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Vulcabrás fecha fábricas em Sergipe e deve demitir 1,3 mil

A principal reclamação da companhia é a dificuldade de brigar com os produtos asiáticos, especialmente chineses, no mercado externo


	Calçados: a companhia empreende há quase uma década um programa de cortes de custos
 (Drawlio Joca/EXAME.com)

Calçados: a companhia empreende há quase uma década um programa de cortes de custos (Drawlio Joca/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de maio de 2014 às 10h02.

Aracaju - O grupo gaúcho Vulcabrás, dono de marcas de calçados como Azaleia e Olympikus, informou, na terça-feira, 13, que a decisão de fechar três de suas fábricas no Estado de Sergipe - nas cidades de Carira, Ribeirópolis e Lagarto - é irreversível.

A desativação das fábricas, motivada por dificuldades que a companhia vem enfrentando há vários anos, deve acarretar a demissão de 1,3 mil trabalhadores.

A principal reclamação da companhia é a dificuldade de brigar com os produtos asiáticos, especialmente chineses, no mercado externo. Dados do Ministério do Desenvolvimento mostram uma redução de 2,5% na quantidade de pares vendida e de 6,2% em volume financeiro.

O preço médio do produto brasileiro lá fora diminuiu: estava em US$ 8,46 o par, entre janeiro e abril de 2013, e caiu para US$ 7,77, no mesmo intervalo deste ano.

Segundo fontes do mercado calçadista, a companhia empreende há quase uma década um programa de cortes de custos que incluiu uma malfadada tentativa de produzir calçados na China e o fechamento de diversas unidades locais - de uma só vez, a Vulcabrás fechou 12 unidades na Bahia no fim de 2012.

Os resultados, porém, continuam no terreno negativo. No ano passado, a empresa conseguiu reduzir seu prejuízo em 58,9% - mesmo assim, as perdas somaram R$ 126,7 milhões.

Em comunicado divulgado ontem, a Vulcabrás informou que o processo de reestruturação iniciado há dois anos ainda não deu os resultados esperados para que a companhia pudesse enfrentar a realidade competitiva do mercado e bater de frente com o produto chinês.

No auge da crise, em 2012, a empresa tentou vender uma fatia de seu negócio ao fundo Pátria Investimentos, mas o negócio não foi adiante. Desta forma, a companhia perdeu um aporte estimado em R$ 500 milhões.

Na mesma época, a companhia trocou de presidente e contratou a Galeazzi & Associados - consultoria de Claudio Galeazzi, hoje presidente da gigante dos alimentos BRF - para ajudar na reestruturação.

Segundo fontes do mercado de calçados, uma das principais fontes de despesas que acabaram por minar o resultado final da companhia foi o investimento na marca esportiva Olympikus.

Com essa linha, a empresa tentou bater de frente com marcas estrangeiras com muito mais dinheiro para investir em desenvolvimento de produto e marketing.

Mudança

Com a desativação de três fábricas em Sergipe, a Vulcabrás concentrará todas as suas atividades no Estado na matriz regional, em Frei Paulo. A autoridades estaduais, a companhia garantiu que pagará todos os direitos trabalhistas dos funcionários dispensados.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Sergipe é hoje o sexto maior polo produtor de sapatos do Brasil, atrás de Rio Grande do Sul, Ceará. São Paulo, Paraíba e Bahia.

A decisão da empresa mobilizou o governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB), que tentou reverter o quadro, mas não obteve sucesso. Ele conversou com diretores da empresa e foi informado que a decisão é da direção nacional da empresa.

O secretário de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia (Sedetec), Saumíneo Nascimento, disse que não tem como interferir nas decisões da Azaleia, mas assegurou que já está entrando em contato com outras empresas que possam ter interesse em utilizar os galpões pertencentes ao Estado. A Vulcabrás produz calçados em Sergipe há mais de 20 anos.

O presidente do Sindcafit, que representa os trabalhadores das fábricas da Azaleia, Roneyclecio Alves, disse que os funcionários foram pegos “de surpresa” pela decisão, embora tivessem conhecimento da situação financeira deficiente da companhia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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