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Riachuelo aposta em 'loja conceito' e IA para inovar no varejo em 2026

A EXAME foi até o escritório de André Farber, CEO da marca, para ouvir como a companhia saiu do prejuízo para um recorde histórico este ano - e as apostas de um negócio que não quer "sair de moda"

André Farber, CEO da Riachuelo: “O maior desafio do CEO é manter uma empresa em crescimento a longo prazo” (Leandro Fonseca/Exame)

André Farber, CEO da Riachuelo: “O maior desafio do CEO é manter uma empresa em crescimento a longo prazo” (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 8 de dezembro de 2025 às 10h08.

Última atualização em 8 de dezembro de 2025 às 11h03.

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A inauguração da loja conceito em Pinheiros, São Paulo, prevista para o dia 12 de dezembro, simboliza mais do que uma nova unidade física da Riachuelo, mas uma virada estratégica da marca depois de anos de ajustes, investimentos e retomada do crescimento.

“Essa loja vai mostrar ao mundo a nova Riachuelo: produto, experiência, tecnologia e a criatividade do brasileiro”, afirma André Faber, CEO da Riachuelo.

Menor que as lojas tradicionais, a unidade foi pensada como um espaço de experimentação. Tudo ali foi desenhado para testar caminhos que depois poderão ser levados para a rede.

“A loja de Pinheiros é um protótipo do futuro da marca”, diz o executivo.

O objetivo não é atingir um novo público, mas reposicionar a marca sem romper com seu DNA popular e democrático. “Queremos com a nova loja rejuvenescer a marca mostrando a qualidade do nosso produto.”

Em entrevista exclusiva à EXAME, direto do seu escritório, André Farber, CEO da Riachuelo, fala ao podcast “De frente com CEO” sobre carreira, lições de liderança e o futuro do negócio que não quer “sair de moda”.

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Da crise ao melhor momento da história

A loja conceito chega em um momento especialmente favorável para a empresa. Depois de sair do prejuízo, a Riachuelo (que pertence ao Grupo Guararapes) engatou uma sequência consistente de resultados positivos, com crescimento contínuo de vendas e margem.

“Estamos no melhor momento da nossa história”, diz o executivo que lidera a empresa desde maio de 2023.

'Loja conceito' da Riachuelo em Pinheiros, São Paulo (Riachuelo/Divulgação)

A empresa que emprega mais de 30 mil pessoas

Um dos pilares da virada da Riachuelo está na força da sua estrutura produtiva. Segundo o CEO, a companhia opera a maior fábrica de vestuário da América Latina e hoje emprega cerca de 32 mil pessoas, sendo 10 mil na fábrica, 17 mil nas lojas e outros 5 mil em áreas como escritórios e centros de distribuição. A rede soma atualmente 440 lojas no Brasil.

“Somos hoje o maior empregador da moda no Brasil”, afirma o CEO.

Os números deste ano já mostram a dimensão da virada: a Riachuelo saiu do prejuízo em 2023, de mais de R$ 30 milhões, e já acumula em 2025 um lucro de R$ 190 milhões em nove meses, com crescimento acima de 10% nas mesmas lojas.

A cadeia integrada também se tornou um diferencial ambiental. Segundo Faber, produzir localmente reduz drasticamente a pegada de carbono em comparação com produtos importados.

“Quando você compra um produto feito no Brasil, a pegada de carbono é duas vezes e meia menor do que um produto que vem da Ásia.”

Além disso, a empresa investe em jeans com 70% menos consumo de água, em algodão agroecológico no sertão do Nordeste e em tecidos regenerativos, feitos a partir de resíduos reaproveitados.

“A sustentabilidade virou vantagem competitiva e não vai mais sair de moda.”

Veja também: ‘Nunca tínhamos visto uma inflação assim’, diz presidente da Nestlé Brasil sobre o cacau e café

Tecnologia e inteligência artificial no coração do negócio

A transformação da empresa passa também por uma profunda digitalização da operação. Hoje, a Riachuelo usa inteligência artificial em precificação, planejamento de coleção e gestão da cadeia produtiva.

“A IA já está embarcada na precificação, no planejamento de moda e na cadeia,” afirma o CEO. “Em alguns temas, como no atendimento ao consumidor, a IA já é mais rápida que o ser humano.”

O e-commerce também avança apoiado em plataforma própria, o que dá mais agilidade ao negócio. “Ter tecnologia própria nos dá muito mais flexibilidade.”

Verdade e simplicidade como essência da liderança

Ao falar de gestão, Faber resume seu estilo em dois valores que, para ele, nunca saem de moda: verdade e simplicidade.

“Discurso bonito sem verdade não se sustenta,” diz o CEO.

A simplicidade, segundo ele, é o que mantém o líder conectado à realidade diária da empresa. “A simplicidade aproxima o líder da realidade.”

Uma marca que aposta na potência do Brasil

A crença na criatividade brasileira atravessa as decisões estratégicas da companhia — da fábrica às collabs com artistas e estilistas regionais.

“A gente acredita muito na potência do Brasil,” afirma o CEO que não tem planos de exportação no momento.

Farber também deixa claro que a Riachuelo não depende só da moda para crescer. O segundo pilar é o negócio financeiro, operado pela Midway, que oferece cartão, crédito e outros produtos.

“A gente tem dois core business: um core de moda, que tem loja, e um core de serviços financeiros,” afirma.

Para 2026, o CEO projeta um novo ciclo de expansão da Riachuelo, com abertura de novas lojas, avanço do novo modelo de loja física e consolidação dos investimentos em tecnologia, produto e experiência do consumidor.

“Neste ano abrimos sete lojas e, a partir do ano que vem, a expectativa é abrir entre 15 e 20 por ano,” afirma o CEO diz que haverá novidades de colabs e de parceria de eventos – inclusive estão analisando espaço na Copa do Mundo.

Para a companhia que já acumula os três trimestres consecutivos de crescimento neste ano o clima não é de acomodação. “Minha sensação é que ainda estamos só começando,” diz Farber.

Para ele, o verdadeiro desafio de um CEO é garantir que a empresa siga relevante no longo prazo.

“O grande desafio não é virar o jogo, é sustentar o sucesso por 15 ou 20 anos, e estamos comprometidos com isso”.

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