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Suzano não deve sair do negócio de papel

Empresa possui um forte plano de crescimento até 2024, quando completa 100 anos de existência, e não pretende se livrar de ativos como a rival Fibria

O plano consiste em investimentos no aumento da capacidade de produção de celulose e abre novas frentes de negócios em biotecnologia e energia (Germano Lüders/EXAME)

O plano consiste em investimentos no aumento da capacidade de produção de celulose e abre novas frentes de negócios em biotecnologia e energia (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2011 às 14h41.

São Paulo - A Suzano Papel e Celulose não tem interesse em se desfazer de todos os seus ativos de papel e se focar apenas na produção de celulose, como fez a concorrente Fibria.

Para o presidente da companhia, Antonio Maciel Neto, existe a possibilidade de alienação "de alguns ativos" no longo prazo, e o executivo mostra-se otimista em relação ao caixa e ao endividamento da companhia.

A Suzano possui um forte plano de crescimento até 2024, quando completa 100 anos de existência. O plano consiste em investimentos no aumento da capacidade de produção de celulose e abre novas frentes de negócios em biotecnologia e energia. Além disso, o plano também fala sobre "a liderança do mercado de papéis da America Latina".

Para a primeira fase da ampliação da produção de celulose, que consiste em uma unidade produtora de 1,5 milhão de toneladas em Imperatriz (MA), já foi definido tanto o financiamento como a compra de equipamentos para a unidade, a primeira da Suzano no Nordeste.

"O que o nosso conselho colocou é que a prioridade é construirmos o plano 2024... não podemos como uma empresa pública dizer que não vamos vender nenhum ativo. O conselho disse que poderia vender determinados ativos de papel e participações em projetos futuros", afirmou Maciel em entrevista à Reuters.

"No curto prazo não precisamos tomar nenhuma medida. A questão central é que nossos investimentos são de longo prazo", lembrou.

Na segunda-feira, a Suzano divulgou comunicado em que afirmava que não descartava vendas de determinados ativos da área de papel e/ou participações em novos projetos da área de celulose, mas que não havia qualquer decisão sobre o assunto.

Atualmente, de acordo com o próprio presidente, a Suzano tem 36 por cento do mercado interno de papel e 30 por cento da distribuição do produto.

Maciel garantiu ainda que não existe nenhuma negociação em andamento para as eventuais vendas dos ativos de papel ou participações nos projetos de celulose. "O aumento de capital (para aumento do caixa) é a última alternativa porque é a mais cara para os acionistas", disse Maciel.

Sobre um eventual novo adiamento de projetos, o presidente confirmou a entrada em operação da unidade do Maranhão para o final de 2013 e afirmou que uma decisão definitiva sobre a unidade do Piauí deve acontecer no primeiro semestre de 2014, quando a Suzano deve decidir sobre a compra de equipamentos para a fábrica, que também produzira 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano.


Dólar em alta favorece

Maciel não traçou uma perspectiva para os preços da celulose no curto e médio prazos e disse que a crise financeira que voltou a atingir os paises desenvolvidos ainda não trouxeram repercussões negativas para a empresa.

"Por enquanto você tem os estoques subindo devagarzinho... o nível de atividade no mundo está diminuindo. Está caindo, mas não na velocidade que caiu em 2008."

O presidente disse que a Suzano "tem uma situação de caixa confortável", com um disponibilidades de 3 bilhões de reais no final do segundo trimestre, com um faturamento de 4,6 bilhões de reais nos últimos 12 meses. A relação entre dívida líquida e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), entretanto, pode apresentar alterações por conta do crescimento do dólar em relação ao real, o que afeta a dívida em moeda estrangeira.

A dívida, entretanto, sobe "contabilmente", disse Maciel. "O câmbio tem um efeito importante no resultado. Para nós tem um efeito benéfico muito grande", afirmou, lembrando que o dólar mais alto favorece as empresas exportadoras, caso da Suzano e do setor de papel e celulose como um todo.

"Nos últimos 15 dias as coisas já mudaram", lembrou, referindo-se à disparada do preço do dólar.

De acordo com ele, a cada 10 centavos de real a mais no valor do dólar há um impacto de 140 milhões de reais no Ebitda da companhia.

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