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Sem peças importadas, indústria busca produção local e esbarra em custo

Empresas alegam que produzir no Brasil é mais caro do que em vários outros países

Indústria brasileira entrou em consenso da necessidade de nacionalizar parte dos itens que vêm de fora (Volkswagen Caminhões e Ônibus/Divulgação)

Indústria brasileira entrou em consenso da necessidade de nacionalizar parte dos itens que vêm de fora (Volkswagen Caminhões e Ônibus/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de setembro de 2021 às 17h43.

A falta generalizada de produtos importados especialmente da Ásia levou a indústria brasileira ao consenso da necessidade de nacionalizar parte dos itens que vêm de fora. No entanto, esse movimento, que resultaria em desenvolvimento de tecnologias locais e empregos, encontra dificuldades em se concretizar em razão do cenário de incertezas econômicas e políticas e do fato de que produzir no Brasil é mais caro do que em vários outros países.

A escassez de produtos como máscaras e respiradores, que marcou o início da pandemia, depois se estendeu a semicondutores, insumos e autopeças e se agravou com o aumento dos preços desses itens e do frete, além da indisponibilidade de contêineres e de navios para entregas.

Desde 2020, várias associações de classe criaram grupos envolvendo as cadeias produtivas e o governo para avaliar a criação de uma política de nacionalização de produtos essenciais ao País. Entre elas estão as indústrias automotiva, química, de calçados e da construção. Ainda não há ações concretas, mas algumas iniciativas individuais para escapar da dependência de poucos fornecedores externos.

Entre elas está a da Thermoval, fabricante de válvulas para as áreas agrícola, automotiva, de energia, saneamento, mineração e alimentos e bebidas, entre outras. O diretor-geral, Rodolfo Garcia, diz que o aumento do custo do frete e do tempo de entrega levou o grupo a desistir de importar peças da China.

“Antes o prazo máximo de entrega era de 90 dias e agora chega a 270 dias para alguns itens.” Garcia fez parceria com uma empresa brasileira para a produção de 20% dos itens forjados e importa o restante. Em 2022, a empresa terá uma linha própria para o processo e fará 100% das peças em Cravinhos (SP), onde está sua sede.

O pesquisador associado do FGV/Ibre, Livio Ribeiro, afirma que houve um repique de substituição de produtos importados no fim de 2020 e início deste ano, mas não teve vida longa. “O Brasil é pouco competitivo para produzir qualquer coisa, e me parece pouco provável, com a estrutura de riscos que temos, que se retome um processo sustentado de nacionalização.”

Ribeiro lembra que a indústria vem há muito tempo num processo de redução de tamanho porque a produtividade no Brasil é baixa, o custo de acessórios é alto, o imposto é elevado e o sistema tributário é complexo. E tem agora a crise hídrica.

Marcelo Azevedo, economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), pondera que, apesar da reversão de expectativas de crescimento da economia, a intenção de investimento por parte da indústria está alta desde o início da pandemia. “Há muitas coisas atrapalhando essa intenção. A pandemia está trazendo incertezas para investimentos, seja por conta do cenário ou do câmbio”, diz.

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