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Aula no WeWork? Empresa está negociando com escolas, diz presidente

Em entrevista à CNBC, o presidente Sandeep Mathrani disse que os espaços da WeWork poderiam comportar a volta do ano letivo em meio ao coronavírus

WeWork: presidente da companhia acredita que o co-working será demandado no "novo normal" após a pandemia da covid-19 (Brendan McDermid/Reuters)

WeWork: presidente da companhia acredita que o co-working será demandado no "novo normal" após a pandemia da covid-19 (Brendan McDermid/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 16 de junho de 2020 às 14h47.

Última atualização em 16 de junho de 2020 às 20h18.

A empresa de escritórios compartilhados WeWork foi criada para empresas -- como diz o nome, algo como "nós trabalhamos", em inglês. Mas pode, em breve, ser cenário de algumas escolas.

O presidente da WeWork, Sandeep Mathrani, disse nesta terça-feira, 16, em entrevista à rede de televisão americana CNBC que está em conversas com escolas privadas da cidade de Nova York para que elas tenham aulas nos espaços da empresa no próximo ano letivo.

O objetivo seria as escolas retornarem às atividades presenciais com uma menor lotação de alunos. "Para permitir que elas [as escolas] comecem, eles podem usar algumas das localidades da WeWork, que de certa forma se encaixam bem como salas de aula", disse Mathrani.

O ano letivo no hesmifério Norte, em países como os Estados Unidos, começa por volta de setembro, junto com o outono local. No momento, os alunos estão em férias de verão. Antes disso, por volta de março, passaram a ter aulas remotas por causa do novo coronavírus.

Para o presidente da WeWork, essa é, inclusive, uma mostra de que as empresas precisam ser flexíveis na retomada diante das transformações impostas pela pandemia.

Mathrani diz que as conversas só estão acontecendo com escolas particulares por ora, e não deixou claro se haveria algum tipo de preço diferenciado para elas. O presidente disse também que pode ampliar a negociação para escolas públicas se "for possível ter essa conversa".

A WeWork tem mais de 100 unidades na cidade de Nova York. No mundo, são mais de 800 escritórios. No Brasil, são 28 unidades, com escritórios em Belo Horizonte, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo, e mais de 20.000 clientes -- a empresa não divulga quantos encerraram ou mudaram contratos por causa da crise.

Volta ao trabalho

Assim como empresas em todo o mundo vem preparando seus escritórios para um retorno gradual ao trabalho, o mesmo acontece com as companhias que alugam espaços na WeWork.

Mathrani disse na entrevista à CNBC que a empresa está se inspirando na experiência que vem tendo na China -- que voltou às atividades mais cedo que o resto do mundo -- para planejar a retomada.

Em cidades americanas que já reabriram gradualmente há algumas semanas, como Atlanta e Miami, o presidente da WeWork diz que a volta ao trabalho atingiu cerca de 50% dos funcionários que alugam espaços na empresa. "Então, nós de fato achamos que talvez siga o mesmo caminho [da China], que é de cerca de 60 dias", diz.

O presidente também não acredita que as pessoas desejam trabalhar somente de casa -- o que afetaria sobremaneira o negócio da WeWork. A empresa vem realizando pesquisas com os funcionários e empresas que trabalham em seus espaços.

"Eu acho que, no começo, funcionou", disse. "Mas eu acho que o tempo passou... e mais e mais nós estamos achando que as pessoas querem poder voltar, mas querem da sua maneira. Elas querem que seja flexível."

Como os tempos de contrato são mais dinâmicos — há opções com duração a partir de um mês, e ampliar ou reduzir o número de posições no escritório fica mais simples --, a empresa acredita que pode se beneficiar com as adaptações e política de home office que tomou conta das empresas. Na outra ponta, com as empresas em crise, o mesmo contrato flexível pode fazer com que algumas deixem a WeWork ou reduzam espaços de trabalho.

Na semana passada, a IBM anunciou que deixará de ocupar um espaço de 10.000 metros quadrados da WeWork em Nova York. No Brasil, a WeWork anunciou em maio o fechamento de duas unidades no Rio de Janeiro.

O diretor da WeWork no Brasil, Lucas Mendes, disse em entrevista à EXAME em maio que, mesmo em meio aos desafios, a empresa está otimista com as mudanças de cultura no mundo corporativo. Na visão de Mendes, a tendência pós-pandemia é que as empresas continuem vendo a importância em ter seus próprios escritórios, mas o espaço será repensado. “Por melhor que as empresas trabalhem online, elas vão continuar vendo valor em se encontrar. E nós vamos promover isso da forma mais segura possível”.

Mesmo antes da crise, a WeWork já vinha sendo questionada por seus altos prejuízos e gastos e por problemas na gestão. Mathrani, inclusive, chegou para presidir a empresa em fevereiro deste ano, vindo de uma carreira de décadas no mercado imobiliário tradicional -- o oposto do antigo presidente e fundador da WeWork, Adam Neumann, que saiu da companhia no ano passado em meio a desavenças com o principal investidor, o conglomerado japonês Softbank.

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