Streaming com produções LGBTQ pretende quebrar tabus na Ásia
GagaOOLala foi lançado em 2017 em Taiwan e é considerado um serviço de vanguarda na região; em 2020, lançamento será mundial
AFP
Publicado em 30 de dezembro de 2019 às 12h00.
Última atualização em 30 de dezembro de 2019 às 13h01.
Com uma comédia romântica sobre uma comissária de bordo lésbica ou uma história de amor em um spa gay, a primeira plataforma de vídeo LGBTQ da Ásia tenta expandir os limites, em uma região com valores frequentemente tradicionais.
A GagaOOLala oferece mais de mil filmes, séries e documentários para seus assinantes, em países onde as normas morais e a censura deixam muito pouco espaço na mídia para conteúdos relacionados à homossexualidade.
Este serviço de streaming foi lançado em 2017 em Taiwan e é considerado um serviço de vanguarda.
Hoje, está presente em 21 territórios, em muitos dos quais a homossexualidade é considerada crime.
"Uma das minhas principais motivações para criar o GagaOOlala foi combater mitos e conceitos errôneos que as pessoas possam ter sobre a comunidade LGBT ", declarou Jay Lin, defensor dos direitos dos gays e fundador da plataforma, falando no Fórum de TV realizado em Singapura.
"Nem todos vivemos vidas trágicas, somos empreendedores, pais...", explica esse homem de 46 anos que tem dois filhos gêmeos com seu parceiro.
A plataforma tem cerca de 280.000 clientes, essencialmente homossexuais, mas também mulheres heterossexuais, e foi lançada em um contexto de progresso nos direitos dos gays em alguns países.
Taiwan foi o primeiro país asiático a legalizar o casamento gay em maio passado, e a Suprema Corte indiana rejeitou recentemente uma lei da era colonial que proibia o relacionamento gay.
Censura e pena de morte
Mas a situação continua sendo preocupante em vários países onde a plataforma opera, o que transforma sua existência em algo ainda mais importante para a comunidade LGBTQ, afirmam seus promotores.
As relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo continuam proibidas em Singapura e na Malásia, onde homens e mulheres foram recentemente condenados.
O pequeno sultanato de Brunei, rico em hidrocarbonetos, estabeleceu a pena de morte por apedrejamento por relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo, no âmbito de um novo código penal baseado na 'sharia', lei islâmica.
No entanto, dada a onda de indignação internacional, o governo local disse que aplicará uma moratória à pena de morte.
A censura é muito severa em outros países da região: a Malásia reprimiu cenas de sexo gay este ano no filme "Rocketman", que narra a vida de Elton John, e Singapura fez o mesmo com uma cena do novo filme "Star Wars", em que duas mulheres se beijam na boca.
Produções asiáticas
A plataforma, com lançamento mundial programado para 2020, optou pelo marketing discreto e faz sua promoção nas redes sociais, em fóruns privados e por meio de influenciadores LGBTQ.
Jay Lin começou a promover o catálogo de GagaOOlala com conteúdo ocidental, mas agora ele se esforça para encontrar conteúdo asiático e, para isso, criou o GOL Studios, com o objetivo de ajudar os cineastas LGBTQ a financiar e distribuir seus projetos.
Esses estúdios já produziram seu primeiro filme tailandês este ano, seu primeiro filme lésbico no Japão e uma coprodução entre Espanha e Alemanha.
Produzir conteúdo original é essencial para divulgar uma plataforma como o GagaOOLala, explica o empresário.
A série "Handsome Stewardess", sobre uma lésbica de Taiwan que se torna comissária de bordo para viver uma história de amor em Singapura, despertou interesse do público da plataforma.
"The Teacher", outra série original sobre um professor apaixonado por um homem HIV positivo casado, também foi um grande sucesso e ganhou um prêmio no Golden Horse Awards em Taiwan, o "Oscar" da ficção em idioma chinês.