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Varejo: e-commerce se organiza para fazer entregas em comunidades

Por meio de parcerias logísticas especializadas, empresas começam a acessar zonas de risco, onde vivem cerca de 11 milhões de brasileiros

Paraisópolis: comunidades movimentam por ano valor equivalente ao PIB de Honduras (Eduardo Frazão/Exame)

Paraisópolis: comunidades movimentam por ano valor equivalente ao PIB de Honduras (Eduardo Frazão/Exame)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de abril de 2021 às 08h48.

Excluídos dos serviços regulares de entregas de empresas de logística, moradores de favelas começam a ser alvo de grandes grupos de e-commerce no momento em que as vendas online viraram a tábua de salvação do varejo na pandemia. A B2W, uma das gigantes brasileiras do comércio online, fechou parceria comercial com a startup de logística Favela Brasil Xpress e com a organização G10 Favelas para entregar na comunidade de Paraisópolis, zona sul de São Paulo, produtos vendidos nas lojas online com as bandeiras Americanas, Submarino e Shoptime.

Com isso, mais de 100 mil moradores da comunidade deixam de precisar se deslocar até pontos de retirada de produtos adquiridos pela internet, geralmente agências dos Correios ou lojas físicas do grupo.

Por questões como falta de CEP (Código de Endereçamento Postal), de numeração nas casas e de segurança, moradores das favelas geralmente estão fora do mapa das empresas de logística. Muitas usam até o jargão "CEP do inferno" para designar áreas onde é alto o risco de roubo de cargas. No entanto, pesquisas mostram que essas comunidades reúnem mais de 11 milhões de brasileiros, boa parte deles com acesso à internet e, portanto, consumidores em potencial.

Nas contas de Gilson Rodrigues, presidente da União de Moradores de Paraisópolis e presidente nacional do G10 Favelas, essas comunidades movimentam por ano no País o equivalente ao PIB de países como Honduras e buscam cada vez mais o e-commerce. O desafio, na sua opinião, estava, exatamente, na logística.

"Temos a pretensão de, em breve, expandir o projeto para outras comunidades e colocar essa população no mapa do e-commerce", afirma André Biselli, gerente de operações da B2W Digital, mas sem detalhar os próximos passos. Diz que não tem dados sobre potencial de mercado, mas afirma que há uma demanda reprimida.

Além da parceria comercial, o executivo da B2W destaca o lado social do projeto, que gera emprego, renda e capacitação profissional para os moradores da comunidade, recrutados pela startup para fazer entregas.

Desde o início deste mês, a startup Favela Brasil Xpress, responsável pela última milha (last mile), fez cerca de 350 entregas por dia em Paraisópolis. Dois contêineres da B2W instalados em espaço comunitário funcionam como centro de distribuição. Após a separação, as entregas são feitas na casa do cliente em até 12 horas pela startup. A operação tem uma equipe de 35 pessoas, incluindo entregadores da comunidade que conhecem a geografia da região e circulam com bicicletas e tuk-tuks. "Isso aumenta a eficiência nas entregas", diz Biselli.

Para Giva Pereira, presidente da Favela Brasil Xpress, a startup surgiu para revolucionar a entrega nas comunidades.

O Mercado Livre, maior shopping virtual da América Latina, informa, por meio de nota, que tem investido fortemente em sua malha logística para atender aos consumidores de diferentes regiões do País, inclusive em áreas consideradas de risco. No caso dessas áreas, a companhia diz que contrata entregadores da própria localidade, "com a proposta de oferecer a todos os usuários da plataforma de entrega mais rápida do Brasil". O Magalu informa que entrega as compras da loja online mesmo em áreas consideradas de risco.

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