Carlos García, CEO e cofundador da startup de carros usados Kavak (Kavak/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 29 de dezembro de 2020 às 06h00.
Nem mesmo a pandemia conseguiu frear o crescimento do ecossistema latino-americano de startups em 2020. Apesar da retração no número de aportes no segundo trimestre do ano, a região termina o ano com cinco novos unicórnios — startups de capital fechado avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares.
Segundo a Lavca (Associação Latino-Americana de Private Equity & Venture Capital), a região tem sido berço de novos unicórnios desde 2017, quando passou a haver mais capital disponível no mercado.
De 2016 a 2019, o número de transações e o volume investido em startups latino-americanas dobrou ano após ano, chegando ao patamar de 440 aportes e 4,6 bilhões de dólares em investimento em 2019, de acordo com dados da associação.
O ano passado foi um recorde na região. No Brasil, empresas como Wildlife, Ebanx, Loggi, Quinto Andar e Gympass entraram para o seleto clube de unicórnios, seguindo os passos de 99, Nubank, iFood e Movile. Além das empresas brasileiras, a colombiana Rappi, de delivery, e a argentina Autho, de autentificação eletrônica, também já eram consideradas unicórnios em 2019.
Em janeiro, 2020 já dava sinais de ser um ano promissor com a entrada da brasileira Loft ao seleto grupo de unicórnios, após uma rodada de 175 milhões de dólares. A pandemia, no entanto, segurou os grandes aportes de março a junho. A região só voltou a ter uma empresa superando o valuation de 1 bilhão de dólares em setembro, quando a uruguaia dLocal anunciou sua rodada de 200 milhões de dólares. Desde então, outras três empresas se uniram ao clube.
A Loft, startup brasileira de compra e venda de imóveis, foi alvo de uma rodada de 175 milhões de dólares em janeiro — o que a tornou o primeiro unicórnio brasileiro de 2020, com valuation de 1 bilhão de dólares. Os fundos Vulcan Capital e Andreessen Horowitz colideraram a rodada, com a participação da QED Investors, Fifth Wall Ventures, Thrive Capital, Valor Capital e Monashees. De lá para cá, a Loft comprou startups menores, como a Uotel e a Invest Mais; intermediou mais de 500 financiamentos imobiliários; lançou um novo fundo imobiliário de 360 milhões de reais na B3; e aumentou sua equipe em mais de 50% para dar conta do crescimento do negócio.
Em 2020, o Uruguai conquistou seu primeiro unicórnio. A startup dLocal, fundada em 2016, foi avaliada em 1,2 bilhão de dólares em uma rodada de 200 milhões de dólares liderada pela General Atlantic e Addition em setembro. A companhia de Montevidéu fornece plataformas de pagamentos para que empresas multinacionais, como Amazon e Booking, atuem em países em desenvolvimento. Com o capital, a fintech está desenvolvendo novos serviços e produtos e pretende entrar em 13 novos países, incluindo Quênia, Vietnã e Tailândia.
A brasileira VTEX, de soluções para e-commerce, se tornou o segundo unicórnio brasileiro de 2020. Em setembro, na sua rodada de captação série D, a empresa recebeu 225 milhões de dólares dos fundos Tiger Global e Lone Pine Capital, sendo avaliada em 1,7 bilhão de dólares. Com o dinheiro, a empresa vai fazer aquisições, contratar mais funcionários e acelerar o crescimento nos Estados Unidos, Europa e Ásia. No final de 2019, a companhia havia recebido um investimento de 140 milhões de dólares dos fundos SoftBank, Gávea e Constellation Asset Management.
Em outubro, a startup Kavak, que vende carros usados, se tornou o primeiro unicórnio do México. Em sua última rodada de financiamento, a empresa atingiu o valor de mercado de 1,15 bilhão de dólares. Desde que foi fundada em 2016, a companhia levantou mais de 400 milhões de dólares em rodadas com participação dos fundos SoftBank, DST Global e Greenoaks Capital. Por enquanto, a companhia atua somente no México e na Argentina, mas está de olho no mercado brasileiro.
Último unicórnio de 2020 do Brasil, a Creditas conquistou a segunda maior rodada do ano. No dia 18 de dezembro, a empresa anunciou ter concluído sua rodada série E, na qual captou 255 milhões de dólares com os fundos LGT Lightstone, Tarsadia Capital, Wellington Management, e.ventures e Advent International. Na rodada, a startup foi avaliada em mais de 1,75 bilhão de dólares, o que lhe garantiu o título de unicórnio. A empresa disse que irá usar o dinheiro para expandir seus produtos financeiros e de soluções para o consumidor, assim como para investir na operação no México, iniciada há quatro meses.