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Renner e C&A: a realidade supera a promessa no varejo de moda

C&A divulga hoje preço da ação no IPO; Renner, líder no segmento, deve apresentar bons números após a saída de José Galló

Loja da C&A: Black Friday antecipada  (Fabrizio Bensch/Reuters)

Loja da C&A: Black Friday antecipada (Fabrizio Bensch/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de outubro de 2019 às 06h40.

Última atualização em 24 de outubro de 2019 às 06h51.

Roupas, sapatos e acessórios estarão na boca dos investidores e de agentes do mercado nesta quinta-feira 24, com dois eventos importantes para o varejo de moda. A C&A divulga o preço de suas ações antes da oferta inicial na bolsa (IPO) da próxima segunda-feira 28, enquanto a concorrente Renner apresenta os resultados financeiros de seu terceiro trimestre.

No IPO da C&A, a faixa de preço da ação foi fixada entre 16,50 e 20 reais. Desse montante, 60% é de uma oferta primária, que ficará no caixa da companhia. O problema é que, dos mais de 1 bilhão de reais que a C&A pode embolsar, 90% vai para o pagamento de dívidas, motivo que vem fazendo alguns analistas não recomendarem a compra. Ainda assim, a procura superou em três vezes o volume ofertado, segundo o jornal Estado de S.Paulo, e o IPO pode movimentar mais de 2 bilhões de reais.

Fundada pela família Brenninkmeijer em 1861, na Holanda, a C&A foi uma das pioneiras no chamado fast fashion (ou “moda rápida”) e opera há 40 anos no Brasil. A empresa chegou a ser líder antes de 2010, mas perdeu o posto para a Renner, que fatura hoje 7,5 bilhões de reais, ante 5,2 bilhões de reais da C&A.

A quinta-feira deve reforçar os momentos distintos das duas empresas. Enquanto a receita da Renner cresceu em 13,4% no ano passado, a da C&A subiu apenas 3%. A margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) da C&A foi de 7,4% no segundo trimestre, ante 21,7% da Renner e 12,6% da Riachuelo, outra grande concorrente. A C&A fica ainda atrás em número de lojas: eram 262 no fim de junho, ante 360 da Renner e 315 da Riachuelo.

Dentre os pontos positivos da C&A, está uma boa lição de casa com sua integração digital. Mais de 2% do faturamento vem dos canais online. Por meio de uma rede física presente em 26 estados e no Distrito Federal, além de quatro centros de distribuição, há boa possibilidade de intensificar a operação multicanal. Com 90% do IPO sendo usado para pagar dívidas, a esperança está nos 10% restantes, que devem ser usados para abrir 10 lojas em 2019, 20 em 2020 e 25 a partir de 2021. A casa de análise de investimentos Eleven Financial, contudo, aponta o plano de expansão como tendo risco “bem alto”.

Enquanto os investidores aguardarão o preço da C&A, a Renner deve seguir apresentando bons resultados. Após crescimento de dois dígitos nos últimos trimestres, o desafio será manter a alta diante de sua forte base de comparação. A retomada do varejo, que subiu 1% em julho — o melhor resultado desde 2013 — pode ajudar. Este também será o primeiro trimestre completo sem o lendário ex-presidente José Galló, que deixou o cargo em abril após 20 anos no comando.

De qualquer forma, para todas as empresas do varejo de moda, ainda há espaço para avançar: a alta fragmentação faz com que as cinco maiores empresas dominem somente 18,5% do mercado formal, segundo a empresa de pesquisas Euromonitor. A C&A larga mais atrás nesta corrida.

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