Orlando Seabra, fundador e presidente da Credere: a fintech atende mais 250 grupos de concessionárias em 25 estados brasileiros (Credere/Divulgação)
Carolina Ingizza
Publicado em 24 de maio de 2021 às 08h01.
Última atualização em 24 de maio de 2021 às 22h03.
Fundada em 2014 em Natal, no Rio Grande do Norte, a fintech Credere cresceu fora dos holofotes, mas conquistou clientes nos rincões do país. A empresa é fruto do desejo dos sócios Orlando Seabra, Sanderson Santana e Fred Alecrim de construir uma ferramenta para facilitar a venda financiada de veículos para concessionárias afastadas dos grandes centros urbanos. Hoje, sua solução é usada por mais de 250 redes de concessionárias clientes em 25 estados.
Aos varejistas clientes, a empresa oferece uma plataforma integrada a bancos privados como Pan, BV, Bradesco, Itaú e Santander. Por lá, os vendedores podem colocar os dados dos clientes interessados em financiamento, comparar as condições de crédito e fechar a operação digitalmente. “Até então, esse processo era muito manual, com idas e vindas de documentos e informações, como uma versão analógica do que fazemos agora, tornando a compra financiada um esforço de semanas”, diz Orlando Seabra, presidente da Credere.
A operação da fintech, que diz ampliar a taxa de aprovação dos clientes em até 20%, chamou a atenção do unicórnio Creditas. As companhias anunciam nesta segunda-feira, 24, que estão fechando uma parceria para que as linhas de crédito da Creditas sejam oferecidas na plataforma da startup.
“Estamos muito focados em acelerar nossa presença no mercado de veículos e entregar aos lojistas a melhor experiência possível. A Credere tem um ambiente multibanco que torna a vida do varejista mais simples e isso está 100% alinhado com a missão da Creditas”, diz Luana Bichuetti, vice-presidente da Creditas Auto. Já para a Credere, a parceria é uma oportunidade de conquistar outras concessionárias clientes dentro da base da Creditas.
A Credere cobra das concessionárias clientes uma mensalidade de R$ 690 por mês por loja que usa a sua ferramenta de análise de crédito. Dos bancos e fintechs, a empresa ganha uma comissão por transação intermediada. Os valores variam conforme a região, mas ficam entre 0,1% e 6%.
No ano passado, a companhia teve 1,8 milhões de simulações de crédito feitas na sua plataforma e R$ 1 bilhão em propostas de financiamento pagas pelos bancos, o que representa um crescimento de 50% em relação a 2019.
Segundo Seabra, a alta é consequência da digitalização que o setor passou durante a pandemia. “A covid-19 nos permitiu enxergar ainda mais o potencial desse mercado. Nossa estimativa é fechar o ano de 2021 com mais de 1.000 lojas usando o Credere e R$ 3 bilhões financiados”, diz o fundador.
A principal estratégia da companhia para crescer em 2021 é ampliar seu quadro de funcionários nas áreas de marketing, vendas e tecnologia para escalar a operação e chegar a novas cidades. Para isso, a empresa conta com um aporte de R$ 2,5 milhões recebido em 2020 em uma rodada seed liderada pela Domo e com participação da Bossa Nova.
A visão dos sócios é que o setor de financiamento de carros e motos, que já movimenta R$ 200 bilhões por ano no Brasil, ainda tem espaço para crescer. De acordo com a ANEF (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), o financiamento de veículos é uma categoria de pagamento usada em cerca de 50% das transações comerciais do setor.
“Nós acreditamos que esse número pode ser ainda maior, em volume e em proporção. O processo de venda financiada está completamente desconectado da realidade do e-commerce. Nós estamos trabalhando para que o cliente em sua casa e o vendedor que esteja na rua ou em uma loja, possam simular, submeter proposta e formalizar o financiamento como uma compra digital qualquer”, afirma Seabra.
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