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Ricos não conseguem se livrar da própria fortuna

Bill Gates, Mark Zuckerberg e Warren Buffett estão no grupo crescente de bilionários com mentalidade filantrópica que se debatem com o problema

 (iStock/Getty Images)

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Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 2 de setembro de 2018 às 14h36.

Warren Buffett estipulou um desafio para si mesmo ao delinear sua visão filantrópica no início desta década.

"No mais tardar, os rendimentos de todas as minhas ações da Berkshire serão dedicados a fins filantrópicos até 10 anos após meu espólio ser liquidado", escreveu ele em sua carta do Giving Pledge em 2010. "Nada será destinado a fundos de doações; quero que o dinheiro seja gasto em necessidades atuais."

Essa tarefa - presentear integralmente uma das maiores fortunas de todos os tempos - ficou cada vez mais difícil. Embora Buffett tenha distribuído ações da Berkshire Hathaway no valor de mais de US$ 30 bilhões no momento das doações, seu patrimônio não para de crescer.

Buffett, que completou 88 anos, tem um patrimônio líquido de US$ 87,1 bilhões, segundo o Bloomberg Billionaires Index. O total é 86 por cento maior que em 2010, quando ele escreveu a carta.

Ele não é o único que tenta doar uma megafortuna. Bill Gates e Melinda, sua esposa, disseram que a fundação privada que tem seu nome - a maior do mundo, com um fundo de doações de US$ 51 bilhões no final de 2017 - gastará todos os seus recursos até 20 anos depois do falecimento deles.

O cofundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e sua esposa, Priscilla Chan, disseram em 2015 que pretendiam doar 99 por cento de suas ações na rede social para promover causas filantrópicas.

No entanto, mesmo após doarem bilhões de dólares, essas fortunas estão maiores que nunca.

Gates, Zuckerberg e Buffett acrescentaram um total combinado de US$ 139 bilhões a suas fortunas desde 2010, porque o valor de suas participações em empresas como Microsoft, Facebook e Berkshire aumentou.

Giving Pledge

Um grupo crescente de bilionários com mentalidade filantrópica está começando a se debater com o problema.

O Giving Pledge - um compromisso dos signatários de doar pelo menos metade de sua riqueza - reuniu 184 das pessoas e famílias mais ricas do mundo, como Elon Musk, da Tesla, os cofundadores do Airbnb e o desenvolvedor Stephen Ross. Michael Bloomberg, proprietário da Bloomberg LP, a companhia controladora da Bloomberg News, também está entre os signatários.

Como a economia americana está crescendo e o bull market dá poucos sinais de enfraquecimento, o valor dessas promessas não para de aumentar.

"Muitos filantropos pensam em suas doações ano a ano", em vez de adotar uma visão de longo prazo, disse Susan Wolf Ditkoff, sócia e codiretora da prática de filantropia do Bridgespan Group. Embora o mercado de ações tenha registrado um retorno de 7 por cento a 8 por cento ao ano, "a doação anual entre os filantropos mais ricos não está próxima desse número, muito menos a ponto de contribuir com metade de seu patrimônio em vida", disse ela.

Ainda assim, os objetivos que Buffett estabeleceu publicamente estão estimulando mais filantropos a pensar sobre o que precisam fazer para alcançá-los. "A boa notícia é que cresce o número de lugares atraentes para investir em causas de mudança social", disse Ditkoff. "Não estamos no mesmo lugar em que estávamos há uma década."

Essa é uma boa notícia para Buffett, que pretende gastar sua crescente fortuna. Até agora nesta semana, ele adicionou US$ 1,3 bilhão a seu patrimônio líquido.

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