Greve de roteiristas: 22h30 de ontem, a comissão informou aos membros que se reuniu durante 10 horas e que continuaria a conversar nesta quarta-feira (AFP/Reprodução)
Repórter da Home e Esportes
Publicado em 8 de novembro de 2023 às 09h50.
Os principais estúdios de Hollywood concordaram em ajustar a linguagem sobre inteligência artificial à medida que se aproximam de um acordo contratual para encerrar a greve de atores que já dura 117 dias. A informação é da revista Variety.
Membros do Sindicato dos Atores e Federação Americana de Artistas de TV (SAG-Aftra) reuniram-se na noite de segunda-feira, 6, com os líderes da Aliança dos Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP). Na reunião, os dois lados parecem ter resolvido algumas das questões pendentes sobre IA, que se tornou o foco central das conversações nos últimos 10 dias.
Às 22h30 de ontem, a comissão informou aos membros que se reuniu durante 10 horas e que continuaria a conversar nesta quarta-feira. O sindicato emitiu um comunicado na tarde de segunda dizendo que permaneciam diferenças em “vários itens essenciais”, incluindo IA.
Além da IA, o SAG-Aftra ainda estava trabalhando em um mecanismo para distribuir um novo bônus nos resíduos de streaming. Os estúdios ofereceram aos atores um bônus de 100% sobre seu resíduo padrão de streaming se eles aparecerem em um dos programas mais assistidos em uma plataforma.
O sindicato entregou sua última proposta formal à AMPTP na manhã de segunda-feira, após trabalhar 12 horas por dia no domingo.
A greve foi anunciada após o SAG-Aftra anunciar que não conseguiu chegar a um acordo com os grandes estúdios de Hollywood. Os artistas paralisarão todos os trabalhos a partir da 00h (horário de Los Angeles) de hoje, após votação unânime do sindicato. A greve dos roteiristas, que já paralisou grandes produções como Stranger Things e Abbott Elementary, está em curso desde maio deste ano.
"Somos vítimas de uma entidade muito gananciosa. Não acredito, sinceramente, o quão distantes estamos", disse a presidente do SAG-Aftra em comunicado à imprensa. "Todo o modelo de negócios foi mudado pelo streaming, pelo digital, pela IA. Se não agirmos agora, estaremos todos em perigo de sermos substituídos por máquinas."
Entre as reivindicações, a classe dos artistas pede uma revisão dos royalties das plataformas de streaming, para as quais os filmes são enviados assim que saem das salas de cinema. Essa prática já é bastante comum para canais de TV por assinatura, mas não chegou aos streamings de vídeo ainda. Dessa forma, a maior parte dos lucros fica retida nas mãos dos executivos e não chega aos atores envolvidos nos filmes e séries.
O SAG afirma, ainda, que os pagamentos de royalties feito aos atores e atrizes de Hollywood foram "substancialmente reduzidos nos últimos dez anos, o que acompanha o crescimento desenfreado do streaming".
Outro ponto está relacionado ao uso indiscriminado de inteligência artificial dentro das produções de estúdios. Hoje, boa parte dos artistas sequer sabe quando são replicados nos filmes e séries das quais participam, uma prática que fere os direitos de imagem (sem consentimento) deles, além de não ser devidamente remunerada.