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The Line, cidade futurista e sustentável idealizada pela Arábia Saudita no deserto, já está em obras

Parte de um superprojeto, com investimento de US$ 500 bilhões do governo, The Line promete ser carbono zero e revolucionar a vida urbana que conhecemos

 (Neom/Divulgação)

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Publicado em 18 de maio de 2023 às 09h00.

Última atualização em 12 de janeiro de 2024 às 19h53.

Uma megalópole vertical, atravessando o deserto, sem carros, estradas ou emissões de carbono – é assim que promete ser The Line, a cidade futurista e sustentável que a Arábia Saudita começou a construir na região de Neom, perto do Mar Vermelho.

O nome (A Linha, em português) tem a ver com o design disruptivo da supercidade. Ela teria 200 metros de largura apenas e 500 de altura, mas 170 quilômetros de comprimento, formando uma extensa linha que passaria por paisagens montanhosas, desérticas e costeiras. Para delimitar o espaço urbano, dois paredões com exterior espelhado, misturando a fachada com a natureza ao redor.

The Line teria 170 km de comprimento, cortando toda a região de Neom (Neom/Reprodução)

Vida em 3D

Ambicioso, o projeto quer ir muito além da estética e propõe um novo jeito de viver. Segundo os idealizadores, a ideia é sobrepor as funções da cidade verticalmente, dando às pessoas a possibilidade de se mover em três dimensões (para cima, para baixo ou na transversal).

“É um conceito conhecido como Zero Gravity Urbanism. Diferente de apenas edifícios altos, este conceito sobrepõe parques públicos e áreas de pedestres, escolas, residências e locais de trabalho, para que a pessoa possa atender a todas as necessidades diárias em cinco minutos”, diz a apresentação do empreendimento.

Veja no vídeo (em inglês) como seria o projeto:

Promessa de ser carbono zero

A sustentabilidade aparece como um destaque do empreendimento, embora não tenham sido divulgados muitos detalhes. O que se sabe é que The Line foi pensada para acomodar nove milhões de pessoas, em uma área de somente 34 quilômetros quadrados.

“Seria inédito quando comparado a outras cidades de capacidade semelhante”, salienta o site do projeto. Isso preservaria 95% das terras do Neom e representaria apenas 2% da pegada de infraestrutura na comparação com cidades tradicionais.

Depois de construída, a metrópole vertical seria carbono zero, operando com energia 100% renovável, até nas indústrias, e não teria carros ou estradas. O modelo priorizaria deslocamentos reduzidos, mas para distâncias maiores um moderno sistema de transporte, com trem de alta velocidade, faria a viagem de ponta a ponta em apenas 20 minutos.

Maquete da cidade futurista saudita por dentro (Neom/Divulgação)

Para garantir o clima ideal, o ambiente foi projetado para ter equilíbrio entre luz solar, sombra e ventilação natural. Além disso, espaços verdes abertos ao longo de toda a cidade contribuiriam para o conforto térmico.

“Os projetos para as comunidades em camadas verticais vão desafiar as tradicionais cidades horizontais planas e criarão um modelo de preservação da natureza e maior habitabilidade humana. The Line iluminará formas alternativas de viver”, declarou o príncipe Mohammed bin Salman.

Localização estratégica para negócios

A escolha de Neom para o empreendimento, que visa ser um polo de negócios e empreendedorismo, foi estratégica. A região no noroeste da Arábia Saudita, designada pelo governo como zona econômica especial, fica junto ao Mar Vermelho, rota de 13% do comércio mundial. Ela também está a cerca de 6h de voo para 40% do mundo.

O clima diversificado é outro atrativo, oferecendo desde praias ensolaradas a montanhas cobertas de neve, o que atrairia também o turismo.

The Line é, na verdade, apenas uma parte do megaprojeto NEOM, que além da cidade linear tem outras três frentes: Oxagon, um centro flutuante para indústrias avançadas e limpas, Trojena, um sofisticado destino de montanha, e Sindalah, um luxuoso resort na ilha de mesmo nome.

Além de The Line, outros três grandes empreendimentos estão em construção na região de Neom (Neom/Reprodução)

Pronta para morar em 2026

Os quatro empreendimentos já estão em obras, com entregas em fases, e mais de 2.800 funcionários, de 86 países, estão morando e trabalhando no local.

Sindalah deve abrir as portas para visitantes já em 2024, Oxagon também pretende receber seus primeiros residentes no ano que vem e Trojena pode se tornar um local para viver, trabalhar e passar férias em 2026.

Embora muitos não tenham botado fé de que a impensável The Line sairia do papel, a construção da cidade também já começou. Os primeiros módulos estão previstos para ser ativados em 2026 e, até 2030, a intenção é que cerca de um milhão de pessoas morem por lá, chegando a nove milhões em 2045.

Imagens do progresso das obras foram divulgadas no começo do ano e mostram caminhões e escavadeiras trabalhando:

Entra vídeo:

US$ 500 bilhões de investimento

Se os planos vão mesmo se concretizar como anunciados, é outra história. Debates em torno da viabilidade do projeto, dos reais impactos ambientais ou até se vai ter mesmo gente querendo morar por lá não faltam.

Seja como for, a Arábia Saudita, a fim de ampliar suas oportunidades comerciais para além do petróleo, está investindo pesado nessa história. Até painéis divulgando NEOM foram espalhados por Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial deste ano.

O superprojeto, em suas quatro frentes, está sendo conduzido e financiado principalmente pelo Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita, que se comprometeu a dar US$ 500 bilhões em apoio, juntamente com investidores locais e internacionais. NEOM está agora aberto a investidores e parceiros globais, regionais e locais, principalmente os com perfil progressiva.

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