O site de comércio eletrônico do Walmart vai devorar a B2W?
Para analistas, só com uma estratégia de marketing muito agressiva o gigante americano conseguirá ameaçar a liderança da B2W, que controla o Submarino e a Americanas.com
Da Redação
Publicado em 24 de maio de 2011 às 18h43.
Sem estardalhaço, o Walmart, maior varejista do mundo, entrou no comércio eletrônico brasileiro. A aproximação silenciosa do gigante, no entanto, não deve ser uma ameaça para a líder do setor no Brasil - ao menos por enquanto. Controladora dos sites Americanas.com e Submarino, a B2W conta atualmente com confortáveis 60% de participação de mercado.
Na visão dos analistas, ainda não tem motivos para se preocupar. "Não é fácil roubar o lugar de uma empresa tão bem estruturada quanto a B2W", diz Alan Cardoso, analista da corretora Ágora.
Para competir com a líder do e-commerce no Brasil, o Wal-Mart teria de realizar pesados investimentos em logística, processamento e atendimento. Mas essa pode não ser a sua estratégia. "Em outros países, o comércio eletrônico é apenas um complemento dos negócios, que são focados nas lojas físicas", diz Peter Ping Ho, analista da corretora Planner.
O risco do Wal-Mart para a B2W, portanto, dependerá de quanto o varejista está disposto a desembolsar. A estréia tímida de sua loja virtual leva os especialistas a crerem que a rede americana ainda está avaliando o potencial do mercado brasileiro para, somente então, definir quais serão os seus objetivos.
"A luz amarela só deverá acender para a B2W se o Wal-Mart vier com uma campanha agressiva de marketing. Nesse caso, será necessário reagir para defender mercado", diz Ping Ho. Para o analista, porém, o mais provável é o Wal-Mart manter a estratégia já adotada em outros países, colocando o comércio eletrônico apenas como um coadjuvante em seus negócios. Outras redes no país, como Ponto Frio e Extra, já fazem isso.
"Hoje, é mais preocupante para a B2W a desaceleração nas vendas em função da crise financeira que a entrada de novos competidores no mercado", ressalta Cardoso. Em sua avaliação, a controladora de Americanas.com e Submarino teria de perder muito mercado para se sentir ameaçada por outra empresa. Já se as vendas recuarem, o impacto será imediato.
No balanço do terceiro trimestre, divulgado nesta quinta-feira (6/11), a B2W mostra que ainda não sentiu a influência da crise financeira. Sua receita líquida subiu 35% em relação ao mesmo período do ano passado, impulsionada pelo aumento no número de clientes, pela maior freqüência de compra e pelo crescimento no valor médio de compra.
A margem de lucro antes do pagamento de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) também subiu, passando de 14,6% em 2007 para 15,5% neste ano.
Segundo a corretora Socopa, a companhia não sentiu o impacto da retração e do encarecimento do crédito devido à sua confortável posição de caixa. Mas, mesmo diante de bons resultados e da tendência de desenvolvimento do comércio eletrônico no Brasil, as instituições estão revisando as suas estimativas.
"Estamos menos otimistas em relação ao setor de consumo, que pode sofrer o impacto da crise econômica com efeitos sobre emprego e renda em 2009. Incorporaremos um cenário mais pessimista em nossas próximas projeções", diz a Fator em relatório.
A Brascan também divulgou relatório afirmando que vai rever suas estimativas, mas por ora, mantém o preço-alvo de 81,20 reais para as ações da companhia que representa um potencial de alta de 182,4% em relação ao fechamento da última sexta-feira (28,75 reais). Já o Santander reduziu, no último dia 27, as estimativas para os papéis da B2W de 95 reais para 61 reais. Apesar das perspectivas menos animadoras, todas as corretoras mantêm suas recomendações de compra para as ações.