Exame Logo

Usiminas pretende demitir 60% dos funcionários em Cubatão, diz sindicato

De acordo com a entidade, a siderúrgica anunciou a demissão de 900 empregados do complexo, após desacordo sobre redução de jornada

Vista do complexo da Usiminas em Cubatão, na Baixada Santista (Paulo Whitaker/Reuters)
JE

Juliana Estigarribia

Publicado em 19 de maio de 2020 às 16h22.

Última atualização em 19 de maio de 2020 às 17h03.

Diante da baixíssima demanda por aço em um cenário de pandemia do novo coronavírus, a Usiminas pode demitir 60% do efetivo da unidade de Cubatão, São Paulo, afirma o Sindicato dos Metalúrgicos De Santos e Região. Sem um acordo sobre redução de jornada e salários, 900 empregados devem ser dispensados, informa a entidade.

De acordo comClaudinei Rodrigues, presidente do sindicato, as demissões foram anunciadas em reunião na tarde desta segunda-feira, 18, entre a empresa e representantes dos funcionários. A medida seria tomada após falta de acordo para redução de jornada e salários na unidade.

Veja também

Segundo apurou a reportagem da EXAME com pessoas próximas à companhia, os líderes das áreas do complexo de Cubatão estão sendo chamados a conversar sobre os cortes.

Procurada, a Usiminas informou por meio de nota que não confirma os desligamentos e que, desde o início da pandemia, "a empresa vem adotando uma série de medidas de adequação ao cenário atual, buscando soluções conjuntas para preservar, ao máximo, sua força de trabalho e a sustentabilidade dos seus negócios".

A companhia prevê a aplicação das medidas provisórias editadas pelo governo federal, "além de outros ajustes adicionais nos casos em que esses recursos não se mostrarem suficientes para garantir a sobrevivência das unidades, como é o caso da usina de Cubatão".

Adicionalmente, a Usiminas "reitera que buscou negociar com o sindicato, inclusive as condições para desligamentos necessários, porém, a entidade se negou a discutir o tema.”

A siderúrgica anunciou no início de abril férias coletivas para todos os funcionários de Cubatão . No entanto, segundo Rodrigues, a Usiminas vem negociando desde março com o sindicato alternativas para compensar a queda brutal de demanda, especialmente a redução da jornada com corte de salários.

O complexo de Cubatão tem 12 milhões de metros quadrados. Em 2015, a companhia anunciou a paralisação das áreas primárias - de produção de aço bruto - e deixou funcionando apenas a laminação, comprando placas de terceiros. No local, a Usiminas mantém um porto próprio, um dos ativos mais valiosos da companhia.

A unidade foi privatizada na década de 1990 e até hoje é conhecida por seu nome de origem, Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista). O complexo já empregou quase 19.000 funcionários e hoje tem cerca de 1.300, segundo o sindicato.

Há alguns anos, sem um horizonte de plena recuperação da demanda no mercado interno, a companhia decidiu fechar as áreas de produção de aço bruto, desativando o alto-forno, com a premissa de retorno alguns anos depois.

No entanto, como o equipamento é muito antigo, ele não suportaria ser religado, obrigando a companhia a investir cifras bilionárias para a construção de um alto-forno moderno.

No mês passado, a empresa também havia anunciado a paralisação dos altos-fornos 1 e 2 em Ipatinga, Minas Gerais, além da paralisação da aciaria 1 da unidade.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusSiderúrgicasUsiminas

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Negócios

Mais na Exame