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Silvicultura cresce seis vezes área de cultivo em 37 anos

No mesmo período, agricultura triplicou o uso do solo, segundo mapeamento feito com imagens de satélite

Com 8,8 milhões de hectares mapeados em 2021, a silvicultura (cultivo de florestas) avançou 598% entre 1985 e 2021, segundo levantamento do MapBiomas (Fernando Comet/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2022 às 12h00.

Última atualização em 3 de novembro de 2022 às 12h05.

A agricultura e a silvicultura (cultivo de florestas) estão ocupando cada vez mais espaço de cultivo no solo brasileiro. A conclusão é de um extenso levantamento da MapBiomas, uma iniciativa multi-institucional que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil.

Em 2021, a agricultura ocupava 62 milhões de hectares - três vezes mais que os 19 milhões mapeados em 1985. Nesse mesmo período, a silvicultura passou de 1,5 milhão de hectares para quase 9 milhões de hectares mapeados em 2021 – uma expansão de 598% ao longo de 37 anos, segundo os dados obtidos a partir de imagens de satélite e classificação automatizada.

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Agricultura no Brasil

A quase totalidade da área cultivada no Brasil é de lavouras temporárias, como soja, arroz, cana-de-açúcar, algodão e outras culturas. Juntas, elas ocupam quase 60 milhões de hectares – extensão superior a de países como França e Espanha. A expansão nos últimos 37 anos foi de 3,3 vezes, passando de 18,3 milhões de hectares em 1985 para 59,9 milhões de hectares em 2021.

Esse crescimento fez com que o número de municípios com mais de mil hectares de lavoura temporária aumentasse de 1.570, em 1985, para 2.985 em 2021.  Luciana Oliveira, da equipe MapBiomas Agricultura, comenta que houve um aumento de área de lavoura temporária principalmente em municípios do Cerrado e do Pampa, onde já existe uma consolidação de áreas agrícolas. “No entanto, também houve um avanço no bioma Amazônia, abrangendo municípios dos estados do Amazonas, Rondônia, Acre, Roraima e Pará”, afirma.

Em relação às lavouras perenes, principalmente o café e o citrus, essas tiveram uma expansão ligeiramente mais lenta do que as lavouras temporárias mapeadas: o crescimento entre 1985, quando ocupavam 800 mil hectares, e 2021, quando alcançaram 2,28 milhões de hectares, foi de 2,9 vezes.

O aumento de área dos cultivos perenes mapeados pelo MapBiomas ocorreu de forma mais significativa nas regiões do triângulo mineiro e no sul do estado de Minas Gerais, onde o cultivo de café é expressivo; no nordeste do Pará, onde existe monocultivo de dendê; e no norte da Bahia, pólo de irrigação de Petrolina. Essa expansão fez com que o número de municípios com mais de mil hectares de lavouras perenes passasse de 206, em 1985, para 447, em 2021.

De forma geral, entre 1985 a 2021, a expansão da agricultura se deu majoritariamente sobre áreas de pastagens e áreas já previamente antropizadas (com ação do ser humano sobre o meio ambiente).

Após a definição do marco de regularização ambiental de 2008 pelo Código Florestal de 2012 houve um aumento de conversão de áreas de pastagem para agricultura temporária, nos biomas Amazônia e Cerrado.

Silvicultura no Brasil

Com 8,8 milhões de hectares mapeados em 2021, a silvicultura avançou 598% entre 1985 e 2021. Municípios com mais de mil hectares de silvicultura passaram de 250 em 1985 para 1.052 em 2021.

Ou seja, 802 municípios incorporaram a atividade em menos de quatro décadas. Segundo o mapeamento, o bioma com maior área proporcional dedicada a plantios florestais é a Mata Atlântica, com 4%, seguido de perto pelo Pampa (3,9%) e pelo Cerrado (1,6%).

Nos biomas com as maiores áreas de silvicultura (Mata Atlântica e Cerrado), a expansão se deu majoritariamente sobre áreas como pastagens. Em extensão territorial, a área mapeada de silvicultura em 2020 atingiu 4,4 milhões de hectares na Mata Atlântica, 3,2 milhões de hectares no Cerrado e 700 mil hectares no Pampa.

Entretanto, pontua Luciana, houve uma estabilização da conversão para silvicultura sobre áreas naturais e aumento da conversão sobre áreas antrópicas, sobretudo entre 2006 e 2015.

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