Singapura: o novo berço das startups
Polo tecnológico e um dos países mais competitivos do mundo tem atraído empreendedores para o seu território em busca de inovação
Vanessa Daraya
Publicado em 11 de outubro de 2017 às 14h24.
Última atualização em 11 de outubro de 2017 às 14h31.
Qual o segredo para criar uma startup de sucesso? Ter uma boa ideia, buscar investimentos e estruturar um bom modelo de negócios são alguns itens que precisam ser levados em consideração. Mas tudo pode ficar mais fácil quando o empreendedor escolhe um bom lugar para iniciar seu negócio.
Vale buscar um ambiente acolhedor, em que há eficácia de governo, qualidade regulatória, facilidade de proteção aos investidores minoritários e alto desenvolvimento tecnológico. Singapura tem se destacado globalmente por atender a esses requisitos, proporcionar subsídio aos que estão começando e, consequentemente, atrair empreendedores de todo o mundo – inclusive da América Latina ( veja o infográfico abaixo ).
Veja o caso de Rodrigo Martinez, em Singapura desde 2012. O empresário é natural do Chile, mas alcançou parte do seu sucesso no Brasil. Sua primeira companhia foi a STI Internet, dona do sistema que foi considerado na época o quarto maior provedor de serviço de internet.
A companhia foi vendida por 10 milhões de dólares para a PSINet, em 1999. No mesmo ano, ele fundou a hpg do Brasil, um serviço de hospedagem web em língua portuguesa. Os ventos favoráveis fizeram com que ele a vendesse, em 2001, ao grupo de comunicações iG por 55 milhões de dólares.
Após um período sabático, Martinez escolheu Singapura para voltar ao mundo empresarial. O objetivo era investir em aceleradoras e em novos negócios. “Mas a facilidade em se fazer um negócio me incentivou a voltar a empreender.” Em meados de 2015, aos 42 anos, ele fundou a startup FYT.to, ferramenta em que internautas podem construir suas próprias páginas na internet. De olho no alto crescimento e potencial da companhia, ele se diz admirado pelas oportunidades que o local oferece. A seguir, leia a entrevista com o empresário.
Por que você escolheu Singapura como novo destino?
Eu costumo brincar que um chamado divino me levou até lá. Mas a verdade é que foi pelo ambiente favorável para se fazer negócios. Cheguei a Singapura em 2012 na fé e na coragem. A primeira coisa que fiz foi investir em uma aceleradora local. Eu realmente fui sem o intuito de construir algo novo.
Meu objetivo era mais apoiar a nova geração de empreendedores. Porém, em um segundo momento, notei um ambiente extremamente favorável para se fazer negócios. Seria um desperdício alguém com a minha visão e bagagem se limitar a fazer apenas investimentos. No final das contas, resolvi montar minha terceira empresa de internet.
O senhor acredita que o local dá o suporte necessário para a criação de startups?
Sim. O governo de Singapura enxergou os ganhos em investir no desenvolvimento de startups. Havia uma região de prédios industriais na vila de One North que foram desocupados. Em vez de o governo investir nos prédios para usar em outros segmentos, ele reformou e disponibilizou o aluguel mais acessível para que novos empreendedores pudessem ir para a região. O espaço se tornou uma espécie de vila de coworking.
Atualmente, existem aproximadamente 700 startups trabalhando nesse aglomerado de prédios. É por isso que a vila é considerada o novo Vale do Silício. É o berço de centenas de startups. Hoje, eu acredito que Singapura é, por exemplo, um novo polo de criação de fintechs (tecnologias e serviços para o setor financeiro), assim como Londres e Hong Kong.
Quais seriam os diferenciais de abrir uma companhia no local e não, por exemplo, nos Estados Unidos?
O crescimento econômico do mundo está na Ásia. Sabemos que a China é um mundo à parte, mas na região há a Indonésia, a Índia, assim como outras economias relevantes. Instalar uma base em Singapura é altamente estratégico. A empresa conta com pontos fortes de atração, subsídios – de acordo com o setor em que atua – e é natural que a startup cresça. Para startup de internet, então, é ótimo. O e-commerce na região é muito forte, principalmente por conta da logística e facilidade de transporte.
Se você pegar um voo em Singapura e andar em círculo, em cerca de quatro horas você alcançará 1 bilhão de pessoas. Além disso, não podemos deixar de considerar que a companhia crescerá em um ambiente menos feroz que no Vale do Silício, o que dará oportunidade de aumentar, alavancar e fortalecer o negócio para quando quiser entrar em países como Estados Unidos e China. O ambiente é mais favorável para crescer de forma sustentável.
Há potencial para que Singapura seja considerada o novo Vale do Silício?
Acredito que Singapura está posicionada para que, de cinco a dez anos, comece a produzir e gerar frutos compatíveis com os vindos do Vale do Silício. É uma cortina que está desenrolando. O local já formou unicórnios, por exemplo (empresas avaliadas em 1 bilhão de dólares). Sem dúvida, é uma excelente opção para quem quer empreender.