Silvio Santos: venda da rede seria para pagar a dívida do banco PanAmericano (Divulgação/EXAME.com)
Tatiana Vaz
Publicado em 6 de janeiro de 2011 às 14h02.
São Paulo – O Grupo Silvio Santos deve retomar, na próxima semana, as conversas com os interessados em comprar as 128 lojas do Baú Crediário, concentradas nos estados de São Paulo e Paraná. Uma primeira rodada de negociações foi feita em dezembro com as redes de varejo que estão no páreo: a mexicana Elektra, de Ricardo Salinas, Casas Bahia, do Grupo Pão de Açúcar, e a paranaense MM-MercadoMóveis.
O principal motivo que teria levado o empresário Silvio Santos a paralisar as conversas seria a substituição da consultoria de reestruturação Galeazzi Associados por outra na intermediação do negócio.
“Ainda não sabemos qual é a nova consultoria, mas aguardamos um novo contato da Lojas do Baú nos próximos dias”, diz o superintendente do Grupo MM, Márcio Pauliki. A rede Elektra também aguarda novos contatos.
Interesses distintos
As interessadas na compra da rede paulista teriam objetivos diferentes com relação ao que fazer com as lojas do Baú. Em comum, porém, todas já teriam declarado que não se interessam pela marca, apenas pelos pontos-de-venda.
Com a aquisição, a Elektra poderia ampliar sua atuação, hoje concentrada no Nordeste, para o Sul do país. “Se não fecharmos o negócio, nossa pretensão é continuar crescendo organicamente”, afirma uma fonte da rede mexicana.
Para a Casas Bahia, a aquisição seria uma oportunidade de ampliar o número de lojas nas regiões, agora sob a gestão do Grupo Pão de Açúcar. Como já é o maior grupo de varejo do país, o acordo, porém, poderia esbarrar nos órgãos de fiscalização da concorrência, como o Cade. Já o MercadoMóveis entrou na disputa pelos pontos localizados no Paraná, onde a rede é uma das líderes de vendas.
“Fizemos uma proposta para comprar 100 pontos, além do banco de dados dos usuários do cartão Baú Crediário, com cerca de 200.000 plásticos emitidos”, conta Pauliki. “Nos comprometemos a manter todos os funcionários da empresa nessas unidades e estamos confiantes que o negócio será fechado conosco”.
Rombo
A venda do Baú Crediário seria uma das formas de Silvio Santos levantar dinheiro para pagar a pesada dívida do banco PanAmericano. No final do ano passado, o Banco Central detectou um rombo na carteira de crédito da instituição. Para salvá-la, o empresário-apresentador recorreu a um empréstimo de 2,5 bilhões de reais junto ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Como garantia, deu todas as suas empresas.
Agora, o movimento mais esperado pelo mercado é que o Grupo Silvio Santos venda diversos ativos para quitar o financiamento. Além do Baú Crediário, a fabricante de cosméticos Jequiti e o próprio PanAmericano teriam despertado o interesse de investidores. Já a rede de TV SBT é tida como a última da lista, já que pode enfrentar restrições legais à venda. Além disso, Silvio teria um especial carinho pela emissora, e já teria declarado que não a venderá.