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Resultado do Itaú surpreende analistas

Investimento no dólar, ganho com crédito e corte de custos melhoram receita de 2002; lucro permanece estável

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

O Banco Itaú divulgou nesta terça-feira (11/3) um lucro líquido de 2,377 bilhões de reais em 2002, com uma levíssima queda de 0,5% em relação ao ano anterior. Apesar dessa baixa nos resultados, porém, as ações do banco avançaram mais de 1,2%, num dia em que a Bolsa de Valores de São Paulo está caindo 0,55%.

O entusiasmo do mercado é justificado por causa dos indicadores divulgados. O Itaú ganhou mais dinheiro em 2002 do que em 2001 ao realizar as atividades bancárias tradicionais: emprestar dinheiro e especular no mercado financeiro. Além disso, ele reduziu os gastos com serviços e pessoal e aumentou a receita com tarifas. O lucro líquido recorrente -- sem contar as despesas de compra de bancos, como o Banco Fiat e o BBA Creditanstalt -- subiu 30,8%, de 2,35 bilhões de reais em 2001 para 3,08 bilhões de reais em 2002.

O resultado com intermediação financeira (que é a diferença entre o que o banco cobra pelos seus empréstimos e paga pelos seus depósitos, incluindo também os ganhos com tesouraria) subiu 21,9%, de 5,8 bilhões de reais em 2001 para 7,2 bilhões de reais em 2002. As receitas com serviços, basicamente tarifas bancárias, subiram de 3,7 para 4,3 bilhões de reais, um aumento de 15,6%.

O Itaú também está sendo eficiente em reduzir seus custos. O total de funcionários do conglomerado, que inclui banco, seguradora, empresa de capitalização, entre outros, encolheu 7,4%, de 45 409 para 42 051.

Boa parte dos ganhos do banco no ano passado vieram da posição assumida em dólares e títulos cambiais. Embora os resultados divulgados não especifiquem o destino de cada operação, os especialistas em balanços de bancos são unânimes em afirmar que o resultado com câmbio auxiliou bastante as contas do banco. Uma comparação entre as posições do fim de 2001 e do fim de 2002 mostra que a posição "comprada" de swaps de câmbio -- operação em que uma das pontas compromete-se a pagar à sua contraparte a remuneração dos juros em reais, garantindo a obtenção das operações de câmbio -- subiu de 7,5 bilhões de reais para 12,2 bilhões de reais, um aumento de 62% nesse tipo de derivativo financeiro. A alta do dólar -- que subiu de 2,34 reais no fim de 2001 para 3,54 reais no fim de 2002 -- contribuiu para os bons resultados do banco. O Itaú aumentou bastante sua posição em dólar no fim de 2001, quando começou a negociar a compra do Sudameris, que acabou não se concretizando.

Se todos os resultados foram tão positivos, por que o lucro líquido não cresceu na mesma proporção e até encolheu? O motivo foi uma decisão do banco de amortizar integralmente o ágio pago pelo banco BBA já nos resultados de 2002. Traduzindo: ao comprar o BBA, o Itaú pagou um prêmio acima do valor patrimonial do banco. Esse prêmio deve ser contabilizado como prejuízo, pois de fato o Itaú pagou mais do que o BBA "valia". Logicamente, essa é uma consideração apenas contábil, pois imagina-se que, com a compra, o Itaú vai ganhar mais dinheiro do que não comprando o BBA.

Esse "prejuízo" contábil poderia ter sido diluído em até dez anos, para não afetar muito o lucro do banco. No entanto, como o Itaú ganhou bastante dinheiro este ano, ele pode "limpar" esse prejuízo futuro e reduzir as perdas em seus próximos balanços. "O Itaú aproveitou o bom resultado e compensou o ágio", diz um executivo de um banco concorrente. "É uma ótima maneira de reduzir as surpresas desagradáveis que os acionistas podem ter de ano para ano."

Estratégias fiscais à parte, os analistas de ações ficaram positivamente surpreendidos com o resultado. O resultado do quarto trimestre foi de 689,4 milhões de reais, um avanço de 195% em relação ao mesmo período do ano anterior. O analista Marcos Brandão, especialista em bancos da corretora de ações paulista Fator Dória Atherino, esperava um lucro de 483,3 milhões de reais nesse trimestre. O resultado fez Brandão reafirmar sua recomendação de "Atraente" para as ações do Itaú, em um relatório enviado aos clientes do banco logo após a divulgação dos resultados.

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