José Paulino Gomes teria morrido aos 127 anos, de acordo com o único cartório da cidade de Pedra Bonita, em MG; porém idade é incerta (Arquivo pessoal/Reprodução)
Agência de notícias
Publicado em 29 de julho de 2023 às 12h27.
O homem mais velho que já viveu no mundo pode ser brasileiro. José Paulino Gomes teria nascido em 4 de agosto de 1895, segundo registros do cartório Silva, o único da cidade de Pedra Bonita, na Zona da Mata, em Minas Gerais. Ele morreu nesta sexta-feira, 28, o que o faria ter 127 anos, segundo informou G1. A data é incerta, isso porque o homem teria se registrado anos mais tarde depois de seu nascimento, com uma data antiga.
"No interior aqui, geralmente, as pessoas são registradas quando já estavam mais velhas. Tem vários casos com a documentação errada. Mas a documentação dele foi abaixo do que ele tinha. Tem uma senhora aqui perto com 98 anos. Ela fala que conhecia ele quando ele já era um rapazinho. Foi quando a gente teve a curiosidade de confirmar a idade e procurou o cartório para saber qual era a certa. Com certeza mais de 100 anos ele tinha, pelo menos 110. Agora a gente precisa saber como vai ficar na certidão de óbito", disse a neta Eliane Ferreira em entrevista ao G1.
Se confirmada a história, seu José poderia ser considerado o humano mais velho do mundo. A atual recordista pelo Guinness World Records é a espanhola Maria Branyas Morera, de 115 anos. A história do senhor de Minas Gerais é semelhante com a da francesa Jeanne Calment, falecida em 1997, aos 122 anos, cuja verdadeira idade continua incerta.
Em 2018, pesquisadores russos teriam apontado uma possível fraude que a descartavam como a mulher mais velha do mundo. A tese apresentada por eles foi a de que a francesa, que ficou famosa no final do século XX por sua idade avançada, não era Jeanne, mas sua filha, Yvonne Calment.
Porém, um ano depois, em 2019, pesquisadores suíços comprovaram a idade da francesa e disseram que “crível” que ela tivesse 122 anos quando morreu em 1997. Para sustentar suas conclusões, os autores recuperaram documentos históricos, incluindo um artigo publicado na imprensa local em 1934 em Arles, onde Calment morava, comprovando que uma “multidão” compareceu ao funeral de Yvonne, filha de Jeanne, que morreu aos 36 anos.
Os pesquisadores suíços acham difícil de imaginar que nenhuma testemunha não tenha notado a fraude de identidade, que teria necessitado da cumplicidade de dezenas de pessoas.
Tanto seu José, quanto Calment, são pessoas do século XIX. Se o mineiro nasceu realmente em 1895, ele tinha 19 anos quando o telefone foi inventado. Quando os primeiros computadores portáteis (PC) começaram a ser vendidos em 1977, ele já tinha mais de 80 anos. E cravava 93 quando a internet chegou ao Brasil, em 1988. Ou seja, além de ser outra época, os documentos eram feitos de papel, por escrito, e armazenados em pastas antigas de cartórios em cidades pequenas. Se hoje, com o digital, já é difícil lembrar onde está um documento específico, imagina uma certidão de nascimento do final do século XIX. O que faz essa conclusão de uma data de nascimento específica ser perdida no tempo.
Outra brasileira que não teve a idade reconhecida no livro dos Recordes é Josefa Maria da Conceição, morta aos 121 anos. A alagoana, conhecida também como "Dona Josefa" estava sendo avaliada pelo Guinness Book para reconhecimento do título, de acordo com a prefeitura da cidade. Em 2019, o prefeito de Pilar, Renato Filho (MDB), chegou a fazer contato com o livro dos recordes no Brasil para tentar registrar a marca.