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Venezuela estreia no Mercosul, Bolívia quer entrar

Na cúpula deve começar a se discutir formalmente o caso da Bolívia, que tem status de Estado Associado no Mercosul e pertence, como membro pleno, à Comunidade Andina

Líderes se encontram antes de reunião do Mercosul: Dilma destacou que "o Mercosul se estende agora da Patagônia até o Caribe" (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)

Líderes se encontram antes de reunião do Mercosul: Dilma destacou que "o Mercosul se estende agora da Patagônia até o Caribe" (Roberto Stuckert Filho/Presidência da República)

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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2012 às 19h44.

Brasília - A cúpula que o Mercosul realizará nesta semana em Brasília será a primeira da Venezuela como membro pleno e servirá para começar a discutir a possível entrada da Bolívia no bloco no qual o Paraguai continua suspenso.

Os resultados da reunião realizada pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul) na última semana, em Lima, que decidiu manter o Paraguai suspenso, fazem prever que o Mercosul também não deve alterar a situação do país no bloco.

Ao contrário, na cúpula deve começar a se discutir formalmente o caso da Bolívia, que tem status de Estado Associado no Mercosul e pertence, como membro pleno, à Comunidade Andina (CAN).

O presidente boliviano, Evo Morales, anunciou que estará presente na reunião em Brasília, na quinta e na sexta-feira, e segundo informações de funcionários de seu governo, apresentará seu país como um elo entre o Mercosul e a CAN em uma teórica condição de integrante fixo de ambos.

Embora a Bolívia afirme que nenhum dos dois blocos possua regras que o impeçam, existem diferenças tarifárias entre a CAN e o Mercosul que criariam obstáculos para que o país andino os integre.

Sobre essas divergências, o Instituto Boliviano de Comércio Exterior (IBCE) salientou também as grandes assimetrias econômicas que existem entre o país e os membros do Mercosul.

Também há resistências de produtores agrícolas bolivianos, sobretudo da área de oleaginosas, que têm seus principais negócios com os países da CAN e consideraram que não poderiam concorrer com gigantes do setor como a Argentina e o Brasil.

As considerações estritamente comerciais e econômicas se somam, além disso, às políticas que teriam maior impacto em relação ao Paraguai, cujo chanceler, José Félix Fernández Estigarribia, lembrou que a incorporação da Bolívia sem a aprovação de seu país violaria os tratados do Mercosul.


O Paraguai foi suspenso do Mercosul e da Unasul em 29 de junho, depois da destituição do presidente Fernando Lugo, uma decisão que no caso do bloco sulista foi acompanhada pela incorporação da Venezuela, apesar dos protestos de Assunção.

A reincorporação do país depende, até agora, do processo eleitoral que será realizado em abril, no qual será eleito o sucessor de Franco.

No entanto, mais para frente há quem tema os problemas que podem surgir entre Assunção e Caracas, que têm suas relações suspensas, e sobretudo a decisão do Congresso paraguaio, tomada após a destituição de Lugo, de rejeitar o ingresso da Venezuela ao Mercosul.

Resta saber se o próximo governo paraguaio apoiará a posição de Franco no sentido que, se for dado início ao processo de incorporação da Bolívia ao Mercosul, tal fato violaria as normas do bloco.

Segundo especialistas da região, a entrada dos venezuelanos e a forma como foi aprovada, junto com a suspensão do Paraguai, foi uma decisão que respondeu a interesses absolutamente políticos, mais do que comerciais e econômicos.

No entanto, na visão do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, o processo de ampliação do Mercosul começou com a entrada da Venezuela e pode continuar com o ingresso da Bolívia, fazendo com que o bloco seja uma espécie de ''câmara de teste'' para uma futura integração que se estenda a toda a América do Sul.

O que não está nada claro para a maioria dos especialistas é se essa integração terá o comércio e a economia sem preceitos ideológicos, como foi apresentado nas origens do Mercosul, ou se estará mais fundamentada nas coincidências políticas.

Nesse sentido, um diplomata boliviano já aposentado e que pediu anonimato manifestou à Agência Efe seu temor de que a política e a ideologia se imponham.

Ele teme também que seja colocada em prática uma ideia dada por Hugo Chávez em 2004. Naquele ano, ele afirmou que o grupo e a CAN deveriam desaparecer para dar lugar a um novo modelo de integração que abrangesse toda a América do Sul.

Esse novo modelo, segundo Chávez, deveria ter ''aspecto político como locomotiva, o social como bandeira e prioridade, o econômico como pista, e a cultura como combustível''.

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