Nelson Barros, CEO da Etiqueta Única: "vamos criar uma solução para empresas de varejo que querem entrar no mercado de second hand" (Etiqueta Única/Divulgação)
Gabriel Aguiar
Publicado em 3 de junho de 2021 às 08h00.
Última atualização em 3 de junho de 2021 às 14h32.
Que tal comprar uma bolsa Christian Dior com 76 mil reais de desconto? E uma gravata Ermenegildo Zegna pelo mesmo preço de marcas nacionais? Essa é a proposta da Etiqueta Única, plataforma que reúne compradores e vendedores de produtos de luxo. E o segredo é apostar em second hand – que também passou a convencer a clientela pela sustentabilidade.
“Percebo que, para as gerações Z e Millennials, esse tipo de consumo acontece pela consciência dos impactos ambientais e porque entendem que bens de luxo são mais duráveis que fast fashion. Fora aquelas que tinham preconceito e percebem o benefício de pagar 7 mil reais na bolsa que custaria 20 mil reais na loja. Ninguém está ligando se comprou seminova e ainda economizou 13 mil reais. Então, acaba entrando no ciclo”, diz Nelson Barros, CEO da empresa.
E tudo começou informalmente, dentro de uma garagem, vendendo apenas para familiares e amigos, com inspiração nas negociações de second hand que já eram comuns fora do Brasil em 2013. Mesmo com poucos clientes, o ticket médio era alto, o que inspirou a montar um e-commerce. Naquele ano, veio o único investimento externo e o negócio passou a crescer.
“Criei o business plan para digitalizar depois de quase três anos em garagens e recebemos um aporte com prazo relativamente curto. Era menos do que precisávamos para estruturar tudo [o valor não foi revelado] e aproveitamos para aumentar a credibilidade. Porque não somos marca. Somos um portal intermediador. E precisamos que acreditem na gente”, afirma.
Para garantir a autenticidade de produtos, existem equipes dedicadas à inspeção manual de todos os itens – considerado um dos principais diferenciais da Etiqueta Única pelos fundadores –, seguindo um manual (criado internamente) com as características e especificidades de cada fabricante. Além disso, fotos, logística e até a higienização ficam por conta da empresa.
“Com isso, a gente também melhora a credibilidade. E não temos taxas-surpresa: nosso faturamento é com comissionamento e, por isso, o vendedor só paga depois que a peça é vendida. Só cobramos uma tarifa de 70 reais caso o anunciante retire o produto antes de completar três meses na plataforma, por conta do trabalho para fotografar e preparar os produtos”, diz.
Como resultado, a Etiqueta Única já faturou cerca de 10 milhões de reais em 2020 e movimentou mais de 24 milhões de reais em negociações na plataforma. Com crescimento anual de 40% desde 2017, foram adotadas novas tecnologias durante o primeiro semestre para aumentar a escala. Por isso, já há previsão de movimentar até 70 milhões de reais no ano que vem.
“Queremos incluir móveis, relógios e obras de arte, que são bem peculiares. Pretendemos ter parceiros estratégicos para anunciarem no site e estamos preparando as ferramentas necessárias para eles terem autonomia. Também vamos criar outra solução para empresas de varejo que querem entrar no mercado de second hand e preferem estar dentro do marketplace”, afirma.
E nem mesmo a pandemia tirou o fôlego das compras, ainda que, nos primeiros 40 dias de isolamento, realmente tenha reduzido o ritmo das negociações. Mas, de acordo com Nelson Barros, logo o problema passou a ser completamente oposto, já que a plataforma teve de lidar com a alta demanda. Por conta desse desempenho, a estimativa é crescer 70% em 12 meses.
“Somos uma empresa lucrativa desde o quarto mês de operação e sempre nos preocupamos em manter o crescimento estratégico para manter margem Ebitda – lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização – positiva. E, com isso, crescemos de maneira saudável e nos tornamos um exemplo como empresa online, já que muitas precisariam ser alavancadas”, diz.
Para os próximos anos, a Etiqueta Única não descarta fazer o caminho inverso de outras empresas, pois estuda a abertura de pontos físicos e quiosques para a captação de novos produtos. Segundo o próprio CEO, sair do ambiente exclusivamente digital também pode colaborar para a percepção da empresa por parte do público. Entretanto, não há previsão para isso acontecer.
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