Trabalhadores da Mercedes mantêm greve por reajuste salarial
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, paralisação ocorre porque empresa não quer dar reajuste salarial e pretende demitir 340 pessoas
Estadão Conteúdo
Publicado em 15 de maio de 2018 às 19h25.
São Paulo - Os funcionários da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo decidiram nesta terça-feira, 15, em assembleia manter a greve iniciada na segunda-feira, 14. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a paralisação ocorre porque a empresa, além de não querer dar reajuste salarial na negociação deste ano, pretende demitir 340 pessoas da área administrativa, de um total de 8 mil funcionários.
O sindicato afirma também que a Mercedes-Benz quer acabar com algumas cláusulas acertadas no último acordo, como o tempo de estabilidade para trabalhadores que sofreram algum acidente e o complemento que eles recebem da empresa por quatro meses para que o auxílio-doença recebido pelo INSS chegue ao mesmo valor do salário.
Os metalúrgicos defendem a manutenção desses pontos e a inclusão de uma cláusula de salvaguarda contra a reforma trabalhista, garantindo que qualquer alteração prevista na nova legislação só possa ser aplicada após negociação entre empresa e sindicato. Além disso, os trabalhadores querem que o cálculo da PLR (Participação em Lucros e Resultados) leve em conta a exportação dos itens agregados, como motor, câmbio e eixos.
Os trabalhadores vão realizar uma nova reunião na quinta-feira, 16, para decidir se continuam em greve ou não. A empresa, no entanto, ainda não mandou uma nova proposta, segundo o sindicato. Pela mesma razão, o sindicato não quis divulgar quais os valores em discussão para o reajuste salarial.
As mobilizações internas começaram na semana passada, com paradas na produção e passeatas pela fábrica para pressionar a diretoria. A Mercedes-Benz confirmou que toda a área de produção de caminhões, ônibus e componentes ficou parada nesta segunda-feira, 14, mas não quis comentar a greve porque ainda está em processo de negociação com o sindicato.
A paralisação ocorre em um momento em que o setor volta a crescer. A fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo é destinada à produção de caminhões e ônibus. Tais segmentos, respectivamente, apresentam crescimento de 54,9% e 81,7% no acumulado de janeiro a abril ante igual intervalo do ano passado, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
A fábrica da Mercedes, que com a crise passou a produzir em somente um turno, deve voltar aos dois turnos no segundo semestre deste ano, conforme tem dito em entrevistas o presidente da empresa no Brasil, Philipp Schiemer. A unidade, que tem capacidade de produzir 80 mil veículos por ano, tem operado no limite de apenas um turno.