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Telefônica ainda não desistiu de comprar a Vivo

Segundo imprensa espanhola, Telefônica irá explorar outras opções para aquisição da Vivo

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

MADRI, Espanha (AFP) - A companhia espanhola Telefónica, que no sábado abandonou a oferta feita à Portugal Telecom (PT) pela operadora Vivo, não desistiu de controlar a operadora brasileira, informa a imprensa espanhola neste domingo.

O interesse da Telefónica pela Vivo não acabou, afirma o jornal El País, crescentando que "a operadora espanhola está disposta a redobrar seu empenho e endurecer sua postura". "Para isso, explora as vias legais para dissolver a Brasilcel".

A Telefónica abandonou no sábado a oferta de 7,15 bilhões de euros à Portugal Telecom para comprar 50% que PT tem na Brasilcel.

O grupo espanhol líder das telecomunicações e a PT possuem 50% cada uma da sociedade holandesa Brasilcel, que, por sua vez, controla 60% da companhia brasileira.

"Os serviços jurídicos da Telefónica têm bem estudadas as opções e não haverá anúncio a respeito até que haja uma decisão" sobre a Brasilcel, segundo o jornal, que acrescenta que a decisão de sábado "não significa que todas as pontes com a PT tenham se rompido definitivamente".

Segundo o jornal El Mundo, "à Telefónica restam várias opções para tentar o assalto ao Brasil".

A espanhola acaba de ter concedido um empréstimo de 8 bilhões de euros "para os gastos da operação, que seriam suficientes, inclusive, para lançar uma OPA (oferta pública de adquisição) pela Portugal Telecom".

"A Telefónica também poderia optar por comprar outra operadora na zona", segundo El Mundo, e poderia, da mesma forma, "bloquear o dividendo da Brasilcel, o que suporia um congelamento da metade das rendas da PT", ou, por último, "esperar por uma retificação do governo espanhol para voltar à negociação".

Durante as negociações, o governo português se opôs à operação graças aos direitos especiais concedidos por uma "golden share" (ação dourada) na Portugal Telecom.

No sábado, a Telefónica anunciou ter desistido da oferta de 7,15 bilhões de euros feitas à PT para comprar sua participação na operadora brasileira.

A oferta da Telefónica para comprar os 50% da PT na Brasilcel caducava na meia-noite de sexta-feira e, nesse mesmo dia, o conselho de administração da PT se reuniu e não chegou a um acordo a respeito.

A PT pediu na sexta à Telefónica, em uma carta obtida pela AFP, que estendesse sua oferta até o dia 28 de julho, depois de afirmar que as conversações entre ambos sobre a oferta do grupo espanhol "avançaram de forma construtiva" e que gostariam de "seguir trabalhando para encontrar um resultado positivo" em relação à oferta do líder espanhol de telecomunicações.

Mas a Telefónica respondeu à PT no sábado, em outra carta, que a oferta expirou em 16 de julho, à meia-noite, prazo que havia anunciado e enfatizado há alguns dias.

A Telefónica apresentou inicialmente uma oferta de 5,7 bilhões de euros que elevou duas vezes: a 6,5 bilhões de euros e, finalmente, a 7,15 bilhões de euros.

O grupo espanhol e a PT possuem 50% cada um da sociedade holandesa Brasilcel, que, por sua vez, controla 60% da Vivo.

A companhia espanhola líder nas telecomunicações já tem no Brasil a filial da telefonia fixa Telesp.

No início de julho, a maioria dos acionistas da PT decidiu aceitar a oferta da Telefónica, mas o governo português se opôs à operação graças aos direitos especiais concedidos pela "golden share" na Portugal Telecom.

O presidente da Telefónica, César Alierta, havia declarado na terça-feira que "a relação na Brasilcel é entre a Telefónica e a PT, que são os dois sócios, e ninguém mais pode interferir".

Uma "golden share"' é uma parte mínima de ações que possui um Estado em uma empresa pública quando esta é privatizada e que dá direito de veto.

O Tribunal de Justiça da UE estimou na semana passada ser injustificável que o Estado português vetasse a oferta da Telefónica a PT, depois que a Comissão Europeia se mostrou contra esse direito de veto.

Tanto a Telefónica como a PT sempre declararam considerar o Brasil um de seus motores de crescimento.

A Portugal Telecom estimou, em um primeiro momento, que a oferta espanhola "não refletia o valor estratégico deste ativo para a Telefónica".

Além disso, avisou que a "Vivo é um ativo essencial para a estratégia" da PT e que "a venta desta participação vai contra as perspectivas de desenvolvimento em longo prazo" da empresa.

A Telefónica enfatizou, por sua parte, que sua última oferta era impecável.

O líder espanhol teve em 2009 um aumento do benefício líquido de 2,4% impulsionada pelo crescimento do negócio na América Latina, onde os acessos a linhas telefônica aumentaram 6,5%.

No início da noite de sábado, o governo português respondeu à retirada da oferta da Telefónica para "manifestar sua total confiança e seu apoio ao Conselho de Administração da PT e à maneira como conduziu todo o processo de negociação com a Telefónica".

"O grupo português sempre atuou de forma a proteger os interesses de todas as partes envolvidas e a promover os objetivos estratégicos da PT, particularmente sua vocação de ser uma grande empresa internacional", afirmou o ministério de Transporte e Comunicação em comunicado.

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