Últimos 3 meses foram turbulentos, diz Wesley Batista
JBS está no olho do furacão desde as delações feitas em maio que revelaram esquemas da corrupção da companhia com políticos
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de agosto de 2017 às 10h27.
São Paulo - Sem entrar em detalhes, o presidente executivo da JBS, Wesley Batista , abriu sua fala na teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre do ano dizendo que os últimos três meses "foram turbulentos e com vários desafios para companhia". Diferentemente das últimas teleconferências, Wesley não abriu o evento. Quem o fez foi o diretor de Relações com Investidores, Jerry O'Callaghan, que na sequência passou a palavra para o recém-empossado presidente do conselho de administração, Tarek Farah, que falou sobre os últimos movimentos da empresa em relação à melhoria da governança e compliance.
A empresa está no olho do furacão, após delações feitas em maio que revelaram esquemas da corrupção da companhia com políticos - e que envolveram inclusive o presidente Michel Temer.
Terceiro a falar na teleconferência, Wesley Batista afirmou que a empresa vem encarando os desafios de frente e sendo proativa. "Claramente nesses últimos meses o time tem se desdobrado para que possamos ter avanços", disse. Ele citou, por exemplo, o acordo de estabilização com os bancos comerciais visando o alongamento da dívida.
Segundo o executivo, a companhia que anunciou um plano desinvestimento - do qual já concluiu a venda da sua parte na Vigor, por exemplo - está em discussão avançada sobre alienação da Moy Park, na Europa, e da sua operação de confinamento na América do Norte, a Five Rivers Cattle. "Não há interesse em venda de qualquer outro ativo que não os que foram anunciados já", reforçou Batista.
A JBS reportou nesta segunda-feira, 14, lucro líquido de R$ 309,8 milhões no segundo trimestre de 2017, resultado 79,8% inferior à igual período do ano passado, em que o resultado totalizou R$ 1,536 bilhão, impulsionado principalmente pela variação cambial da época.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da JBS entre abril e junho foi de R$ 3,757 bilhões, com aumento de 29,9% ante o segundo trimestre de 2016 (R$ 2,892 bilhões). A margem Ebitda ficou em 9%, frente a 6,6% em igual intervalo do ano passado. As operações internacionais impulsionaram esse crescimento, principalmente as nos Estados Unidos
Segundo Wesley Batista, a variação cambial foi o principal revés nestes resultados. Ele afirmou que se não fosse por isso, o lucro teria alcançado R$ 1,6 bilhão no período.
Seara
A Seara, unidade de aves e suínos da JBS no Brasil, atingiu "o fundo do poço" em questão de rentabilidade no primeiro trimestre deste ano, afirmou Wesley Batista na teleconferência. Já no segundo trimestre, a queda do preço doméstico do milho colaborou para a recuperação desta rentabilidade.
De abril a julho deste ano, a receita líquida da divisão Seara da JBS caiu 6,1% em relação a igual período de 2016. Considerando apenas as vendas no mercado doméstico, a receita apresentou uma queda de 2,9% na mesma base de comparação, em função de uma redução de 4,3% no preço médio de venda, principalmente em aves in natura, "por um redirecionamento para o mercado doméstico de volumes de exportação", segundo a JBS. A redução foi parcialmente compensada por um aumento de 1,4% no volume.
"Tivemos crescimento de todos os volumes no mercado doméstico, embora queda nas exportações", afirmou o diretor de Relações com Investidores, Jerry O'Callaghan. Ainda sobre a divisão, Batista afirmou que a perspectiva é de resultados "ainda mais sólidos" nos próximos trimestres.