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Ryanair, aérea de baixo custo europeia, tem queda de 99,6% em passageiros

Líder no formato low-cost na Europa, a companhia irlandesa diz ainda que vai demorar dois anos para que a demanda se recupere

Aviões da Ryanair parados em Dublin: empresa fez 600 voos em abril (Jason Cairnduff/Reuters)

Aviões da Ryanair parados em Dublin: empresa fez 600 voos em abril (Jason Cairnduff/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 5 de maio de 2020 às 17h26.

Última atualização em 5 de maio de 2020 às 17h42.

A companhia aérea Ryanair divulgou que transportou somente 40.000 passageiros no mês de abril, uma queda de 99,6% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em abril de 2019, haviam sido 13,5 milhões de passageiros tranportados.

O número de voos foi de mais de 75.000 em 2019 para 600 voos em abril deste ano. Dos voos contabilizados no mês passado, parte foi ainda com faturamento reduzido e usado para transportar equipamento médico e profissionais de saúde a pedido de governos locais.

Com sede na Irlanda, a Ryanair foi fundada em 1984 e é a maior companhia aérea de baixo custo da Europa, operando voos com passagens por algumas dezenas de euros entre os países do continente. Para praticar os preços baixos, as companhias do tipo low-cost fazem uso de artifícios como assentos menores, restrição de bagagem e voos cheios, acima de 95%.

No ano passado, a Rayanair faturou 1,9 bilhão de euros e teve lucro de 88 milhões de euros, revertendo prejuízo de 2018.

Para o segundo trimestre deste ano, a situação tende a continuar difícil. A projeção da própria Ryanair é operar menos de 1% dos voos previstos, incluindo em maio e junho. Ainda que parte das operações volte a partir de junho, o presidente da Ryanair, Michael O'Leary, disse à Reuters que a tendência é que a demanda por parte dos consumidores seja "anêmica".

A projeção para o terceiro trimestre, entre julho e setembro, era de transportar mais de 44 milhões de passageiros. Com o coronavírus, a empresa não espera passar de metade deste número.

Parte dos países europeus ensaia uma reabertura gradual de algumas operações comerciais com a redução do número de casos do novo coronavírus. Mas fronteiras ainda estão mais restritas e os próprios passageiros estão reticentes em voar.

Dois anos de recuperação

As aéreas estão entre os setores mais afetados pela crise do novo coronavírus. Em todo o mundo, incluindo no Brasil, empresas estão com mais de 90% dos voos parados, com baixa demanda mesmo por voos internos nos países.

Dados de março da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata) mostram queda global de 53% na receita por passageiro por quilômetro (métrica conhecida como RPK), índice que mostra a demanda dos passageiros. Os números de abril ainda não foram divulgados.

Mesmo na América Latina, onde a pandemia chegou com força somente no fim de março, a receita por passageiro por quilômetro caiu 39% no mês. As três maiores aéreas no Brazil, Gol, Latam e Azul, reduziram a oferta de voos para menos de 10%.

A crise tende a afetar as aéreas para além de 2020. A projeção da Ryanair é que a companhia só voltará aos níveis de voo de 2019 em dois anos. A Ryanair já havia anunciado que, ao longo dos próximos dois anos, demitirá até 3.000 funcionários. A empresa disse também que está em negociação com fabricantes para cortar o número de aeronaves encomendadas para os próximos anos.

Em comunicado na sexta-feira, 1º de maio, a Ryanair criticou ainda a ajuda financeira dada por países da União Europeia a companhias aéreas concorrentes, o que chamou de "doping". A empresa chegou a listar no anúncio a quantia recebida até agora por outras companhias, que somam mais de 30 bilhões de euros -- só a alemã Lufthansa, por exemplo, recebeu mais de 12 bilhões de euros em ajuda estatal.

"Quando a Ryanair voltar a ter uma quantidade significativa de voos em julho, o cenário competitivo na Europa estará distorcido pelo volume sem precedentes de ajuda estatal de alguns governos da União Europeia a suas companhias aéreas 'nacionais'", escreveu a empresa no comunicado.

As ações do setor aéreo estão em queda livre desde que as restrições de fronteiras começaram. As ações da Ryanair caíram 37% no acumulado desde o começo do ano. No Brasil, as ações da Azul caíram 74% até o pregão desta terça-feira, 5, as da Gol, 68%, e as da Latam, no Chile, 61%.

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