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Taurus vende lote de fuzis e submetralhadoras para o Senegal

Impedida de participar de licitações em São Paulo, a fabricante de armas busca crescer no mercado internacional, que já representa 80% da receita

Salesio Nuhs, presidente da Taurus: compensa mais importar do que fabricar no País (Ricardo Jaeger/Exame)

Salesio Nuhs, presidente da Taurus: compensa mais importar do que fabricar no País (Ricardo Jaeger/Exame)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 28 de maio de 2020 às 13h46.

A fabricante brasileira de armas Taurus fechou um contrato para fornecer fuzis e submetralhadoras para as forças de segurança do Senegal. O valor do contrato não foi revelado. Serão entregues 1 mil fuzis modelo T4, calibre 5,56, e 200 submetralhadoras. As armas são voltadas para o uso militar e policial. 

O mercado externo tem sido o principal foco da empresa. As exportações responderam por mais de 80% do seu faturamento, que chegou a 999 milhões de reais no ano passado. Os Estados Unidos, maior comprador de armas do mundo, é o principal destino de suas vendas, mas a companhia vem intensificando a atuação na África e na Ásia. 

No Brasil, a Taurus passa por problemas legais. Na semana passada, a empresa foi impedida de participar de licitações do governo do estado de São Paulo e multada em 12 milhões de reais. A penalização é decorrente de um processo motivado por falhas no funcionamento de armas fornecidas para a Polícia Militar, entre os anos de 2007 e 2011. 

A Taurus afirmou que tomará todas as medidas administrativas e judiciais cabíveis para a reversão da penalidade aplicada, e que “não há evidências técnicas ou fundamentos jurídicos que permitam a penalização da companhia”.

Os problemas legais no Brasil não impediram que a empresa apresentasse um bom desempenho financeiro no ano passado, quando a fabricante registrou seu primeiro lucro sem sete anos. O resultado foi puxado pelas vendas externas. 

A maior fabricante de armas do País também enfrenta críticas do presidente Jair Bolsonaro e de seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, que chegou a dizer que o governo “quebraria o monopólio da Taurus”, além de questionar a qualidade dos produtos da empresa. O presidente da companhia, no entanto, diz que mantém boa relação com os órgão competentes. “Com os órgãos que lidamos diretamente, os ministérios da Defesa e das Relações Exteriores, nunca tivemos problema”, afirmou em entrevista à Exame

Em relação ao arcabouço tributário e às políticas de liberalização da compra de armas no país, que favorecem a importação, Nuhs é crítico. “Com essa estrutura de impostos, simplesmente não compensa produzir no Brasil. O país está se transformando num balcão de negócios de armas. As empresas que vierem para cá vão apenas importar ou montar aqui. O certo seria fazer como na Índia, onde a Taurus é obrigada a transferir tecnologia”, diz ele.

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