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Vale registra lucros maiores após redução de custos

Companhia está prestes a registrar seu primeiro aumento no lucro trimestral em mais de dois anos


	Produção da Vale em Barão de Cocais: companhia publicará em 6 de novembro uma receita líquida de US$ 2,8 bilhões no terceiro trimestre
 (Dado Galdieri/Bloomberg)

Produção da Vale em Barão de Cocais: companhia publicará em 6 de novembro uma receita líquida de US$ 2,8 bilhões no terceiro trimestre (Dado Galdieri/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 4 de novembro de 2013 às 15h25.

Rio de Janeiro - A Vale SA está prestes a registrar seu primeiro aumento no lucro trimestral em mais de dois anos depois que os custos caíram e os preços do minério de ferro baterem as previsões dos analistas.

A maior produtora de minério de ferro do mundo publicará em 6 de novembro uma receita líquida de US$ 2,8 bilhões no terceiro trimestre, mostram dados compilados pela Bloomberg. O montante seria 70 por cento maior do que o registrado um ano antes e o primeiro incremento desde o segundo trimestre de 2011. O crescimento estimado de 96 por cento da Vale em ganhos ano a ano por ação é o maior entre 14 pares globais, segundo o Bloomberg Industries.

A Vale, fornecedora de minério de ferro para siderúrgicas como ArcelorMittal e China Steel Corp., cortou US$ 1,65 bilhão em custos no primeiro semestre e está se beneficiando da demanda crescente por usinas siderúrgicas na Ásia. Os preços do minério de ferro giraram em US$ 132,50 a tonelada no terceiro trimestre, 18 por cento a mais que no ano passado e acima dos US$ 121 por tonelada da previsão de analistas quando 2013 começou.

“Há preços de venda mais altos e um desempenho melhorado em termos de custos”, disse o analista da Goldman Sachs Group Inc., Marcelo Aguiar, por telefone, de São Paulo. “Nós esperamos um aumento na produção dos três principais negócios da empresa: minério de ferro, níquel e cobre”.

As ações da Vale, a terceira maior mineradora do mundo, caíram 18 por cento nas negociações em São Paulo neste ano, com desempenho abaixo de suas maiores rivais, a BHP Billiton Ltd. e o Rio Tinto Group. Enquanto a BHP, com sede em Melbourne, ganhou 1,2 por cento, a Rio Tinto perdeu 9,3 por cento em Londres.

Dividendos, recompras

A Vale, com sede no Rio de Janeiro, provavelmente reportará que os lucros do terceiro trimestre por ação, excluindo itens extraordinários, aumentaram para 61,8 centavos, contra 31,5 centavos um ano antes, segundo a estimativa média de 13 analistas em uma consulta da Bloomberg. A Vale publicará os lucros depois do fechamento do horário regular de negociação.

Para o ano cheio, a receita líquida da Vale totalizará US$ 11 bilhões, segundo a média das estimativas de 15 analistas compiladas pela Bloomberg. Isso seria o dobro do lucro do ano passado. A Rio Tinto deverá registrar US$ 7,51 bilhões de receita líquida em 2013, enquanto o lucro do ano fiscal da BHP é estimado em US$ 14,4 bilhões, segundo os analistas.


A Vale pagou US$ 4,5 bilhões em dividendos neste ano, 13 por cento mais que o planejado inicialmente, depois que os preços do ingrediente usado para fabricação do aço se mantiveram acima do consenso dos analistas devido a um consumo chinês maior que o esperado. A empresa pagou US$ 6 bilhões em dividendos no ano passado, metade do recorde de US$ 12 bilhões devolvidos aos acionistas em 2011, o que incluiu recompras de ações.

Perspectiva da China

“Uma poderosa combinação de volumes mais altos de vendas de minério de ferro, preços mais altos de minério de ferro, real brasileiro mais fraco e custos controlados deverá impulsionar o desempenho operacional da Vale”, disseram Felipe Reis e Alex Sciacio, analistas da Banco Santander SA em uma nota a clientes, em 10 de outubro.

A perspectiva na China, a maior compradora de minério de ferro e fonte de 32 por cento da receita operacional da Vale, melhorou mais do que o esperado, disse a repórteres o CEO Murilo Ferreira em 24 de setembro. As importações de matéria-prima pelas siderúrgicas chinesas subiram para 75 milhões de toneladas em setembro, um recorde, levando os preços à maior alta em quase dois meses.

A Vale vem exportando minério de ferro para a China há 40 anos e as condições para os próximos meses estão melhorando, disse Ferreira, que esteve no país asiático na semana passada, a repórteres, em Brasília, em 1 de novembro.

“Nós poderemos ter uma tendência favorável nos próximos trimestres”, disse ele, preferindo não comentar a respeito dos lucros da Vale. “Eu vejo um ambiente político muito positivo na China”.

A assessoria de imprensa da empresa no Rio não respondeu a um e-mail com um pedido de comentário a respeito dos lucros antes do lançamento trimestral.

Mercado altista

A BHP, maior mineradora do mundo, elevou sua previsão de produção de minério de ferro no ano cheio em 22 de outubro, depois que a produção do primeiro trimestre de sua unidade mais lucrativa saltou 23 por cento. A Rio Tinto, a maior exportadora de minério de ferro após a Vale, em 15 de outubro reportou uma produção recorde de minério em suas minas na região de Pilbara, na Austrália.

O minério de ferro entrou em um mercado altista em julho depois que os consumidores da China reabasteceram estoques que encolheram em março ao nível mais baixo desde 2009. Os preços em Tianjin, medidos pela The Steel Index Ltd., recuperaram 23 por cento em relação a sua maior baixa no ano, de 31 de maio, e atingiram US$ 135,30 a tonelada em 1 de novembro, o nível mais alto desde 5 de setembro.

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