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Esqueça o roaming: esta startup quer ser primeira opção de internet para quem viaja ao exterior

A Uni Global oferece chips de telefonia móvel para turistas brasileiros que viajam ao exterior; previsão de faturamento em 2023 é de R$ 50 milhões

Ivan Botelho, fundador e CEO da Uni Global (Uni Global/Divulgação)

Ivan Botelho, fundador e CEO da Uni Global (Uni Global/Divulgação)

Maria Clara Dias
Maria Clara Dias

Repórter de Negócios e PME

Publicado em 17 de março de 2023 às 11h52.

Negócios de nicho costumam prosperar na medida em que percebem — e acompanham — mudanças e tendências. No caso da Uni Global, empresa de telefonia móvel, a atenção sempre esteve nas mudanças de comportamento dos viajantes internacionais e do próprio mercado de comunicação. Fundada há cinco anos, a startup está hoje em 190 países, oferecendo chips de internet móvel para turistas.

Como surgiu a empresa

A Uni Global, como bem sugere o nome, é uma empresa de atuação global, dedicada ao setor de telecomunicações. O propósito é o de ser uma operadora de telefonia, mas voltada exclusivamente ao universo do turismo, atendendo a viajantes que deixam seus países por períodos determinados de tempo.

A ideia para o negócio é do turismólogo Ivan Botelho, que percebeu o potencial para a criação de uma empresa com canais de atendimento ao cliente reforçados — a prática mais comum, naquela época, era a revenda de chips internacionais por empresas brasileiras que não prestavam qualquer tipo de suporte aos consumidores no pós-venda. 

“A grande chance estava em ter um negócio capaz de suprir todas as lacunas deixadas por essas empresas no mercado, com um bom suporte e valor acessível”, diz Botelho, em entrevista à EXAME.

Em acordo com a operadora espanhola MásMóvil, a UniGlobal deu seus primeiros passos no mercado no país europeu, atendendo a turistas brasileiros de chegada a diferentes nações do continente. A escolha da Espanha, segundo Botelho (um hispano brasileiro), se deu pela facilidade em estabelecer acordos de roaming internacionais, serviço de dados de internet que operam fora de seus países de origem.

O valor final dos chips temporários da Uni Global também costumava ser inferior quando comparado a planos de roaming oferecidos por operadoras tradicionais do Brasil, segundo o empreendedor.

Qual o modelo de negócio

Depois de alguns meses em operação, a Uni Global mirou no B2B, passando a atender companhias do setor de telefonia móvel que reconheciam os gargalos relacionados ao atendimento, especialmente no pós-venda. “Crescemos muito rápido com essa perspectiva de atendimento único a um tipo específico de cliente, aquele que fica conosco por apenas alguns dias e que, se bem atendido, lembrará e voltará a nos procurar em futuras viagens”, diz.

A Uni Global passou a vender seus chips a empresas de telefonia com forte atuação no e-commerce. Essas empresas enviavam os cartões aos usuários antes do período de viagem. Entre elas, estão Azul, Yes do Brasil e Avoris, holding mexicana do setor de turismo.

Aos poucos, a startup expandiu operações, oferecendo seus serviços de dados a países como

  • Estados Unidos;
  • Índia;
  • Uruguai;
  • China

Em relação aos canais de venda, a startup também passou a vender seus chips por meio de quiosques das companhias parceiras em aeroportos e também agências de viagem e casas de câmbio. "Hoje temos mais de 12.000 pontos de venda”, diz.

Mudança de rota

Como boa parte dos negócios ligados ao setor de turismo, a Uni Global foi duramente impactada pela pandemia. As receitas despencaram, e os planos de expansão foram interrompidos. Sem turistas viajando mundo adentro, a startup zerou o número de ativação de novos chips, um indicador que só retomou a normalidade em 2022. “Ainda estamos nesse processo de recuperação de todas as sequelas que esse período trouxe, mas otimistas com o avanço da tecnologia”, diz.

Em 2022, a empresa teve um faturamento de 12,5 milhões de reais, ainda abaixo dos patamares pré-pandemia.

Para reverter esse cenário e ampliar as receitas em 2023, a startup está apostando em alguns lançamentos e na diversificação de seus canais de venda. Nesse esforço, a Uni Global está iniciando uma operação local nos Estados Unidos que também permitirá a venda de chips para moradores — o que a dará o status de operadora de telefonia local e que com foco para além do turismo.

Em outra frente, a Uni Global está instalando máquinas de venda de eSIM, o chip de telefonia móvel e digital, em aeroportos do Brasil, Europa e Estados Unidos. As primeiras unidades estarão nos aeroportos de Miami, Orlando, Guarulhos, Galeão (Rio de Janeiro), Viracopos (Campinas) e Frankfurt, além de estar fechando para os aeroportos de Milão, Roma e Madrid. Ao todo, já são mais de 40 unidades encomendadas, e a previsão é chegar a 200 inaugurações até o final do ano.

Ao marcar presença em alguns dos principais terminais internacionais e com otimismo na retomada do turismo global, a Uni Global prevê crescer em 2023. "Vamos faturar 50 milhões de reais, e isso ainda é uma projeção conservadora", diz Botelho.

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