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205 negócios em expansão

Ranking inédito da EXAME, BTG Pactual e PwC Brasil revela as 205 empresas emergentes do Brasil que mais expandiram receitas

Das 205 empresas do Ranking EXAME Negócios em Expansão 2022, só duas cresceram abaixo da inflação no ano passado (Cyla Costa/Exame)

Das 205 empresas do Ranking EXAME Negócios em Expansão 2022, só duas cresceram abaixo da inflação no ano passado (Cyla Costa/Exame)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 22 de julho de 2022 às 06h00.

Última atualização em 26 de julho de 2024 às 15h19.

Um dos sinais mais evidentes da vontade do brasileiro de ser dono do próprio negócio é o tamanho da ABF Franchising Expo, feira em São Paulo autointitulada como “a maior do mundo no mercado de franquias”. Depois de dois anos sendo realizado online por causa da pandemia, o encontro teve sua 30a edição em formato presencial em junho deste ano.

O alvoroço em três dias de exposição no Expo Center Norte, na capital paulista, destoa do clima de incertezas com a economia brasileira. Mais de 65.000 visitantes aventuraram-se num ambiente fechado em busca de ideias de negócios — a mesma frequência da edição de 2019, a última presencial antes da covid-19. Um recorde de 457 marcas franqueadoras montaram estandes na feira. Destas, quase 200 estavam ali pela primeira vez.

O maior interesse obrigou a Associação Brasileira de Franchising (ABF) a acrescentar mais 1.000 metros quadrados ao pavilhão de expositores, chegando a 32.000 metros quadrados no total. “Sem dúvida esta foi a feira da retomada do setor após dois anos desafiadores”, disse André Friedheim, presidente da ABF. “E é muito importante notar que o interesse permanece por parte dos dois lados: redes de franquia com planos agressivos de crescimento e empreendedores ávidos por novidades e negócios lucrativos.”

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Por trás dos bons números da feira da ABF está um fenômeno mais amplo: o Brasil nunca foi tão empreendedor como agora. Nos primeiros quatro meses de 2022, os brasileiros abriram 1,3 milhão de CNPJs. A quantia é 30% de todos os negócios fundados no ano passado, um período com criação recorde de empresas no Brasil (se seguir nesse ritmo, 2022 vai ter outra quebra de recordes). Em boa medida, essa avalanche vem depois de mudanças regulatórias para facilitar o registro de novos CNPJs.

Hoje em dia, um empreendedor leva, em média, um dia e 16 horas para ter um registro de empresa no Brasil, de acordo com o governo federal. Praticamente 100% da papelada para virar dono de um negócio pode ser preenchida online. É uma conquista e tanto num Brasil que, até pouco tempo atrás, despejava o peso da burocracia sobre os empreendedores. Há cinco anos, por exemplo, o tempo médio para abrir uma empresa no país passava dos três meses, segundo o Doing Business, ranking do Banco Mundial sobre o ambiente de negócios.

A bandeira da livre-iniciativa e a de um ambiente favorável aos negócios fizeram parte dos 55 anos da EXAME em reportagens e eventos dedicados a desenvolver o capitalismo brasileiro. Para celebrar o momento do empreendedorismo, em parceria com o banco BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) e com suporte técnico da auditoria e consultoria PwC Brasil, a EXAME lança o Ranking EXAME Negócios em Expansão 2022, um anuário dos negócios com maior crescimento ao longo de 2021. “As pequenas e médias empresas são as que mais empregam no país, são o motor do PIB”, diz Rogério Stallone, sócio de crédito corporativo do BTG Pactual e co-head do BTG Empresas. “Queremos dar visibilidade a esses negócios, para que sirvam de exemplo e motivação a outros que trilham o mesmo caminho.”

A estreia do especial traz 205 empresas com receita operacional líquida entre 2 milhões e 300 milhões de reais em 2021. O ranking de empreendedores começou a ser desenhado em março deste ano, com a abertura de inscrições. Para participar do projeto, os tomadores de decisão nas empresas compartilharam documentos contábeis de 2021.

Foram aceitos a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e o balanço financeiro da empresa — ambos os documentos precisavam ter a assinatura de um profissional de contabilidade. A documentação foi analisada por uma equipe técnica da PwC Brasil para atestar a veracidade das informações e o cumprimento do regulamento do ranking.

Numa etapa seguinte, os times de BTG, EXAME e PwC analisaram o perfil das empresas inscritas, em busca de pontos sensíveis sob a ótica do compliance. Tudo isso para formar uma lista de empresas listadas de acordo com o ritmo de expansão dos negócios em 2021. Quanto maior o crescimento percentual da receita operacional líquida da empresa em 2021, na comparação com 2020, mais bem colocada ela ficou no ranking.

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O conjunto de 205 empresas selecionado para o ranking foi dividido em cinco categorias. Quatro delas consideram o porte do negócio e tentam refletir as nuances do universo das pequenas e médias empresas. A primeira delas abrange a faixa dos negócios com receita operacional líquida entre 2 milhões e 5 milhões de reais. Nesse patamar, é comum ver empresas recém-nascidas e ainda enquadradas no Simples Nacional, um regime tributário com regras facilitadas para declaração. No ranking, 38 empresas estão nesse estágio.

A categoria seguinte, de 5 milhões a 30 milhões de reais, considera a fase de aceleração das empresas. Nesse patamar, elas costumam ser chamadas de scale ups, jargão para negócios com um modelo de fazer dinheiro já testado. Nessa fase da vida, estão na toada de conquistar o máximo de clientes possível. Entre as 75 empresas nessa categoria estão nomes como o da assessoria de marketing digital V4 Company, de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, uma das quase 200 estreantes na feira da ABF deste ano. Fundada em 2012, a empresa dedicada às tecnologias para otimizar campanhas online de vendas triplicou de tamanho no ano passado — a receita chegou a 25 milhões de reais.

Na sequência, o ranking elencou os negócios com maior expansão entre os 30 milhões e 150 milhões de reais de faturamento, um patamar mais maduro e mais com a cara do ‘M’ do que do ‘P’ da sigla PME. Do total de inscritas, 59 estão nesse estágio.

A faixa seguinte, de 150 milhões a 300 milhões de reais, enquadra as empresas de médio porte já na rota de virarem grandes. Ali estão 17 inscritas. Por fim, o ranking traz a categoria das novatas, com CNPJs abertos a partir de 2020 ou, então, com receita ínfima naquele ano. O que une essas empresas é o crescimento espetacular em 2021. A primeira colocada, a DQR Tech, uma consultoria paulista de recursos humanos para TI, expandiu a receita em 38.852% no ano passado — foram 7,3 milhões de reais em vendas.

Para além das informações financeiras, o ranking traz informações úteis para descrever todos os negócios em expansão finalistas. Nas próximas páginas, nas tabelas com as informações financeiras enviadas pelas empresas, a equipe de reportagem apurou site, ano de fundação, descritivo das principais atividades e setor de atuação da empresa — para este item, utilizamos o mesmo critério do anuário MELHORES E MAIORES, também da EXAME, que em 2021 dividiu as empresas em 18 grandes cadeias produtivas: Agronegócio, Alimentos e Bebidas, Atacado e Varejo, Bens de Capital e Eletroeletrônicos, Educação e Saúde, Energia, Farmacêutico e Beleza, Imobiliário, Mineração, Moda e Vestuário, Papel e Celulose, Química e Petroquímica, Saneamento e Meio Ambiente, Serviços Financeiros, Siderurgia e Metalurgia, Tecnologia e Mídia, Telecomunicações e Transporte e Logística.

Todas as classificadas têm um ponto em comum: conseguiram crescer num cenário macro para lá de desafiador. Em 2021, a pandemia da covid-19 impôs duras restrições à atividade econômica, com estabelecimentos fechados e dificuldades logísticas, além da crise na saúde pública. A inflação chegou a mais de 10%, o maior nível em seis anos, o que encareceu produtos e serviços e levou empresários de todos os setores a buscar alternativas para segurar os preços.

Das 205 empresas do Ranking EXAME Negócios em Expansão 2022, só duas cresceram abaixo da inflação no ano passado. “Em um período de economia adversa, ver empresas com um desempenho expressivo demonstra a capacidade empreendedora do brasileiro”, diz Elisa Simão, sócia da PwC Brasil. Apesar dos pesares, o Brasil continua sendo um ambiente atraente para quem sabe aproveitar as oportunidades. “Temos um mercado gigante, com muitos problemas para resolver, sedento por inovação e tecnologia”, diz Camilla Junqueira, diretora-geral da Endeavor, entidade de fomento ao empreendedorismo. “São condições que não mudam com a pandemia ou o aumento da taxa de juro e que fazem nosso mercado brilhar para os empreendedores.”

Um destaque da primeira edição do Ranking EXAME Negócios em Expansão 2022 é a abrangência nacional do grupo. Há empresas de 17 unidades da federação, das cinco regiões do país. Dono do maior PIB do Brasil, São Paulo é o estado com o maior número de empresas listadas no ranking — 47% do total são paulistas.

Das 15 empresas de maior crescimento nas cinco categorias, dez são de São Paulo. Em segundo lugar, uma surpresa: Santa Catarina, apenas a sexta economia do Brasil, sedia 27 empresas do ranking, 13% do total. Boa parte delas são startups ou scale ups que já estavam consolidadas antes da pandemia por causa do bom ambiente de negócios no estado. Além de impostos baixos na média nacional, ele tem tradição de apoio ao empreendedorismo. A Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) é uma das principais produtoras de conteúdo sobre negócios no país.

Na sequência vem Minas Gerais: 10% das empresas do ranking estão no estado dono da terceira maior economia do Brasil, incluindo aí empresas com destaque pela expansão acelerada em 2021, como a Opus, de construções modulares, a que mais cresceu entre as listadas na faixa de 30 milhões a 150 milhões de reais. No ano passado, a Opus teve receita operacional de 130 milhões de reais, cinco vezes acima do patamar de 2020.

Um olhar atento aos negócios com maior expansão em cada uma das cinco categorias revela empreendedores hábeis em administrar as turbulências trazidas pela pandemia. São casos como o da Unike Tecnologias, focada em sistemas de acesso via biometria, que cresceu mais de 3.000% no ano passado e ficou em primeiro lugar na categoria de 5 milhões a 30 milhões de reais.

Entre as empresas com receita operacional líquida de até 5 milhões de reais, o destaque foi para o e-commerce de produtos para pet Woof, cuja receita saltou de 220.000 reais em 2020 para 2,2 milhões de reais em 2021, alta de quase 900%.

Na outra ponta, na categoria de maior receita, o primeiro lugar ficou com FinPec, uma fintech que investe na compra de gado e teve receita de mais de 217 milhões de reais em 2021, 162% acima de 2020. Passado o período mais crítico da pandemia, os desafios continuam.

Após anos de bonança, a indústria do capital de risco vive uma retração global, reduzindo o acesso a investimentos e o valor de mercado das startups. O momento é de focar a geração de receita e a sustentabilidade dos negócios. Ainda que o cenário seja desafiador, as boas oportunidades continuarão existindo para quem combina estratégia e capacidade de execução. As conquistas das empresas deste ranking, e os sonhos de quem vai a uma feira de franquias para ser dono do próprio negócio, indicam o caminho para lidar com os desafios à frente.

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