da empresa vem daí. Um convênio com o governo do Pará para certificação da mão de obra técnica do estado colaborou para os números superlativos de 2022. “Nossa base tem mais de 85.000 pessoas certificadas”, diz Oliveira.

As mudanças drásticas causadas pela pandemia estão por trás do salto do Bebida na Porta, um delivery criado em 2018 em São Paulo. Em 2022, a receita da empresa ficou em 38 milhões de reais, alta de 340% no ano. O desempenho garantiu à empresa o sexto lugar entre os negócios que mais cresceram na categoria de 30 milhões a 150 milhões de reais. Na primeira edição do ranking, a empresa ficou em 34o lugar entre os negócios de 5 milhões a 30 milhões de reais. Nos últimos dois anos, o Bebida na Porta aproveitou a maior disposição dos clientes para entregas de toda sorte de itens, sobretudo bebidas, para fechar negociações comerciais com as grandes do setor, como Ambev e Femsa, e as importadoras de vinhos Grand Cru e Evino. “Fizemos muitas parcerias para garantir um preço muito bom ao consumidor final”, diz a fundadora Jessica Gordon. O negócio do Bebida na Porta conta com dark stores como entrepostos entre a indústria e o consumidor final. Mais recentemente, a empresa passou a vender o serviço de operação de lojas físicas de parceiros como Ambev, Evino e Grand Cru. “Conseguimos criar experiências e aproximar marcas de consumidores”, diz Gordon.

A diversificação está por trás da expansão do Grupo Central, fundado em 1999, em Ipatinga, no Vale do Aço de Minas Gerais, para atuar no ramo de farmácia de manipulação. De lá para cá, o negócio incorporou a fabricação de nutrição suplementar. Em 2019, a empresa criou uma divisão de terapias nutricionais injetáveis, como vitaminas e aminoácidos receitados por médicos para pacientes com indicação de remédio por via intramuscular. “É um tíquete médio mais alto”, diz Renildo Flores, fundador e CEO do Grupo Central. Em 2022, o negócio faturou 52 milhões de reais, alta de 420% em 12 meses.

A demanda dos consumidores pela chamada multicanalidade colaborou para os bons resultados da startup Sami, um plano de saúde com foco nas pequenas e médias empresas. Presente na Grande São Paulo, a startup avançou em 2022 com uma comunicação ativa nas redes sociais. “Fomos os primeiros a vender planos de saúde no TikTok, por exemplo”, diz Vitor Asseituno, um dos fundadores. “Também criamos um formato member get member, no qual o cliente ganha desconto ao indicar outros clientes. Isso representa de 15% a 20% de nossas vendas.”

Veja a lista completa das empresas selecionadas para o ranking, nas seguintes categorias:

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