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Como são os sons de Marte? Rover da Nasa revela o que se escuta no planeta

O estudo publicado na revista Nature utilizou gravações realizadas pelo rover no planeta vermelho para apresentar a primeira caracterização do ambiente acústico de Marte

Marte: O Perseverance está em Marte desde 18 de fevereiro com seu pequeno companheiro e helicóptero, Ingenuity (Getty/Getty Images)

Marte: O Perseverance está em Marte desde 18 de fevereiro com seu pequeno companheiro e helicóptero, Ingenuity (Getty/Getty Images)

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André Martins

Publicado em 6 de abril de 2022 às 21h33.

O rover Perseverance da Nasa em Marte já conseguiu grandes feitos para a missão espacial. Entre eles está recuperar com sucesso uma amostra de rocha de Marte, avistar um redemoinho de poeira, ver uma espécie de arco-írisnuvens coloridas e produziu oxigênio pela primeira vez na história do planeta. O mais novo feito do Perseverance foi possibilitar que um estudo identificassem como são os sons de Marte.

O estudo publicado na revista Nature na última sexta-feira utilizou gravações realizadas pelo rover no Planeta Vermelho para apresentar a primeira caracterização do ambiente acústico de Marte e as flutuações de pressão na faixa audível. 

Segundo os pesquisadores, antes do pouso do rover Perseverance, o ambiente acústico de Marte era desconhecido. “A gravação de sons oferece a oportunidade única de estudar a atmosfera como principal fonte natural de som e como meio de propagação de ondas acústicas", diz o estudo. 

O estudo identificou qual a rapidez com que o som viaja pela atmosfera de Marte. Os cientistas também usaram as gravações de áudio para sondar mudanças sutis de pressão do ar no planeta

Além de descobrir que a velocidade do som em Marte é mais lenta do que na Terra -- algo já esperado --, a pesquisa revelou que existem pelo menos duas velocidades marcianas de som que variam conforme o tom ou a frequência das ondas sonoras.

Em Marte, os sons graves viajam a cerca de 240 metros por segundo, enquanto os sons mais agudos se movem a 250 metros por segundo. Na Terra, os sons normalmente viajam a 343 metros por segundo.

Sylvestre Maurice, astrofísico da Universidade de Toulouse, na França, e principal autor do estudo, explica no estudo que o atraso nas notas graves em comparação com os mais agudos deve ter como causa a baixa pressão e turbulência térmica do ar da superfície marciana, que se combinam para ajudar as ondas acústicas de alta frequência a se propagarem mais rapidamente. “Pode induzir uma experiência auditiva única em Marte com uma chegada antecipada de sons agudos em comparação com os graves”. 

Os cientistas consideraram o planeta vermelho silencioso, porém afirmaram que isso pode mudar de acordo com a estação do ano. Nos próximos meses, Marte pode ser mais barulhenta. “Estamos entrando em uma temporada de alta pressão. Talvez o ambiente acústico em Marte seja menos silencioso do que quando pousamos", explicou Baptiste Chide, que também participou do estudo. 

Diferente de duas missões anteriores da Nasa em Marte, a Mars Polar Lander e a Phoenix, que foram equipadas com microfones para o planeta, mas não tiveram sucesso na captação de som, o rover Perseverance conseguiu capturar os ruídos marcianos por estar equipado com dois microfones emparelhados com suas câmeras.

O Perseverance está em Marte desde 18 de fevereiro de 2021 com seu pequeno companheiro e helicóptero, Ingenuity, que já realizou três voos pelo planeta vermelho enquanto o rover busca por indícios de que já houve vida no planeta vermelho.

Escute os sons de Marte captados pelo Rover Perseverance da Nasa

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Sobre a missão Perseverance da Nasa

O objetivo principal do Perseverance é a busca por sinais de vida. O rover irá analisar a geologia e procurar pistas sobre como era o clima de Marte no passado, abrindo caminho para exploração humana. Ele também irá coletar rochas e sedimentos do local para serem analisados posteriormente na Terra, algo nunca antes feito no planeta.

A espaçonave, que viajou por volta de 468 milhões de quilômetros desde o seu lançamento no dia 30 de julho de 2020, pousou na cratera de Jezero, uma bacia no planeta vermelho, onde os cientistas acreditam que um antigo rio desaguou em um lago e depositou sedimentos. Eles consideram provável que o ambiente tenha preservado sinais de alguma vida que tenha habitado Marte até bilhões de anos atrás. 

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