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TelexFREE tem bens congelados nos EUA

Nesta semana, a SEC, comissão de valores mobiliários dos EUA, entrou com ação contra a empresa, que já arrecadou mais de um US$ 1 bilhão nas operações no país

Telexfree: no Brasil, as operações da empresa foram suspensas e os bens bloqueados em 2013 (Reprodução/Telexfree)

Vanessa Barbosa

Publicado em 19 de abril de 2014 às 09h54.

São Paulo - Milhões de dólares em ativos da TelexFREE foram congelados nos Estados Unidos , após acusação de fraude, segundo informações da mídia americana.

Nesta semana, a SEC, comissão de valores mobiliários do país, entrou com uma ação contra a empresa, na Justiça do Estado de Massachusetts.

Segundo os órgãos reguladores americanos, a empresa já teria arrecadado mais de um US$ 1 bilhão nos EUA, com o suposto "esquema ilegal de pirâmide" financeira.

Muitas das supostas vítimas são imigrantes do Brasil e da República Dominicana, de acordo com o Wall Street Journal.

Na esteira das acusações, a SEC congelou os bens dos coproprietários James Merrill e Carlos Wanzeler, além de seis de seus colaboradores.

Na terça-feira, agentes do FBI e do Departamento de Segurança Interna invadiram os escritórios da Telexfree em Marlborough, de onde o diretor financeiro da empresa, Joseph Artesanato, teria tentado sair com US $ 38 milhões em cheques bancários em um saco, conforme o Boston Globe.

Somente em Massachusetts, o secretário de Estado William F. Galvin disse que as supostas vítimas da TelexFREE haviam perdido US$ 90 milhões.

Em todo os EUA, a empresa levantou US$ 300 milhões de dólares de residentes em 21 estados, de acordo com o SEC.

Segundo a Reuters, participantes do esquema têm que pagar à TelexFREE US$ 289 dólares por um kit de publicidade ou US$ 1.375  por cinco kits.

Em troca pela publicação de anúncios publicitários pré-escritos em determinados sites, a companhia prometia retornos anuais de até 250 por cento.

O congelamento dos bens da empresa ocorreu poucos dias depois da TelexFREE entrar com pedido de concordata no estado de Nevada, na segunda-feira.

No Brasil, as operações da empresa foram suspensas e seus bens bloqueados em 2013, a pedido do Ministério Público do Acre.

Em 1920, o ítalo-americano Charles Ponzi (foto) atraiu um sem número de clientes prometendo rentabilidade de 50% em apenas 45 dias. O negócio consistia na compra de cupons postais de outros países, trocados por selos nos EUA a um preço mais caro. Mas as despesas e prazos para conversão da moeda minavam qualquer rentabilidade expressiva. Ainda assim, o boca a boca alimentou o topo da pirâmide e por um bom tempo Ponzi remunerou os investidores antigos com o dinheiro dos que entravam no esquema - não deixando, é claro, de tirar uma boa parte para si próprio.

Quando o esquema entrou em colapso, descobriu-se que 160 milhões de cupons postais eram necessários para sustentar as margens que seduziam os investidores. Mas só existiam 27.000 no mercado. Condenado a anos de prisão, Ponzi posteriormente mudou-se para o Rio de Janeiro, onde morreu pobre em 1949. Seu nome carimbou o golpe de pirâmide, mundialmente conhecido como esquema de Ponzi.
  • 2. Engorda de gado nas Fazendas Reunidas Boi Gordo

    2 /6(foto/Site Exame)

  • Veja também

    No mais conhecido caso de pirâmide financeira do Brasil, 30.000 investidores perderam nada menos que 3,9 bilhões de reais. Seduzidos pela oportunidade de embolsar um lucro mínimo de 42% no prazo de um ano e meio, eles aplicaram suas economias nas Fazendas Reunidas Boi Gordo. A empresa chegou ao mercado em 1988, mas só começou a vender os chamados contratos de investimento coletivo (CICs) nos anos 90. A sistema se assentava na engorda de bois e criação de bezerros, mas os lucros repassados eram pagos sobretudo pela entrada de novos investidores no negócio.

    Uma década se passou até que a empresa abrisse seu capital, exigência da CVM para que as atividades continuassem sendo exercidas. Ao longo desse tempo, multiplicaram-se os interessados no esquema. A Boi Gordo investiu inclusive em anúncios apresentados pelo ator Antônio Fagundes nos intervalos da novela “Rei do Gado”. Poucos anos depois a situação mudaria de figura: em 2001 a empresa não tinha mais dinheiro para honrar os resgates solicitados. A falência foi decretada em 2004, mas o processo ainda corre na justiça. Para indenizar os investidores, estuda-se a entrega das propriedades da Boi Gordo, transferindo-as para fundos em nome dos credores. Já o processo criminal instaurado contra o dono da empresa, Paulo Roberto de Andrade, foi cancelado pelo Superior Tribunal de Justiça em dezembro de 2009. Na CVM, a condenação sofrida por ele em 2003 combinou uma multa de mais de 20 milhões e a proibição de exercer o cargo de administrador de companhia aberta por 20 anos.
  • 3. Madoff e a fraude bilionária em Wall Street

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  • Dos mais altos círculos de Wall Street à sentença de 150 anos de prisão, Bernard Lawrence Madoff (foto) amealhou bilhões com o maior esquema de Ponzi da história. Considerado um dos mais bem sucedidos gerentes de investimento de Nova York, Madoff administrou os recursos de 16.000 vítimas, entre figuras carimbadas do show business, tubarões do mercado financeiro, instituições financeiras e bancos - inclusive brasileiros - em um negócio que funcionou por longos 16 anos.

    O canto da sereia era a proposta de rendimento de 1% ao mês. Com a fama consolidada, novos clientes nunca deixaram de lhe bater à porta. Parte do dinheiro recolhido nunca foi investida. A outra parte servia para remunerar os que solicitavam o resgate. Estima-se que os investidores tenham perdido entre 12 e 20 bilhões de dólares ao longo dos anos. Em 2009, Madoff foi condenado por 11 crimes, entre fraude contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e perjúrio.
  • 4. Avestruz Master e a criação de aves que não existiam

    4 /6(Getty Images)

    Fundado em Goiânia em 1998, o grupo Avestruz Master oferecia contratos de compra e venda de avestruzes com compromisso de recompra dos animais. Assim, quem investisse em uma ave com 18 meses de vida, ganharia um retorno de 10% sobre a aplicação até o mês em que a avestruz fosse readquirida pela empresa. O lucro seria assegurado pela suposta exportação da carne. Mas o negócio propriamente dito jamais chegou a ir para frente: em sete anos de operação, nenhuma ave foi abatida. Na teoria, a Avestruz Master teria comercializado mais de 600 mil animais. Na prática, só possuía 38 mil.

    Apostando antes na propaganda do que nas aves em si, o grupo conquistou 40.000 investidores no Brasil, 30.000 deles só no estado de Goiás. Para engordar a base da pirâmide, foram gastos 4 milhões de reais em publicidade em 2004 - e apenas 100.000 reais em ração para as avestruzes. Quando a pirâmide ruiu em 2005, a empresa fechou as portas e seus sócios fugiram para o Paraguai. Em 2010, a Justiça Federal condenou os dois filhos e o genro do dono da Avestruz Master a indenizar os investidores em 100 milhões de reais. Jerson Maciel, controlador do grupo, morrera dois anos antes da decisão. Os acusados também receberam penas de 12 a 13 anos de prisão. A execução da indenização, contudo, só irá acontecer quando todos os recursos judiciais tiverem se esgotado. Se executada, ela não será suficiente para cobrir o prejuízo total amargado pelos investidores, estimado em 1 bilhão de reais.
  • 5. Rentabilidade astronômica em fundo de Madoff mineiro

    5 /6(Stock Exchange)

    Acusado de provocar um prejuízo que beira 100 milhões de reais, o mineiro Thales Emmanuelle Maioline montou seu esquema de Ponzi em Belo Horizonte. O produto oferecido - e comprado por 2.000 investidores - era a participação em um Fundo de Investimento Capitalizado (Ficap), que só existia de fato no site da empresa criada por ele, a Firv Consultoria e Administração de Recursos Financeiros.

    Como os demais golpes do tipo, o fundo prometia um retorno de 5% ao mês acrescido de um bônus semestral. Mas depois que um investidor solicitou o resgate de 3 milhões de reais em julho de 2010, a pirâmide não conseguiu se manter de pé. Maioline desapareceu por 140 dias, sendo preso em dezembro do ano passado. Seu julgamento começou no dia 22 de junho deste ano e ainda não foi concluído.
  • 6. Clubes virtuais de sucesso na Agente BR

    6 /6(Stock Exchange)

    Outrora corretora de câmbio, a Agente BR passou a ofertar clubes de investimento sem registro na CVM a partir de 2006. Sediada em São Paulo e controlada por Túlio Vinícius Vertullo, a empresa anunciava retorno mínimo de 5% ao mês com a aplicação em clubes de investimento virtuais. Com a exigência de um aporte que partia de 10.000 reais e da apresentação de convite para participar, o investimento ganhou ares de tesouro escondido. Mas a rentabilidade prometida - e provada via home broker da instituição - não passava de uma armação.

    Embora a CVM tenha divulgado um alerta ao mercado sobre a irregularidade das operações, a empresa continuou funcionando até janeiro de 2009, quando sofreu intervenção do Banco Central. Estima-se que cerca de 3.000 investidores tenham perdido aproximadamente 100 milhões de reais.
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