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A tumultuada volta do UBS

Disputas internas, dificuldade para contratar e algum fôlego para fazer aquisições marcam o retorno do banco suíço ao Brasil

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

O banco UBS já foi um dos maiores inquilinos do edifício Antônio Alves Ferreira Guedes, na avenida Faria Lima, centro financeiro de São Paulo, onde estão localizados os escritórios dos principais bancos de investimento do país. Um dos líderes do mercado brasileiro de ofertas de ações e de fusões e aquisições, o UBS tinha, até um ano atrás, cerca de 400 funcionários na capital paulista. Eles se espalhavam por três andares amplos, com pé-direito alto e decoração moderna. Hoje, o espaço pertence à firma de investimentos BTG, do banqueiro André Esteves, que comprou a operação brasileira dos suíços - o UBS Pactual - em abril de 2009. O irônico é que, três andares abaixo de Esteves, está localizado o novo escritório do UBS no Brasil. É um lugar bem acanhado em comparação ao anterior, com pequenas salas alugadas provisoriamente da administradora de imóveis comerciais Regus. Ali ficam os 20 profissionais que foram contratados pela instituição nos últimos seis meses e que, dizem pessoas próximas, são o embrião da nova operação do UBS no país, que deverá incluir um banco de investimento, uma gestora de recursos e um private bank. Procurados por EXAME, os exe cutivos do UBS não quiseram dar entrevista.

Se o vaivém dos suíços parece não fazer muito sentido, é porque o movimento é esquisito mesmo. Ex-funcionários dizem que o banco começou a planejar sua volta ao Brasil duas semanas depois de vender sua operação local a Esteves - não havia impedimentos legais, como uma cláusula de não competição, no contrato de venda. "O UBS não queria sair do Brasil, mas precisava de dinheiro para estancar parte dos prejuízos bilionários da matriz", diz Andreas Venditti, analista do banco Zürcher Kantonalbank, de Zurique. Assim como a decisão de voltar quase imediatamente após sair, a montagem do novo negócio aqui tem sido confusa. O UBS nem começou a operar porque não tem as autorizações do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários, mas já haveria disputas internas de poder - os dois diretores do banco de investimento, Carlos Colon e Roberto Veirano, mal se falam porque o primeiro diz a amigos que será o chefe da operação. Um executivo contratado para o banco de investimento, Luis Castro, nem bem chegou e já foi embora para o Bank of America Merrill Lynch. Além disso, o UBS não consegue definir quem será seu presidente. Comenta- se que dezenas de nomes foram cogitados, do ex-ministro Pedro Malan a Eduardo Centola, presidente do Standard Bank nas Américas. "Executivos do banco lá fora têm ligado até para ex-funcionários para pedir indicações. É bem estranho", diz um antigo diretor do UBS.

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Estimativas de banqueiros de investimento indicam que é preciso gastar, no mínimo, 50 milhões de dólares para montar um banco como o que o UBS quer abrir aqui. O valor é necessário para alugar um escritório e financiar luvas e salários de profissionais de peso, geralmente fisgados na concorrência. Por isso, é normal que leve de dois a três anos para a operação começar a dar retorno. Tudo indica que o UBS esteja disposto a desembolsar mais que isso, porque planeja ao menos uma aquisição no país. Até o fechamento desta edição, em 26 de abril, estavam adiantadas as negociações para a compra da corretora Link, uma das maiores da BM&F Bovespa, por um valor estimado em 100 milhões de dólares. Executivos próximos ao banco comentam ainda que os suíços têm avaliado a compra de um banco de pequeno porte. Com os negócios, o UBS não precisaria mais esperar pelas licenças do BC e da CVM, pedidas em março, para operar.

Comprar um banco aqui - ou conseguir contratar um figurão como Pedro Malan - resolveria também outro grande problema do UBS, o de imagem. Lá fora, o banco foi uma das instituições europeias que mais sofreram com a crise financeira mundial. Só no ano passado, os clientes sacaram mais de 140 bilhões de dólares de suas agências. O golpe foi tão duro que o alto escalão em Zurique chegou a pensar em abandonar a marca UBS para tentar reconstruir sua reputação do zero. Aqui, a imagem do banco também sofreu arranhões. "O negócio bancário é baseado em confiança. Voltar a um país que você deixou mostra falta de comprometimento", diz Dirk Becker, analista da empresa francesa de serviços financeiros Kepler Capital Markets. O mercado financeiro nos segmentos em que o UBS quer atuar - banco de investimento, gestão de recursos e private bank - nunca foi tão concorrido. No último ano, gigantes estrangeiros, como Barclays, Deutsche Bank e Goldman Sachs, reforçaram suas equipes para ganhar espaço no país. Por enquanto, o UBS não está no jogo - e, se quiser entrar de fato nele, precisará provar que, desta vez, sua presença no mercado brasileiro é para valer.


Comprar um banco aqui - ou conseguir contratar um figurão como Pedro Malan - resolveria também outro grande problema do UBS, o de imagem. Lá fora, o banco foi uma das instituições europeias que mais sofreram com a crise financeira mundial. Só no ano passado, os clientes sacaram mais de 140 bilhões de dólares de suas agências. O golpe foi tão duro que o alto escalão em Zurique chegou a pensar em abandonar a marca UBS para tentar reconstruir sua reputação do zero. Aqui, a imagem do banco também sofreu arranhões. "O negócio bancário é baseado em confiança. Voltar a um país que você deixou mostra falta de comprometimento", diz Dirk Becker, analista da empresa francesa de serviços financeiros Kepler Capital Markets. O mercado financeiro nos segmentos em que o UBS quer atuar - banco de investimento, gestão de recursos e private bank - nunca foi tão concorrido. No último ano, gigantes estrangeiros, como Barclays, Deutsche Bank e Goldman Sachs, reforçaram suas equipes para ganhar espaço no país. Por enquanto, o UBS não está no jogo - e, se quiser entrar de fato nele, precisará provar que, desta vez, sua presença no mercado brasileiro é para valer.

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