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Zazcar: o concorrente ajudou

Michele Loureiro Concorrente bom é concorrente morto? Não necessariamente. Pelo menos, para a empresa de compartilhamento de carros Zazcar. A empresa foi funda há seis anos e é pioneira na América Latina num serviço comum na Europa e nos Estados Unidos, o aluguel de carros por hora. O cliente se cadastra e pode pegar e […]

(Exame.com/Site Exame)
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Da Redação

Publicado em 14 de novembro de 2016 às 16h37.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h31.

Michele Loureiro

Concorrente bom é concorrente morto? Não necessariamente. Pelo menos, para a empresa de compartilhamento de carros Zazcar. A empresa foi funda há seis anos e é pioneira na América Latina num serviço comum na Europa e nos Estados Unidos, o aluguel de carros por hora. O cliente se cadastra e pode pegar e devolver os veículos em diferentes pontos da cidade (por enquanto, funciona apenas em São Paulo). Paga por tempo de uso ou por quilômetro rodado. Acontece que, no Brasil, a ideia demorou um bocado para pegar.

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Em 2012, o presidente da empresa, Felipe Barroso, projetava que no ano seguinte já estaria atuando em São Paulo e Rio de Janeiro e falava em 300 carros na frota. Para 2018, ele estimava que o serviço de compartilhamento de carros estaria em 11 cidades brasileiras, com 2.800 carros e cerca de 200.000 usuários. Mas a realidade ficou bem longe da expectativa. Atualmente, a empresa possui 52 pontos de retirada no centro expandido de São Paulo e cerca de 100 veículos. “Tivemos dificuldades no começo porque os consumidores não estavam dispostos a experimentar uma nova possibilidade de locomoção. Mas agora encontramos um formato que consideramos ideal”, diz Barroso.

A Zazcar é precursora de um serviço para um público crescente – pessoas menos interessado na posse de carros, em busca de menos gastos e mais alternativas de mobilidade. Mas a arrancada só veio com a chegada de um concorrente poderoso – o Uber. As duas empresas não prestam exatamente o mesmo serviço, já que o Uber tem seus próprios motoristas, mas competem pelos mesmo clientes potenciais. “O Uber nos ajudou muito sem sequer saber. O sucesso do aplicativo elevou a confiança dos consumidores nos nossos serviços e o que era um nicho agora tem potencial de virar uma fatia importante do mercado”, diz Barroso.

Além de quebrar a desconfiança, a empresa teve de aprender com os próprios erros. Até agosto desse ano, os interessados em reservar um dos veículos tinham de se cadastrar no site da Zazcar e o processo era moroso. Para simplificar e agilizar o procedimento, a empresa desenvolveu um aplicativo que permite o cadastro instantâneo do motorista – a análise pode levar até duas horas. Basta preencher dados pessoais e do cartão de crédito, tirar uma selfie e fotografar a carteira de habilitação. O próprio aplicativo já funciona como dispositivo de destravamento do veículo escolhido e a chave já fica dentro do carro.

O jeito de cobrar pelo serviço também mudou. Antes, os consumidores podiam optar por diárias, como em locadoras de veículos, e o valor variava conforme o modelo escolhido. Agora, a Zazcar percebeu que seu serviço precisa ser mais fracionado e passou a cobrar 8 reais por hora e 0,50 por quilômetro percorrido. “A gente acaba competindo até com transporte público. Quem ganha é o consumidor que pode escolher a melhor opção”, diz o CEO.

A frota mista também foi um desafio para a empresa. No começo do negócio, a Zazcar trabalhava com modelos como Fiat Uno, Volkswagen Gol, Nissan March, Toyota Etios, Volkswagen Fox, Mercedes-Benz Smart e Chevrolet Zafira. Com vários modelos de veículos, o consumo de combustível variava e a manutenção também tinha custos diferentes. “Entendemos que não era um modelo sustentável. Por isso, agora todos os nossos carros são Ford Ka e desta forma padronizamos os custos”, diz Barroso. A ideia é expandir as categorias aos poucos.

A insistência da Zazcar no negócio tem uma explicação plausível. Segundo Barroso, o mercado de compartilhamento de veículos fatura cerca de 4 bilhões de dólares por ano nos Estados Unidos – e é natural que cresça também no Brasil. Ainda assim, após o tombo dos primeiros anos, a ideia da empresa é analisar os resultados com o aplicativo recém lançado e só pensar em crescimento no segundo semestre do ano que vem. A expectativa é chegar a 80 pontos, com mais de um carro por local, até o fim de 2017. “Deixamos a expansão para outras cidades para um outro momento”, diz Barroso.

A ideia de reforçar as estruturas pode ser fundamental. Afinal, outras empresas também já perceberam o potencial do segmento. Há até quem aposte em transformar carros próprios em compartilhados. Caso das brasileiras Fleety e Pegcar, que colocam donos de carros ociosos e interessados em locação em contato – e cobram até 16% do valor da locação para bancar a assistência 24 horas e o seguro do veículo.

A briga não para por aí. Até mesmo as fabricantes de veículos, como Toyota, General Motors, BMW e Volkswagen, estão interessadas em pegar carona nesse novo formato de negócio. Prova disso são as recentes alianças anunciadas entre as montadoras e companhias como Uber, Lyft, Gett e Scoop Technologies. “As montadoras já notaram que a venda de carros motivada apenas pelo status e necessidade de posse não vai segurar o mercado por muito tempo”, diz Barroso. Até a Apple já mostrou interesse. Recentemente, a empresa investiu 1 bilhão de dólares no aplicativo chinês Didi Chuxing, de reserva de táxi, que conta com cerca de 300 milhões de usuários na China. Enquanto isso, a Zazcar prepara a casa para quando toda a concorrência desembarcar por aqui – e ela precisar compartilhar mercado.

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