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Pedido de socorro é achado no mar e náufragos são salvos em ilha no Pará

Bilhete na garrafa com pedido de socorro é encontrado no mar por pescadores

Cinco homens e uma mulher foram resgatados de helicóptero pela Marinha (Marinha/Reprodução)
AO

Agência O Globo

Publicado em 14 de abril de 2022 às 13h15.

Teve final feliz e surpreendente o drama de seis tripulantes de um barco que pegou fogo e naufragou no norte do Pará, no último dia 27 de março. Desaparecidos desde então, a mulher e os cinco homens que estavam a bordo do "Bom Jesus" acabaram ficando presos numa ilha deserta a 150 km da capital Belém, com recursos escassos — pois o incêndio aconteceu na cozinha da embarcação — e sem qualquer tipo de comunicação.

Após quase duas semanas ilhados, em atitude já desesperada, resolveram apelar para o que parecia improvável: pedir socorro através de um bilhete, colocado dentro de uma garrafa, onde contavam sobre o acidente, diziam já estar passando fome àquela altura e informavam estar na Ilha das Flechas. Poucos dias depois, a mensagem foi encontrada por pescadores, que avisaram a Marinha. Nesta quarta-feira (13), eles foram enfim resgatados pelos militares, que chegaram ao local de helicóptero.

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" Socorro, socorro! Precisamos de ajuda, nosso barco pegou fogo, estamos há 13 dias na Ilha das Flexas (sic), sem comida. Avise nossa família (seguido dos telefones dos parentes). Somos 06 tripulantes ", dizia a carta.

Os seis tripulantes saíram de Santarém no último dia 24 de março e tinham como destino o município de Chaves (PA). Em depoimento à Marinha do Brasil, após o resgate, Jeferson Marcos dos Santos contou que, no dia do naufrágio, eles ainda enfrentaram um temporal antes do fogo na cozinha, que se alastrou. Prevendo o risco, por conta das condições adversas, eles procuraram se aproximar de alguma praia o máximo possível, e foi quando perceberam que um incêndio se alastrava.

“Estou desempregado. Saí de Santarém para fazer essa viagem. Durante a viagem, pegamos um temporal e a embarcação pegou fogo na parte da cozinha. E nós começamos a jogar a embarcação para ver se encontramos uma praia, onde ficamos 17 dias. Com a força de Deus, e graças à Marinha, conseguimos sair através de uma boia, quando escrevemos um bilhete e fomos achados", disse.

Durante o tempo que ficaram na ilha, o grupo conta que precisou beber água da chuva e comer os poucos alimentos que conseguiram salvar do barco. Foi quando, no dia 4 de abril, Jeferson e outro náufrago, Joelson Silva da Costa — ambos com formação e treinamento em Auxiliar de Máquinas — tiveram a ideia de pedir ajuda pelo bilhete na garrafa. Eles amarraram numa boia e, à própria sorte, a jogaram no mar. A Marinha conta que, ao ser questionado sobre a ideia de escrever um bilhete na boia, Jeferson afirmou que aprendeu a tática justamente em um curso que fez na Marinha.

Causa do naufrágio será investigada

Já no helicóptero eles foram imediatamente atendidos por militares médicos e enfermeiros, que prestaram os primeiros socorros. De acordo com a Marinha, eles apresentavam bom estado geral de saúde, mas, quando chegaram a Belém, por volta das 18h40 de quarta-feira, foram encaminhados de ambulância para a UPA de Sacramenta, para que fossem realizados novos exames.

Em nota, a Marinha do Brasil afirmou que irá instaurar um inquérito administrativo para apurar as causas, circunstâncias e responsabilidades pelo acidente. Os militares não informavam que tipo de carga era levada pelos tripulantes.

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