FÁBRICA DA NISSAN: montadora japonesa, com resultados em queda, pode ser alvo de sua parceira francesa (Junko Kimura/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2019 às 07h08.
Última atualização em 26 de abril de 2019 às 07h28.
Esta sexta-feira era para ser um dia marcante para a montadora francesa Renault pela divulgação de sua primeira leva de resultados com possível influência da prisão de seu ex-presidente, o executivo nascido no Brasil Carlos Ghosn. Mas o dia ganhou ainda mais relevância com a revelação, pelo jornal americano Wall Street Journal, que a Renault pretende propôr uma fusão com sua parceira japonesa, a Nissan, criando uma nova holding dividida igualmente entre as duas empresas.
Segundo pessoas próximas à Renault, a proposta ainda não começou a ser negociada, e a montadora francesa não pretende levar adiante uma oferta hostil por sua sócia japonesa. A Nissan é dona de 15% da Renault, enquanto a Renault tem 43% da Nissan. As duas empresas eram comandadas por Ghosn até o fim do ano passado.
O executivo deixou a prisão hoje após pagar fiança de 4,4 milhões de dólares. É a segunda vez que Ghosn deixou a cadeia no Japão, após ser preso em novembro do ano passado, acusado de desviar dinheiro das montadoras. Sua defesa alega que a prisão é motivada por vingança de executivos da Nissan. Entre os motivos que teriam levado à insatisfação japonesa estaria um plano de Ghosn de unir formalmente as daus empresas, tirando poder da Nissan no novo acordo.
Era um projeto para o futuro, mas, segundo o Wall Street Journal, os franceses decidiram acelerar o passo em virtude de resultados ruins divulgados recentemente pela Nissan. Mais cedo nesta semana a montadora japonesa divulgou reduziu as projeções de resultados operacionais no ano em 30%. A Renault também não vive um grande momento. A montadora divulgou nesta sexta-feira vendas de 12,5 bilhões de euros no primeiro trimestre de 2019, uma queda de 5,6% em relação a 2018.
Segundo o jornal, o plano da Renault é deixar as desavenças para trás, e focar na recuperação da Nissan. Se o plano for realmente adiante, a nova montadora não terá em seu comando a pessoa mais indicada para conduzi-la. Ghosn seguirá tentando se livrar de uma provável condenação pelos rigorosos tribunais japoneses.