Vale Bioamazônico: complexo foi instalado às margens da Baía do Guajará, em Belém (Bruno Cecim/Ag. Pará/Divulgação)
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Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 10h56.
A nova fronteira da inovação brasileira nasce na Amazônia — e tem nome, endereço e estratégia. O Vale Bioamazônico é a plataforma criada pelo Governo do Pará para organizar, em escala estadual, a economia da floresta, conectando ciência, tecnologia, políticas públicas e capital privado para transformar biodiversidade em valor econômico, social e ambiental.
Lançado em 2025 e consolidado como um dos principais legados do período pós-COP30, o Vale não é um projeto isolado, mas um ecossistema integrado. Ele articula equipamentos estratégicos e políticas já em operação no Estado, como o Museu das Amazônias, o Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá e, sobretudo, o Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia — pilar físico do sistema e descrito pelo governo estadual como o mais diversificado complexo de desenvolvimento tecnológico em bioeconomia florestal do mundo.
Instalado no complexo Porto Futuro, às margens da Baía do Guajará, em Belém, o Parque ocupa 6 mil metros quadrados nos antigos armazéns do porto e recebeu R$ 300 milhões em investimentos.
O espaço reúne laboratórios-fábrica, áreas de prototipagem, ambientes de incubação, formação de mão de obra especializada e estruturas voltadas a startups, negócios comunitários e pesquisa aplicada.
Na prática, cria as condições para transformar ativos da biodiversidade amazônica em alimentos, cosméticos, bioinsumos, fármacos, químicos finos e soluções tecnológicas de alto valor agregado.
Vale Amazônico: espaço cria as condições para transformar ativos da biodiversidade amazônica em alimentos, cosméticos, bioinsumos e fármacos (Governo do Pará/Divulgação)
Desde o anúncio internacional do projeto, o Vale Bioamazônico vem sendo apresentado como uma estratégia de reposicionamento econômico do Pará. A proposta é romper com a lógica histórica de exportação de commodities e posicionar o Estado como protagonista da nova economia da floresta, baseada em inovação, agregação de valor e soluções climáticas.
Esse movimento ganhou densidade com articulações globais. O acordo inédito firmado com o governo da Califórnia estabelece cooperação em pesquisa, inovação, bioeconomia, prevenção e resposta a incêndios florestais e proteção de comunidades, conectando o Vale Bioamazônico ao ecossistema do Vale do Silício. A iniciativa reforça a consistência internacional do projeto e amplia seu potencial de atração de investimentos e parcerias estratégicas.
“Se vocês têm o Vale do Silício, nós temos o Vale Bioamazônico: serão as moléculas, as raízes, as plantas que vão transformar a nossa realidade aqui. Chegou a nossa grande chance de mostrar que a Amazônia não é apenas um santuário intocado, mas um território de gente, conhecimento e inovação que pode liderar a bioeconomia do planeta”, destaca Helder Barbalho, governador do Pará.
Ao estruturar cadeias produtivas sustentáveis, o Vale Bioamazônico gera impactos diretos na economia do Estado. O modelo estimula a criação de empregos qualificados, atrai startups, centros de pesquisa e empresas de base tecnológica e reduz a dependência de atividades de baixo valor agregado, ao mesmo tempo em que fortalece um ambiente de negócios alinhado às exigências globais de ESG e à economia de baixo carbono.
Além dos ganhos econômicos, o ecossistema amplia a inclusão produtiva ao integrar povos indígenas, ribeirinhos, extrativistas e comunidades tradicionais às cadeias da bioeconomia.
Ao conectar saberes ancestrais a infraestrutura científica e inovação tecnológica, o Vale cria oportunidades reais de geração de renda baseada na sociobiodiversidade, fortalecendo o protagonismo das comunidades da floresta.
A consolidação do Vale Bioamazônico é sustentada por políticas públicas voltadas a investimento, qualificação profissional, pesquisa científica, inovação e segurança regulatória. O objetivo é criar um ambiente estável e atrativo para empreendimentos de longo prazo, capaz de conectar capital nacional e internacional às vocações naturais e científicas da Amazônia.
Nos próximos anos, o Governo do Pará planeja expandir o ecossistema, atrair novas startups e empresas, ampliar a infraestrutura laboratorial e fortalecer parcerias globais. A meta é transformar o Vale Bioamazônico em um dos maiores hubs de bioeconomia do hemisfério sul.
Ao colocar ciência, tecnologia e floresta viva no centro de sua estratégia de desenvolvimento, o Pará envia um recado claro ao mercado e à comunidade internacional: o futuro da economia sustentável já está em construção — e ele começa na Amazônia.